O Que é Endometrite? Tire as Principais Dúvidas Sobre o Tema

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A endometrite é uma inflamação no endométrio, a camada interna do útero, que pode ter origem infecciosa ou não. Essa condição pode causar dor pélvica, irregularidades no ciclo menstrual e comprometer o sistema reprodutor feminino, afetando a fertilidade. 

Além disso, está frequentemente associada a dificuldades para engravidar e perdas gestacionais recorrentes.

O diagnóstico da endometrite pode ser desafiador e costuma gerar muitas dúvidas. Por isso, neste artigo, vamos explicar de forma detalhada as principais causas, os sintomas mais comuns e os tratamentos indicados para essa condição.

Continue a leitura para saber:

  • o que é endométrio;
  • o que é endometrite aguda;
  • o que é endometrite crônica;
  • qual a diferença entre endometrite e endometriose;
  • quais são os sintomas da endometrite;
  • como é feito o diagnóstico de endometrite;
  • endometrite causa infertilidade;
  • qual o tratamento para endometrite.

Primeiramente, o que é endométrio?

O endométrio é um tecido que envolve a parede interna do útero e regula diversas alterações hormonais. 

Sua espessura varia conforme as etapas regulares do ciclo menstrual, sendo produzido para abrigar e nutrir o embrião, e descartado na menstruação quando não há fecundação embrionaria. Essas variações morfológicas influenciam diretamente na fertilidade.

Quando o endométrio está fragilizado, ocorre a ascensão de microrganismos que atacam o trato vaginal, ocasionando a endometrite, que pode ser aguda ou crônica.

O que é endometrite aguda?

O quadro agudo é provocado por um processo infeccioso patológico, através da proliferação de bactérias comuns no trato gastrointestinal, ou bactérias que transmitem ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis), como a clamídia, gonorreia e doença inflamatória pélvica (DIP).

Quando a infecção permanece na cavidade uterina por longo prazo, pode se tornar uma condição crônica.

O que é endometrite crônica?

O caso crônico de endometrite refere-se à inflamação persistente no endométrio, caracterizada por alterações e desregulagem do ambiente uterino em diferentes níveis. Ela pode ser infecciosa ou não, e está intimamente ligada a infertilidade e abortos espontâneos. Geralmente é assintomática, o que dificulta muito o diagnóstico.

Qual a diferença entre endometrite e endometriose?

Você pode estar se perguntando se a endometrite e a endometriose são patologias relacionadas, já que seus nomes são semelhantes. Apesar disso, essas condições têm causas e características completamente diferentes.

A endometrite, como mencionado anteriormente, é uma inflamação do endométrio, geralmente causada por infecções bacterianas. Já a endometriose ocorre quando células do endométrio crescem fora da cavidade uterina, em locais como ovários, trompas ou a parede abdominal.

Embora ambas envolvam o endométrio, elas não têm relação direta entre si. O diagnóstico de cada uma requer exames específicos e avaliação profissional detalhada.

O que pode causar endometrite?

O consenso da comunidade médica e científica para a causa predominante da endometrite é infecção bacteriana da camada interna do útero, e alguns fatores de risco podem aumentar sua incidência:

  • relações sexuais sem preservativo, por ampliar o risco de contaminação de agentes patológicos que causam ISTs, como clamídia e gonorreia;
  • procedimentos ginecológicos invasivos, como colocação de Dispositivo Intrauterino (DIU) e curetagem após aborto, porque elevam as chances de proliferação de bactérias;
  • parto, pois a dilatação do colo do útero aproxima a vagina do endométrio, e algumas bactérias do trato genital podem contaminar a cavidade uterina. A reprodução dessas bactérias causa a inflamação, e a infecção decorrente é chamada de “endometrite puerperal” (pós-parto), podendo surgir tanto no parto vaginal, quanto em cesarianas (com maior incidência).
  • alterações uterinas, como inflamação dos ovários (Ooforite), das tubas uterinas (Salpingite), e infecção pélvica por clamídia.

Quais são os sintomas da endometrite? 

Os principais sintomas da endometrite são:

  • sangramento vaginal anormal, fora do período menstrual;
  • menstruação dolorosa e com grande fluxo;
  • corrimento vaginal abundante, com forte odor;
  • sensibilidade uterina e inchaço abdominal;
  • dores pélvicas (abdômen inferior ou no períneo, região localizada entre a vagina e o ânus);
  • dificuldade para evacuar (constipação);
  • dor durante a relação sexual;
  • febre ou calafrios.

No entanto, no quadro crônico a maioria das pacientes são assintomáticas, ou relatam sintomas leves como mal-estar geral, corrimento vaginal e aumento da frequência urinária. A falta de tratamento nesse caso pode ainda resultar em outras complicações, como formação de abscessos no útero, peritonite pélvica, dificuldade para engravidar, e em casos graves, infecção generalizada (também chamada de septicemia).

Como é feito o diagnóstico de endometrite?

Chegar a um diagnóstico de endometrite é uma tarefa complexa, pois a diversidade de patologias e os sintomas abrangentes podem ser confundidos com outras enfermidades. Geralmente, a investigação da doença só é levada em consideração quando a paciente já tem dificuldade para engravidar e um histórico de recorrência de abortamentos.

Para análise clínica, é solicitado exames laboratoriais de urina e de sangue para verificar a presença de algum agente infeccioso, e exames de imagem para avaliar a inflamação no útero, ovários e tubas uterinas. Os mais comuns são:

  • ultrassonografia transvaginal;
    ressonância magnética;
  • histeroscopia com biópsia (possibilita a melhor visualização e exploração da cavidade uterina, cervical e vagina).

Diagnóstico de endometrite crônica

Como dito anteriormente, o quadro crônico da endometrite é praticamente assintomático, e sendo assim, muito mais difícil de identificar.

Dessa forma, muitos estudos científicos recentes têm analisado os principais critérios para um diagnóstico preciso, e entre eles, os mais relevantes são:

  • modificação do microambiente endometrial em diferentes níveis;
  • formação de aderências no tecido interno do útero;
  • abscessos pélvicos e edema na mucosa endometrial;
  • infiltração de plasmócitos (célula do sistema imune).

Dentre esses, a presença incomum de plasmócitos no estroma endometrial é um dos fatores mais recorrentes e, por isso, o mais predominante para o diagnóstico clínico.

Endometrite causa infertilidade?

A endometrite crônica pode causar infertilidade, pois a inflamação por longos períodos modifica as características do endométrio, ocasionando desde distúrbios na janela de implantação, até alterações no tecido do útero que dificultam a gravidez.

Além disso, teses recentes apontam que a endometrite apresenta alta prevalência na população infértil, principalmente em mulheres que têm falhas recorrentes na implantação do embrião e abortamentos de repetição.

Entretanto, ainda é possível engravidar com esse diagnóstico, já que a infertilidade pode ser temporária, pois o tratamento da endometrite também pode corrigir as falhas na geração da gravidez, melhorando o desfecho reprodutivo.

Em alguns casos de pacientes com histórico de endometrite, a gravidez ocorre naturalmente. Já em outros, é indicada alguma técnica de reprodução assistida, como a fertilização in vitro (FIV), feita por métodos modernos e com maior taxa de sucesso, recomendada para mulheres com problemas de maior severidade nos órgãos reprodutores.

Qual o tratamento para endometrite?

A endometrite tem cura e é facilmente tratada quando diagnosticada precocemente. O tratamento pode ter duração curta ou longa, e é realizado de acordo com cada tipo de infecção.

Tratamento de endometrite com medicação

Em casos infecciosos, são administrados antibióticos orais ou injetáveis para eliminar a contaminação bacteriana, prescritos de acordo com a gravidade da inflamação. Em casos não infecciosos, é comum a utilização de anti-inflamatórios e analgésicos para aliviar sintomas e reduzir a inflamação.

Tratamento de endometrite causa por IST

Quando o processo inflamatório é consequência de IST, é indicado a medicação simultânea do parceiro como forma de prevenção de novas contaminações, já que o tratamento não torna a paciente imune.

Tratamento de endometrite com cirúrgica

A cirurgia apenas é indicada quando há a formação de abscessos e aderências na cavidade uterina, ou quando é necessário remover fragmentos e resíduos de tecido placentário (no caso de aborto). As técnicas geralmente utilizadas são a videolaparoscopia ou a vídeo-histeroscopia cirúrgica, minimamente invasivas e com boa eficácia.

A endometrite é apenas uma entre os diversos fatores que podem afetar a saúde reprodutiva da mulher. Para saber mais sobre esse assunto, leia também o conteúdo sobre causas e tratamentos para a infertilidade feminina e garanta sua saúde reprodutiva.

Equipe

Por Equipe Vida Bem Vinda

06 de jan de 2025
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