Como saber minha taxa de sucesso na FIV?

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Como saber minha taxa de sucesso em um ciclo de tratamento de Fertilização in vitro?

Uma dúvida frequente nas pessoas que irão realizar um tratamento de Fertilização in vitro (FIV) é: Como saber minha taxa de sucesso com este tratamento?

primeiro passo é definir o que é taxa de sucesso em um tratamento de fertilização in vitro (FIV).

A maior parte do meio médico concorda em chamar de bem sucedido o tratamento que leva ao nascimento de um bebê nascido-vivo saudável.

Existe controvérsia em torno desta definição porque muitos eventos adversos que acontecem durante a gestação nada tem a ver com o tratamento de FIV em si. Mesmo assim, consideramos essa definição de sucesso na FIV como a mais próxima do ideal. Explicaremos porquê:

A ideia de se colocar o foco no bebê nascido-vivo é excluir os abortamentos, que poderiam passar como um tratamento parcialmente bem sucedido, mas que na prática representam um insucesso para o paciente/casal, que não resolveu seu problema e ainda teve um estresse físico e emocional adicional.

A ideia de se focar na gestação única e saudável não é desvalorizar as gestações múltiplas ou os bebês com algum problema de saúde – que irão trazer muitas alegrias a todos de seu convívio (familiares, amigos e equipe de saúde) – mas sim, lembrar aos profissionais de saúde que devem se esforçar para transferir menos e melhores embriões, pois isso reduz complicações.

segundo passo é definir o que chamamos de ciclo de tratamento de fertilização in vitro (FIV).

Com os avanços nas técnicas de congelamento de embriões, conseguimos com apenas uma estimulação ovariana gerar embriões suficientes para várias tentativas, especialmente em pacientes com boa reserva ovariana.  Como defendemos a colocação preferencialmente de apenas um embrião por tentativa (transferência eletiva de embrião único), a melhor medida das taxas de gravidez é a cumulativa, ou seja, a soma de todas as chances que se terá com todas as transferências de embriões conseguidos em um ciclo.

Em resumo, consideramos como taxa de sucesso a porcentagem de gestações únicas que conseguimos após a transferência de todos os embriões formados – separadamente, um a um – após um ciclo de estimulação ovariana.

Ok! Mas como saber quais os fatores mais importantes que irão predizer a chance de cada embrião gerar um bebê nascido vivo saudável?

A resposta é simples – os mesmos fatores que aumentam a chance de se ter mais embriões geneticamente normais: idade da mulher e número de óvulos obtidos no ciclo.

qualidade seminal e a receptividade do útero ao embrião também têm seu papel, mas o impacto negativo desses fatores é menor.

Idade da mulher

A idade da mulher é o fator de maior impacto na chance se obter um embrião euploide (geneticamente normal).

Os dados da figura 1 mostram a porcentagem de embriões euploides em tratamentos de FIV de acordo com a idade. Perceba com as barras azuis (embriões euploides) diminuem com o avanço da idade. Isso tem impacto direto nas chances de sucesso do tratamento.

Figura 1: Porcentagem de embriões euploides de acordo com a idade materna (extraído de Franasiak et al, 2014)

Figura 1: Porcentagem de embriões euploides de acordo com a idade materna (extraído de Franasiak et al, 2014)

 

Isso se reflete também nas taxas de fertilidade mais baixas e de aborto mais altas com o avançar da idade (Figura 2). Os nascimentos de bebês com aneuploidias (síndromes genéticas como a Síndrome de Down) também são mais comuns com o aumento da idade (Figuras 3).

Figura 2: Queda da fertilidade e aumento de abortos associados à idade materna (extraído de Hefner, 2004)

Figura 2: Queda da fertilidade e aumento de abortos associados à idade materna
(extraído de Hefner, 2004)

Figura 3: Risco de Síndrome de Down de acordo com a idade materna

Figura 3: Risco de Síndrome de Down de acordo com a idade materna (adaptado de http://www.ndss.org/Down-Syndrome/What-Is-Down-Syndrome/)

Número de óvulos

Ter mais óvulos aumenta o número de embriões formados e consequentemente a probabilidade de se obter embriões normais e de gravidez.

Por essa razão, acreditamos que otimizar ao máximo a estimulação ovariana com doses adequadas de gonadotrofinas, adição de hormônio luteinizante (LH), uso de adjvantes como hormônio do crescimento (GH), androgênios (testosterona e DHEA), dual trigger (duplo disparo da ovulação com hCG e agonistas do GnRH) e DuoStim (estimulação da ovulação sequencial na fase folicular e lútea) podem colaborar para o objetivo de se ter mais óvulos.

Essas medidas serão particularmente importantes nas mulheres com mais idade, que precisarão ter muitos óvulos para obter um embrião euploide para transferência.

A Figura 4 (a) mostra o número teórico de óvulos necessários para se obter um embrião euploide e a figura 4 (b) mostra a taxa real de embriões geneticamente normais (euploides) obtidos em ciclos de PGS.

Figura 4: (a) Número teórico de óvulos necessários para se obter um embrião euploide.

Figura 4: (a) Número teórico de óvulos necessários para se obter um embrião euploide.

Figura 4: (b) Taxa real de euploidia observada em blastocistos biopsiados de acordo com a idade da mulher (adaptado da aula: Overview on clinical state of ART – Dr. Filippo Ubaldi – Genera – Rome, Italy)

Figura 4: (b) Taxa real de euploidia observada em blastocistos biopsiados de acordo com a idade da mulher (adaptado da aula: Overview on clinical state of ART – Dr. Filippo Ubaldi – Genera – Rome, Italy)Ter muitos embriões aumenta as chances de sucesso na FIV e isso é ótimo, mas também pode tornar esse caminho muito longo, se não soubermos quais são euploides!

Imagine no exemplo acima, uma paciente com 42 anos, com quatro embriões aneuploides e 1 euploide, ter que fazer 4 transferências de embriões, com toda a expectativa dos 10 dias até o resultado do beta negativo, ou pior, com uma gestação de embrião aneuploide que vai se estender por oito ou mais semanas até culminar com um aborto. Isso é muito desgastante para o casal e pode levar até a desistirem do sonho de ter um filho!

Dessa forma, testar os embriões geneticamente antes da transferência (rastreamento genético pré-implantacional ou PGS) não aumenta as taxas de sucesso – a chance cumulativa de ter um bebê é a mesma – mas encurta o tempo de tratamento do casal, seja pela chegada mais rápida da gravidez, seja por evitar abortos, seja pela opção mais precoce pelo uso de óvulos doados.

A Figura 5 ilustra esse fenômeno: a barras azuis (nascidos-vivos) são idênticas entre os grupos que fazem e que não fazem PGS. No entanto a quantidade de abortos (vermelho) e de ciclos em que se coloca embriões, mas o teste de gravidez é negativo (verde) é muito menor, pois deixamos de fazer transferências de embriões desnecessárias em cerca de 40% dos ciclos! Isso significa mais eficiência e menos sofrimento para o casal!

Figura 5: Impacto do uso do PGS sobre a eficácia (total de nascidos-vivos) e eficiência do tratamento de FIV. (adaptado da aula: Overview on clinical state of ART – Dr. Felippo Ubaldi – Genera – Rome, Italy)

Figura 5: Impacto do uso do PGS sobre a eficácia (total de nascidos-vivos) e eficiência do tratamento de FIV. (adaptado da aula: Overview on clinical state of ART – Dr. Felippo Ubaldi – Genera – Rome, Italy)

Referências

  1. Franasiak JM, Forman EJ, Hong KH, Werner MD, Upham KM, Treff NR, Scott RT Jr. The nature of aneuploidy with increasing age of the female partner: a review of 15,169 consecutive trophectoderm biopsies evaluated with comprehensive chromosomal screening. Fertil Steril. 2014 Mar;101(3):656-663.
  2. Heffner L. How old is too old? N Engl J Med 2004; 351:1927-1929.
  3. http://www.ndss.org/Down-Syndrome/What-Is-Down-Syndrome/
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