Cuidados Após Transferência de Embriões — Dicas Essenciais para Aumentar as Chances de Sucesso na FIV
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Para muitas mulheres com dificuldade de engravidar, a fertilização in vitro (FIV) representa a última esperança. Por isso, é muito frustrante para ela, que depositou todas as suas expectativas no tratamento, ver que os esforços não estão surtindo resultado.
No entanto, um estudo recém realizado por pesquisadores na Inglaterra e publicado pelo Jornal da Associação Médica Americana (JAMA) demonstra que realizar mais tentativas de FIV, além de três ou quatro, podem aumentar as taxas de sucesso da fertilização in vitro.
O artigo publicado no site MNT (Medial News Today), em 22 de dezembro de 2015, que apresenta a pesquisa – o original pode ser encontrado em http://www.medicalnewstoday.com/articles/304376.php. Confira a tradução!
A FIV é uma técnica de reprodução assistida (RA), que envolve fertilizar manualmente um óvulo com esperma em laboratório e fazer a transferência do embrião para o útero.
De acordo com a Associação Nacional de Infertilidade dos Estados Unidos, há uma taxa média de 20% a 35% de sucesso por ciclo (tentativa) de fertilização in vitro, com as maiores taxas de sucesso por ciclo situando-se em cerca de 40%.
O líder do estudo Debbie Lawlor A., Ph.D da Universidade de Bristol, no Reino Unido, e sua equipe observaram que a maioria das mulheres opta por desistir da FIV depois de experimentar três ou quatro ciclos sem sucesso.
No entanto, a pesquisa sugere que se deva continuar a FIV, pois, após esse número, as chances de sucesso podem aumentar em até 68%.
Para chegar a essa conclusão, Lawlor e seus colegas analisaram dados de 156.947 mulheres do Reino Unido que foram submetidas a ciclos de fertilização in vitro: 257.398 envolvendo tanto transferências de embriões a fresco como congeladas, entre 2003 e 2010. O acompanhamento continuou até junho de 2012.
As mulheres estudadas tinham uma média de 35 anos de idade, no início do tratamento, e a duração média de infertilidade para todos os ciclos foi de quatro anos.
Em geral, a taxa de nascidos vivos (bebês nascidos) para o primeiro ciclo de FIV foi de 29,5% e houve uma taxa de nascidos vivos de pelo menos 20% para cada ciclo até ao quarto ciclo.
A equipe descobriu que a taxa de nascidos vivos acumulada (após repetidos ciclos), ajustada ao prognóstico sobre todos os ciclos de fertilização in vitro, continuou a subir até ao nono ciclo, que apresentou uma taxa de 65,3% no sexto ciclo.
Entre as mulheres com idade inferior a 40 anos, que foram submetidas à FIV com seus próprios óvulos, a taxa de nascidos vivos foi de 32% para o primeiro ciclo e de, pelo menos, 20% até o quarto ciclo. No entanto, no sexto ciclo, foi alcançada uma taxa de cerca de 68%.
Já mulheres com idade entre 40 e 42 anos tiveram uma taxa de nascidos vivos de 12% para o primeiro ciclo de fertilização in vitro, enquanto a taxa de nascidos vivos de 31,5% foi obtida com seis ciclos.
Porém, para as mulheres com idade superior a 42 anos, as taxas de nascidos vivos para cada ciclo foram inferiores a 4%, e, entre as mulheres que usaram óvulos doados por FIV, as taxas de sucesso não apresentaram diferença por idade.
As taxas de nascidos vivos foram menores para aquelas mulheres que se submeteram ao procedimento por causa da infertilidade do parceiro, em comparação com aquelas cuja infertilidade foi causada por outros fatores, embora esta diferença tenha sido compensada pelo tratamento anterior, com a doação de esperma ou injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI).
Os pesquisadores observam que as mulheres com idade inferior a 40 anos, aquelas que usaram óvulos doados e mulheres com infertilidade relacionada ao parceiro que foram tratadas com ICSI ou com a doação de sêmen alcançaram taxas de nascidos vivos, após quatro ou cinco ciclos, semelhantes às daquelas que concebem naturalmente dentro de 12 meses, ou seja, casais férteis. “Contudo, deve-se notar que, nestas mulheres, cinco ciclos levaram uma média de dois anos”, acrescentam.
Além disso, a equipe descobriu que o número de óvulos recuperados após a estimulação ovariana em um ciclo de FIV não tem impacto sobre as taxas de nascidos vivos em ciclos seguintes. Eles dizem que essa descoberta é importante porque os casais inférteis, muitas vezes, acreditam que as suas chances de sucesso em ciclos futuros de FIV podem ser prejudicadas se pouco ou nenhum óvulo for recuperado de um ciclo anterior.
Lawlor e seus colegas observam que alguns casais podem achar o tratamento de FIV prolongado, emocionalmente estressante e financeiramente dispendioso, tornando vários ciclos de FIV “insustentáveis” para eles. Um ciclo de FIV custa entre US$ 14 mil e US$ 17 mil, dependendo do país e do tipo de tratamento utilizado.
No entanto, a equipe recomenda que a possibilidade de sucesso com ciclos de FIV adicionais deva ser discutida com os casais.
Dr. Evan Myers, do Centro Médico da Universidade Duke, em Durham, concorda com tal recomendação e observa que é importante os médicos compartilharem os dados do estudo com casais para que possam tomar uma decisão “verdadeiramente informados”.
No entanto, Dr. Myers adverte que os dados do estudo não podem ser generalizados para os Estados Unidos, apontando para diferenças nas pacientes e utilização da ICSI, que é muito maior naquele país do que no Reino Unido.
Apesar dessas limitações, ele acrescenta que “esses resultados sugerem que, para alguns casais, especialmente quando a mulher tem menos de 40 anos e o fator de infertilidade masculina é tratado com ICSI ou a doação de sêmen é utilizada, o aumento na probabilidade cumulativa de gravidez, depois de três ou quatro ciclos de reprodução assistida, pode valer a pena, especialmente se tiverem recursos financeiros disponíveis”.
Por Dr. Renato Bussadori Tomioka
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