Cuidados Após Transferência de Embriões — Dicas Essenciais para Aumentar as Chances de Sucesso na FIV

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A transferência embrionária é um momento essencial no tratamento de fertilização in vitro (FIV) e envolve muitas expectativas. Nesse cenário, as dúvidas sobre os cuidados após a transferência de embriões costumam ser frequentes, principalmente para quem deseja aumentar as chances de sucesso no procedimento.

Por mais que o médico forneça orientações prévias, é natural que as inseguranças apareçam no dia a dia. Afinal, cada detalhe importa para que o embrião possa se implantar corretamente no útero e iniciar o tão esperado desenvolvimento.

Continue a leitura e descubra tudo o que você precisa saber sobre os cuidados após transferência de embriões, desde o que fazer e o que evitar até como lidar com as dúvidas mais recorrentes.

Cuidados após transferência de embriões: o que fazer? 

A transferência de embriões é um momento crítico no tratamento de fertilização in vitro (FIV). Segundo a Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia (ESHRE), a taxa média de sucesso da FIV varia de 30% a 40% por ciclo em mulheres com menos de 35 anos, diminuindo com o avanço da idade. 

Embora o sucesso dependa de diversos fatores, como a qualidade do embrião e a receptividade do endométrio, os cuidados após transferência de embriões podem contribuir para criar um ambiente mais favorável à implantação embrionária e ao início da gestação.

A seguir, confira as principais orientações para aumentar as chances de sucesso e como adotar hábitos que beneficiem o processo.

1. Mantenha o uso das medicações prescritas

Manter o uso correto das medicações prescritas é um dos cuidados após transferência de embriões mais importantes para aumentar as chances de sucesso na FIV. As medicações, geralmente, incluem hormônios como progesterona e estradiol, que auxiliam na preparação do endométrio para a implantação do embrião.

Segundo a Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM), o suporte hormonal no período pós-transferência é fundamental para criar um ambiente uterino favorável à implantação embrionária e ao desenvolvimento inicial da gravidez. 

Interromper ou alterar o uso das medicações sem orientação médica pode comprometer o procedimento e reduzir as chances de implantação. Mas como seguir corretamente as orientações? Confira algumas dicas abaixo: 

  • estabeleça horários fixos: administre os medicamentos sempre no mesmo horário para garantir estabilidade hormonal;
  • esclareça dúvidas com o médico: antes do procedimento, pergunte sobre os possíveis efeitos colaterais e como proceder em caso de esquecimentos;
  • não altere as doses: siga rigorosamente as instruções, sem aumentar ou diminuir as doses por conta própria;

Esses cuidados após transferência de embriões são fundamentais para o sucesso do tratamento. Em caso de dúvidas ou reações inesperadas, entre em contato imediatamente com o especialista que acompanha o seu caso.

2. Realize repouso relativo

Realizar repouso relativo é um dos cuidados após transferência de embriões frequentemente recomendados pelos especialistas em fertilização in vitro (FIV). Esse repouso, embora parcial, ajuda a minimizar o estresse físico e criar condições ideais para que o embrião se fixe no útero. 

De acordo com a Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia (ESHRE), o repouso absoluto após a transferência não apresenta benefícios adicionais em comparação ao repouso relativo, mas evitar atividades extenuantes pode contribuir para o bem-estar da paciente no período pós-transferência.  

Veja a seguir como funciona e como obedecer ao repouso relativo: 

  • após a transferência: é indicado que a paciente permaneça deitada por alguns minutos na clínica após o procedimento, sob orientação médica;
  • primeiras 24 a 48 horas: recomenda-se repouso parcial, evitando esforços físicos intensos e atividades que demandem muita energia;
  • evite carregar peso: durante esse período, é importante não carregar objetos pesados, pois isso pode gerar tensão na região abdominal.

3. Mantenha uma alimentação equilibrada

Adotar uma alimentação equilibrada é um dos cuidados após transferência de embriões que podem contribuir significativamente para criar condições favoráveis à implantação embrionária e ao início da gestação. 

Uma dieta rica em nutrientes é essencial para fortalecer o organismo da paciente e promover um ambiente uterino saudável.

Esses cuidados alimentares após a transferência de embriões ajudam a preparar o organismo da paciente para o sucesso do procedimento. 

Confira a seguir algumas orientações para manter uma alimentação equilibrada:

  • inclua alimentos ricos em ômega-3: peixes como salmão e sardinha, sementes de chia e linhaça ajudam a reduzir inflamações e favorecem a saúde uterina;
  • prefira alimentos integrais: cereais integrais, como aveia, quinoa e arroz integral, fornecem energia de forma sustentada e contribuem para um metabolismo mais estável;
  • consuma frutas e vegetais frescos: esses alimentos são ricos em antioxidantes, que ajudam a proteger as células contra danos e promovem um ambiente uterino mais saudável;
  • evite alimentos ultraprocessados: reduza o consumo de alimentos ricos em gorduras trans, açúcares refinados e aditivos, pois eles podem causar inflamações que prejudicam o organismo.

Em caso de dúvidas sobre a dieta ideal, consulte um nutricionista especializado em reprodução assistida para orientações personalizadas.

4. Hidrate-se adequadamente

Manter-se bem hidratada faz parte dos principais cuidados após transferência de embriões, pois a hidratação desempenha um papel crucial na saúde geral da paciente e na criação de um ambiente uterino favorável.

A água é indispensável para o transporte de nutrientes, a regulação hormonal e a circulação sanguínea, fatores que podem impactar diretamente no sucesso da implantação embrionária. Por isso, confira algumas dicas para garantir uma boa hidratação durante o período pós-transferência de embriões:

  • beba pelo menos 2 litros de água por dia: essa quantidade pode variar dependendo do peso e da rotina da paciente, mas é uma média recomendada para manter o equilíbrio hídrico;
  • evite bebidas açucaradas ou com cafeína: sucos artificiais, refrigerantes e bebidas com cafeína podem causar desidratação e interferir na estabilidade hormonal;
  • inclua alimentos ricos em água: frutas como melancia, laranja e melão, e vegetais como pepino e alface, ajudam a complementar a ingestão diária de líquidos;
  • fracione a ingestão ao longo do dia: em vez de beber grandes quantidades de água de uma só vez, distribua o consumo em pequenos goles ao longo do dia para manter o organismo constantemente hidratado.

Hidratar-se adequadamente é um cuidado básico, mas que pode fazer toda a diferença no sucesso da fertilização in vitro (FIV). Em caso de dúvidas, consulte seu médico ou um nutricionista especializado para orientações mais detalhadas.

5. Evite o consumo de álcool e tabaco

Evitar o consumo de álcool e tabaco é fundamental dentro dos cuidados após a transferência de embriões. Essas substâncias podem prejudicar a receptividade do endométrio e as chances de sucesso na FIV.

De acordo com um estudo realizado pela Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva em 2023 , o consumo de álcool e tabaco pode reduzir a qualidade dos óvulos e embriões, além de afetar a vascularização do útero, tornando o ambiente menos propício para a implantação. 

Durante o período pós-transferência, é essencial adotar um estilo de vida saudável para aumentar as chances de sucesso. 

Veja a seguir as principais razões para evitar o álcool e o tabaco após a transferência de embriões:

  • álcool: mesmo em pequenas quantidades, o álcool pode interferir na regulação hormonal e prejudicar a formação dos vasos sanguíneos necessários para o suporte ao embrião;
  • tabaco: as substâncias tóxicas presentes no cigarro comprometem a oxigenação e o fluxo sanguíneo uterino, além de aumentar o risco de complicações na gestação.

Para as pacientes que têm dificuldade em abandonar esses hábitos, é recomendável buscar apoio médico ou psicológico. Intervenções como programas de cessação do tabagismo e acompanhamento nutricional podem ser grandes aliados nesse momento.

6. Controle o estresse e a ansiedade

Controlar o estresse e a ansiedade é outro cuidado fundamental após a transferência de embriões, pois esses fatores podem influenciar direta ou indiretamente no sucesso da fertilização in vitro (FIV). 

Embora o estresse por si só não seja responsável pelo insucesso da FIV, ele pode impactar negativamente o equilíbrio hormonal e a saúde emocional da paciente, dificultando a criação de um ambiente uterino favorável.

Segundo um estudo publicado no Journal of Assisted Reproduction and Genetics em 2022, níveis elevados de estresse durante o tratamento de FIV podem estar associados a uma menor taxa de implantação embrionária, principalmente devido às alterações na resposta hormonal e no fluxo sanguíneo uterino. 

Para evitar possíveis problemas, confira algumas dicas para reduzir o estresse e a ansiedade após a transferência de embriões:

  • pratique técnicas de relaxamento: atividades como yoga, meditação e exercícios respiratórios ajudam a diminuir os níveis de cortisol, promovendo bem-estar e equilíbrio emocional;
  • estabeleça uma rotina tranquila: evite sobrecarregar a agenda com compromissos exaustivos e priorize momentos de descanso e lazer durante o período pós-transferência;
  • busque apoio emocional: conversar com familiares, amigos ou profissionais especializados pode ajudar a lidar com as expectativas e os desafios do tratamento;
  • invista em hobbies relaxantes: atividades como leitura, jardinagem ou ouvir música podem ser grandes aliadas para manter a mente ocupada e reduzir a ansiedade.

Caso sinta dificuldades em gerenciar essas emoções, procure a orientação de um psicólogo especializado em reprodução assistida para suporte adicional.

7. Evite relações sexuais nos primeiros dias

Entre os principais cuidados após transferência de embriões, evitar relações sexuais nos primeiros dias é uma recomendação frequente. Isso ajuda a reduzir estímulos uterinos que podem interferir na implantação.

A abstinência sexual após a transferência pode ajudar a minimizar contrações uterinas, que, em algumas situações, podem dificultar a fixação do embrião no endométrio. Embora o período de abstinência varie de caso para caso, os primeiros 5 a 7 dias são considerados críticos para a implantação. Confira algumas razões para seguir essa recomendação:

  • redução de estímulos uterinos: o movimento causado durante a relação pode provocar contrações uterinas que, mesmo leves, podem interferir no processo de implantação;
  • prevenção de desconfortos: a transferência pode deixar o corpo mais sensível. Relações sexuais logo após o procedimento podem causar desconfortos ou dores leves;
  • maior segurança para o embrião: evitar relações nesse período ajuda a garantir um ambiente estável e tranquilo para o embrião se fixar com sucesso.

Converse com seu médico sobre o período ideal para retomar a atividade sexual. Essa decisão pode variar dependendo do quadro clínico da paciente e do histórico do tratamento. 

5 dúvidas mais recorrentes após transferência de embriões

Após a transferência de embriões, muitas pacientes têm dúvidas sobre o que fazer e como seguir os cuidados após transferência de embriões. Questões como o que evitar ou quando realizar o teste de gravidez são frequentes e importantes para o sucesso do procedimento.

Seja sobre o que fazer após transferência de embriões, o que não pode fazer depois da FIV ou até mesmo quanto tempo leva para o embrião se fixar no útero, essas perguntas são comuns e merecem atenção. 

Abaixo, confira as dúvidas mais frequentes sobre cuidados essenciais no período pós-transferência e descubra como agir para otimizar suas chances de sucesso.

1. Quanto tempo leva para o embrião fixar no útero?

A fixação do embrião no útero, também conhecida como implantação embrionária, é um dos momentos mais importantes após a transferência de embriões no tratamento de fertilização in vitro (FIV). 

Geralmente, esse processo ocorre entre 6 a 10 dias após a ovulação, ou aproximadamente 3 a 5 dias após a transferência, dependendo do estágio do embrião transferido. Se a transferência for feita com blastocistos (embriões em estágio avançado de desenvolvimento), a implantação pode começar em até 24 horas. 

Já no caso de embriões em estágio inicial (clivados), o tempo pode ser um pouco maior, pois o embrião precisa continuar seu desenvolvimento antes de se implantar.

Lembrando que a fixação do embrião no útero depende de uma combinação de fatores, como:

  • a qualidade do embrião: embriões de alta qualidade têm maior chance de se implantar com sucesso;
  • a receptividade do endométrio: a espessura e a receptividade do tecido uterino são cruciais para a implantação;
  • cuidados após a transferência: evitar esforços físicos intensos, manter a hidratação e seguir as orientações médicas podem ajudar a criar condições ideais.

2. É possível dirigir após a transferência?

Uma das dúvidas mais comuns sobre os cuidados após a transferência de embriões é se é possível dirigir logo após o procedimento. Embora não exista uma contraindicação absoluta, especialistas em reprodução assistida recomendam que a paciente evite dirigir imediatamente após a transferência, especialmente no mesmo dia.

O procedimento é simples e, geralmente, indolor, mas o repouso relativo nas primeiras horas é indicado para reduzir o estresse físico e permitir que o embrião tenha um ambiente tranquilo para se implantar. Confira as principais orientações:

  • vá com um acompanhante: sempre que possível, conte com alguém para levá-la à clínica e conduzir o veículo na volta. Isso evita esforços desnecessários, como movimentos repetitivos ou tensão abdominal;
  • evite dirigir longas distâncias: se for imprescindível dirigir, prefira trajetos curtos e tranquilos para minimizar qualquer desconforto ou esforço físico;
  • priorize o repouso relativo: após a transferência, é recomendado um período de descanso parcial de 24 a 48 horas, evitando atividades que exijam muito esforço.

Embora dirigir após a transferência de embriões não seja proibido, a recomendação de optar por um acompanhante reforça os cuidados com o bem-estar e pode contribuir para um ambiente uterino mais favorável ao sucesso da FIV. Sempre siga as orientações do seu médico para garantir os melhores resultados.

3. E se eu sentir dor após o procedimento?

Como citado anteriormente, a transferência de embriões é, geralmente, um procedimento indolor e minimamente invasivo. Não é esperado que a paciente sinta dores significativas após a realização do procedimento. Contudo, leves desconfortos podem ocorrer devido à manipulação do útero ou ao uso de instrumentos durante a transferência.

No entanto, dores intensas ou persistentes não são comuns e devem ser avaliadas por um médico, pois podem indicar complicações, como:

  • inflamação uterina: pode ocorrer em casos raros e requer acompanhamento médico;
  • contrações uterinas excessivas: embora leves contrações sejam normais, dores fortes podem indicar algo fora do esperado;
  • outras condições médicas preexistentes: como cistos ovarianos ou endometriose, que podem ser exacerbados.

Se você sentir dor após a transferência de embriões, o primeiro passo é entrar em contato com o médico imediatamente. Qualquer dor significativa ou desconforto que não melhore deve ser relatado ao especialista que acompanha o tratamento, para garantir uma avaliação adequada. 

Além disso, evite tomar qualquer medicação por conta própria. Analgésicos ou anti-inflamatórios, quando usados sem orientação médica, podem interferir no sucesso da fertilização in vitro (FIV). 

Fique atenta a outros sintomas associados, como febre ou sangramento, e informe ao médico caso eles ocorram. Esses sinais podem indicar a necessidade de uma investigação mais detalhada para descartar possíveis complicações. 

4. Posso praticar atividades físicas após a transferência de embriões?

A retomada de atividades físicas é uma dúvida comum entre pacientes que passaram pela transferência de embriões. Esse cuidado é importante porque a prática inadequada de exercícios pode influenciar a fixação embrionária no útero, especialmente nos primeiros dias após o procedimento.

O recomendado é evitar exercícios intensos ou de impacto nos primeiros 5 a 7 dias após a transferência. Isso ajuda a minimizar o risco de contrações uterinas ou esforços que possam comprometer a implantação do embrião. 

Confira as principais orientações:

  • evite exercícios intensos: atividades como corrida, levantamento de peso e esportes de alto impacto devem ser evitadas para prevenir esforços excessivos no abdômen ou contrações uterinas;
  • opte por exercícios leves: caminhadas tranquilas e movimentos suaves são opções seguras que ajudam a manter a circulação sem comprometer a implantação embrionária;
  • converse com seu médico: antes de retomar qualquer prática esportiva, consulte o médico responsável pelo tratamento para receber orientações específicas ao seu caso.

Lembre-se de que o repouso relativo é uma prioridade nos primeiros dias após a transferência de embriões. Adotar uma abordagem cautelosa ajuda a criar um ambiente uterino mais propício ao sucesso do tratamento.

5. Quando posso fazer o teste de gravidez após a transferência de embriões?

Por último, uma dúvida comum entre pacientes que realizam a transferência de embriões é sobre o momento ideal para fazer o teste de gravidez. 

A ansiedade para confirmar o sucesso do tratamento de fertilização in vitro é natural, mas é importante respeitar o tempo necessário para que o hormônio beta-hCG, que indica a gravidez, atinja níveis detectáveis no sangue ou na urina.

O teste de gravidez deve ser realizado aproximadamente 10 a 14 dias após a transferência de embriões. Esse período permite que a implantação embrionária ocorra e que os níveis de beta-hCG sejam suficientes para serem detectados. Fazer o teste antes do tempo pode resultar em um falso negativo, gerando uma ansiedade desnecessária.

Outra dúvida bastante recorrente com relação a esse assunto é por qual tipo de teste optar: teste de urina ou exame de sangue?

Embora o teste de farmácia possa ser prático, o exame de sangue é mais confiável para medir os níveis de beta-hCG com precisão. É recomendável optar pelo exame sanguíneo para obter resultados mais seguros e evitar dúvidas.

Sempre siga as orientações do médico para determinar o momento adequado de realizar o teste e garantir a maior precisão nos resultados. Além disso, evite realizar o teste antes do tempo para evitar falsas expectativas.

Agora que você já conhece os principais cuidados após a transferência de embriões e sabe como aumentar as chances de sucesso na fertilização in vitro (FIV), é importante entender outros fatores que podem impactar diretamente nos resultados do tratamento. Um deles é o número ideal de óvulos para a FIV.

Você sabia que a quantidade de óvulos coletados pode influenciar nas chances de gravidez e no custo-benefício do procedimento? Continue a leitura e descubra mais sobre esse tema no artigo sobre número de óvulos ideal para FIV — quais são as chances de sucesso?.

Dr. Oscar Duarte

Por Dr. Oscar Duarte Filho

Formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) com residência médica em Ginecologia e Obstetrícia e em Reprodução Humana pelo Hospital das Clínicas da FMUSP. Atualmente é médico e diretor da Clínica VidaBemVinda e do LabForLife.

15 de nov de 2024
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