Como Preservar a Fertilidade em Pacientes Com Câncer?

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O diagnóstico de câncer é um momento desafiador na vida de qualquer pessoa, especialmente quando existe o sonho de ter filhos.

A boa notícia é que, graças aos avanços da medicina reprodutiva, é possível o tratamento de preservação de fertilidade em pacientes com câncer antes de iniciar o tratamento. Esses procedimentos podem ser realizados  por homens e mulheres, e envolvem técnicas como o congelamento de óvulos, espermatozoides, embriões e, em alguns casos, tecido.

Neste artigo, abordaremos tudo o que você precisa saber sobre o assunto. Desde as opções disponíveis, os critérios para indicação do procedimento, até os cuidados necessários antes, durante e após o processo.

Com isso, esperamos oferecer informações úteis e ajudar a tornar o tratamento um pouco mais tranquilo e acolhedor para aqueles que ainda sonham em ter filhos.

Quem faz tratamento de câncer pode ter filhos?

A resposta é sim, é possível. No entanto, tratamentos de alguns tipos de  câncer, como quimioterapia e radioterapia, podem afetar a fertilidade, reduzindo as chances de concepção futura. É por isso que a preservação da fertilidade é tão importante para aqueles que ainda desejam ter filhos após o tratamento.

Para as mulheres, a criopreservação de óvulos ou embriões é uma opção popular. Já para os homens, a criopreservação de espermatozoides é a técnica mais comum. Esses métodos permitem que os pacientes possam ter filhos biológicos mesmo após o tratamento do câncer. Vamos trazer mais detalhes no próximo tópico! 

O que fazer para preservar a fertilidade em pacientes com câncer?

De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, cerca de 30% dos pacientes com câncer são diagnosticados em idade reprodutiva, o que torna a preservação da fertilidade um assunto de grande importância

Nesse contexto, é fundamental que as pessoas que estão passando pelos tratamentos  conversem com seus oncologistas, para avaliar se o tratamento do câncer pode gerar prejuízo nos sonhos de reprodução futura. Nos casos de câncer de mama, linfomas, entre outros, a quimioterapia e radioterapia costumam causar um impacto severo nos órgãos reprodutivos, e os tratamentos de oncopreservação devem ser indicados. 

A seguir, você vai conhecer as principais possibilidades!

A tecnologia a seu favor

Diferente dos homens, as mulheres já nascem com todos os óvulos que utilizarão ao longo da vida, trazendo a possibilidade de uma gravidez. Como não há uma reposição dessas células reprodutivas femininas, a preservação da fertilidade se torna um pouco mais complicada.

O tratamento de alguns tipos de câncer pode causar danos irreparáveis aos gametas, reduzindo a possibilidade de engravidar pela redução do número de folículos.

Por isso, a tecnologia deve estar sempre a seu favor — com os tratamentos avançados e as boas formas de conservação e preservação das células reprodutivas, o sonho de ter um filho hoje é mais concreto para pessoas que enfrentam o câncer.

Congelamento de óvulos e espermatozoides

Atualmente, o congelamento dos óvulos é a forma mais  utilizada para a preservação da fertilidade feminina em tratamentos de câncer. Logo após o diagnóstico e conversa com o oncologista, a paciente deve passar por uma avaliação com médico especialista em Reprodução Assistida, a fim de  avaliar as possibilidades e iniciar o tratamento o mais rápido possível, antes do início da quimioterapia e/ou radioterapia. 

No caso dos homens, o congelamento de sêmen (espermatozoides) é uma opção viável e segura. Isso porque o tratamento do câncer pode afetar a função testicular  É uma técnica que consiste em coletar e armazenar os espermatozoides de um homem em um banco de esperma para uso futuro.

A coleta de sêmen antes da radio ou quimioterapia pode garantir a realização do sonho da paternidade de forma simples, rápida e não invasiva.

Congelamento de embriões

Outra opção terapêutica para as pacientes de câncer é o congelamento de embriões.

Os embriões são formados por meio da fertilização in vitro dos gametas coletados antes do tratamento oncológico. Eles são congelados em estágio adequado de desenvolvimento, podendo ser transferidos ao útero da mulher quando todo o tratamento do câncer estiver finalizado.

Os embriões são mais resistentes ao descongelamento do que os óvulos, garantindo maiores chances de gestação, porém, uma vez que os óvulos são fertilizados, a utilização dos embriões no futuro só pode ocorrer com a autorização do casal. Em caso de separação, esses embriões não podem ser utilizados sem autorização do parceiro (a).  

Um curto período para a coleta dos óvulos

Para as pacientes que necessitam iniciar o tratamento contra o câncer imediatamente, a coleta de óvulos é feita em um curto período — depois que se inicia o tratamento para a estimulação dos ovários.

Podemos iniciar o tratamento em qualquer fase do ciclo menstrual, o que permite agilidade sem perda da qualidade no processo. Todo o tratamento dura cerca de 12 a 15 dias. A partir desse momento, a paciente estará  liberada para iniciar a quimioterapia ou radioterapia.

No caso do câncer de mama, vale ressaltar que a cirurgia para retirada de tumores não impacta na reserva de óvulos. Portanto, a paciente pode realizá-la antes do início da estimulação ovariana e a coleta dos óvulos.

O tratamento contra o câncer após a coleta

Após a coleta dos óvulos, o tratamento radioterápico ou quimioterápico pode começar imediatamente — já que os óvulos já foram retirados e não correm mais risco de serem danificados. Durante o processo, é fundamental a consulta e acompanhamento com o oncologista clínico para otimizarmos o tratamento.

Portanto, ao se decidir pelo congelamento dos óvulos, não se preocupe com o tempo para começar o tratamento de combate ao câncer — como já destacamos, o procedimento total dura, em média, duas semanas, o que, na imensa maioria das vezes, não impacta na eficácia do tratamento oncológico.

O tempo de recuperação

Na maioria dos casos, a paciente estará apta para iniciar tratamento do câncer poucos dias após a coleta de óvulos. 

A segurança do tratamento

O mais importante é manter a segurança da paciente. O congelamento dos óvulos, assim como os medicamentos prescritos para a estimulação dos folículos, são seguros para as pacientes com câncer (inclusive o de mama). 

Atualmente utiliza-se letrozol (inibidor da aromatase) associado às medicações que estimulam os ovários, em casos de câncer hormoniodependentes , a fim de evitar picos hormonais.

Isso torna o processo ainda mais seguro nos casos de câncer hormônio-dependente, como o de mama e endométrio.

Os excelentes profissionais da área

A excelência no tratamento e o sucesso no procedimento dependem de condições individuais de cada paciente e dos médicos escolhidos. Quando você for a uma consulta, tire todas as suas dúvidas — e só faça o tratamento quando estiver 100% segura em relação à clínica de reprodução humana assistida consultada.

Se estiver insegura, procure a opinião de outros profissionais. Com a tecnologia a seu favor e um excelente corpo clínico ao seu lado, ao vencer a batalha contra o câncer e se recuperar, poderá programar a gestação com segurança e saúde!

Os ótimos resultados finais

Para o alívio de muitos casais, a criopreservação de gametas é um tratamento seguro, que mantém o sonho de maternidade/ paternidade viável para muitas pessoas.

Quanto mais jovem, maiores as taxas de sucesso. 

Ao optar por fazer procedimentos de preservação de fertilidade, a esperança da realização de um sonho dará mais força aos pacientes para enfrentar todos os problemas do tratamento contra o câncer.

Se você está enfrentando o câncer, mantenha-se forte e obstinada — após passar por essa fase difícil, a esperança de ter um filho ainda existe!

E, se você é amigo, parente ou colega de um com câncer que sonha em ser mãe, apoie-a e indique as melhores opções. Leia bastante, informe-se em fontes seguras. Entenda as evidências científicas. Busque excelentes profissionais.

Se você quer ajuda com isso, baixe o e-book gratuito Congelamento de óvulos: conheça tudo sobre o procedimento e como tomar a melhor decisão!

Dra. Michelle Nagai

Por Dra. Michelle Nagai

25 de abr de 2023
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