Número Ideal de Óvulos para FIV: Quais são as chances de sucesso?

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A fertilização in vitro (FIV) é uma das opções mais eficazes para o tratamento de infertilidade, mas diversos fatores relacionados ao organismo feminino podem ser determinantes para o sucesso desse procedimento. 

Entre esses fatores, a idade da mulher desempenha um papel crucial, influenciando diretamente a capacidade do organismo em responder adequadamente à estimulação ovariana e, consequentemente, no número de óvulos ideal para FIV. 

Antes de iniciar o processo, é fundamental realizar uma avaliação individualizada da paciente, identificando os possíveis obstáculos e personalizando o tratamento para maximizar as chances de sucesso.

Qual é o número de óvulos ideal para FIV?

Determinar o número de óvulos que precisamos para ter um bom desempenho na FIV é importante para o planejamento do casal e para alinhar as expectativas. Vários fatores influenciam no estabelecimento da quantidade ideal de óvulos e sem dúvidas, idade e reserva ovariana são os mais importantes. i

Para falar de números vamos considerar o caminho de obter um embrião euploide (com teste genético normal). Nesta estratégia temos uma chance de gravidez de aproximadamente 50-60% por transferência de embrião. Alguns estudos mostram que uma mulher de 35 anos precisa de aproximadamente 5 a 7 óvulos para obter um embrião euplóide. Ou seja, para uma mulher nesta idade, com 5 a 7 óvulos ela tem a chance de aproximadamente 50-60% de gravidez.

É importante lembrar que o número de óvulos coletados pode variar de acordo com a idade da mulher, sua reserva ovariana e outros fatores individuais que influenciam a resposta à estimulação ovariana.

Por que a estimulação ovariana é um dos passos mais importantes para a fertilização in vitro?

A estimulação ovariana é um passo essencial na fertilização in vitro porque determina o número de óvulos obtidos na FIV, fundamental para o sucesso do tratamento. A quantidade e a qualidade dos óvulos obtidos durante esse processo influenciam diretamente na formação de embriões viáveis, que podem ser transferidos para o útero. 

Um óvulo de boa qualidade traz boas chances de obtermos um bom embrião. Quanto mais óvulos coletarmos, maior a chance de obtermos esse óvulo e, consequentemente, esse bom embrião. 

A estimulação ovariana por sua vez depende da reserva ovariana. Quanto maior a reserva, maior a chance de obtermos maior quantidade de óvulos.

Qual é a quantidade de folículos ideal para realizar a FIV por idade? 

Primeiramente é preciso diferenciar folículos de óvulos. Os folículos são estruturas que contêm os óvulos. A contagem de folículos antrais por ultrassonografia transvaginal é essencial para prever quantos óvulos serão recuperados durante a FIV e a resposta aos medicamentos hormonais. 

Uma baixa reserva ovariana é geralmente indicada quando a paciente apresenta menos de 5 folículos (critérios de Poseidon). O ideal é que o exame seja feito no início do ciclo menstrual, nos primeiros dias da menstruação.

A dosagem do hormônio anti-mülleriano (AMH) pode complementar a avaliação da reserva ovariana, mas não é obrigatória em todos os casos. Além disso, a idade da paciente tem um impacto direto.

Usando o mesmo raciocínio acima, para uma mulher de 35 anos, teríamos que ter 7 a 9 folículos para obter 5 a 7 óvulos e uma chance de 50-60% de gravidez.

Funil da Fertilização In Vitro (FIV)

Como mencionado anteriormente, o sucesso da FIV depende da otimização em cada etapa do processo. Veja a seguir fatores críticos que influenciam cada estágio do funil da FIV, e como eles afetam os resultados.

Idade da paciente

A idade da mulher é o fator que mais afeta as chances de sucesso na FIV. Mulheres com menos de 35 anos têm as maiores taxas de sucesso, com maior chance de responder adequadamente à estimulação ovariana e obter óvulos de qualidade. 

Conforme a idade avança, a reserva ovariana e a qualidade dos óvulos diminuem, especialmente a partir dos 38 anos. Para mulheres entre 41 e 42 anos, o sucesso ainda é possível, mas exige um número maior de óvulos coletados para compensar a menor qualidade​. 

Qualidade do sêmen

A qualidade do sêmen também é determinante no funil da FIV. Problemas como baixa contagem de espermatozoides, motilidade reduzida ou morfologia anormal podem comprometer a fertilização e o desenvolvimento do embrião. 

Técnicas como a injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI) são frequentemente usadas para contornar esses problemas e melhorar as chances de sucesso​.

Saúde e estilo de vida

A saúde geral da paciente também desempenha um papel importante em cada estágio do funil da FIV. Condições como obesidade, Síndrome Dos Ovários Policísticos (SOP), ou distúrbios hormonais podem reduzir a eficácia da estimulação ovariana e diminuir a qualidade dos óvulos. 

Manter um estilo de vida saudável, com uma alimentação balanceada, exercícios regulares e controle do estresse pode melhorar a resposta ao tratamento e otimizar as chances de sucesso​.

Resposta ao tratamento

Nem todas as pacientes respondem da mesma maneira à estimulação ovariana, o que afeta diretamente o número de óvulos obtidos. 

Pacientes com baixa resposta ovariana podem precisar de ajustes no protocolo de estimulação, enquanto uma resposta excessiva pode causar a Síndrome de Hiperestimulação Ovariana (SHO), uma condição que pode ser perigosa se não tratada adequadamente​.

Implantação embrionária

Mesmo com embriões de alta qualidade, a implantação no útero pode ser desafiadora. Problemas no endométrio, como espessura inadequada ou anomalias estruturais, podem dificultar a implantação. 

Avaliações preliminares, como ultrassonografia e exames de hormônios são essenciais para ajustar o tratamento e garantir que o útero esteja preparado para receber o embrião​.

De qualquer forma, está claro que a reserva ovariana e a qualidade oocitária tendem a diminuir conforme avança a idade da mulher. Por isso é importante deixar claro que, em mulheres com idade reprodutiva avançada e baixa reserva ovariana, há chances de a paciente não responder bem ao tratamento. 

Por isso, estimar as chances de sucesso é importante não apenas para dimensionar o tipo de tratamento, como também para evitar frustrações.

Converse com um especialista sobre os seus diagnósticos e possíveis tratamentos. Agende uma consulta em uma das unidades da Vida Bem-Vinda para discutir as melhores opções para você.

Dr. Eduardo

Por Dr. Eduardo Miyadahira

Ginecologista e Obstetra, especialista em Reprodução Humana. Fez residência médica em Ginecologia e Obstetrícia no Hospital das Clínicas da FMUSP. É membro da Sociedade Paulista de Ginecologia e Obstetrícia (SOGESP) e European Society of Human Reproduction and Embryology (ESHRE).

08 de out de 2024
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