Se você está passando por dificuldades para engravidar, provavelmente experimentou a sequência a seguir. No início, parecia que as tentativas surtiriam efeito rápido, mas o tempo passou, e nada aconteceu. Seu médico recomendou a ingestão de ácido fólico e outras vitaminas, e nova esperança surgiu. Depois de um tempo, foi prescrito um indutor da ovulação, como o citrato de clomifeno. Mas, meses e meses depois… Nada!
Estudos mostram que 85% dos casais que têm relação sexual regularmente conseguem engravidar no primeiro ano de tentativa. De repente, você se pega fazendo parte dos 15% que não conseguem, e a primeira pergunta é “onde errei?”.
Encarar essa realidade não é fácil. É preciso assumir que o problema existe para começar a estudar suas causas. E, ao contrário do que se pensa, elas podem ser um resultado de atitudes que dominam sua rotina, e a solução pode depender apenas de você.
Não é impossível ver um casal acima do peso engravidar facilmente, ou ainda casais que bebem ou fumam, e também não encontram dificuldades. Porém, cada caso deve ser individualizado, e o primeiro passo para tratar essa questão de forma natural é não fazer comparações. O casal tem que entender que suas condições são únicas e exclusivas; a receita não se repetirá.
Por isso, ao invés de começar sua pesquisa por clínicas de reprodução assistida, tente antes responder às questões a seguir com seu parceiro. É como um check-list pré-gestacional, que pode trazer respostas mais claras do que você imagina!
1. Como está seu peso?
Sim, o excesso de peso pode atrapalhar os seus planos de engravidar. Especialistas recomenda que a paciente apresente índice de massa corpórea (IMC) entre 20 e 25 kg/m2. Para saber o seu IMC basta dividir o peso (kilos) pela sua altura (metros) ao quadrado.
Ter um peso adequado influenciará não apenas na concepção, mas também na saúde da criança.
Estar acima do peso pode atrapalhar o ciclo menstrual, por exemplo, e o fato de carregar diariamente esses quilos a mais pode dificultar a ovulação e tornar o ciclo menstrual irregular. Isso também ocorre em mulheres com baixo peso, quando a porcentagem de gordura corporal é muito baixa, insuficiente para a produção adequada de hormônios como testosterona e estradiol.
No caso de a mulher engravidar obesa, aumentam as chances de complicações, como aborto, pré-eclâmpsia e diabetes gestacional.
Além disso, as consequências podem afetar o bebê: ele se torna uma pessoa mais propensa a desenvolver síndromes metabólicas e diabetes.
E esse não é um problema exclusivamente feminino: homens obesos também veem suas chances reduzidas por causa dos danos que o sobrepeso causa aos espermatozoides.
2. O cigarro faz parte de sua rotina?
Está mais do que claro que fumar afeta a saúde de homens e mulheres. Sabemos também que o vício pode afetar o revestimento do útero, dificultando a implantação.
O cigarro causa dano ao DNA do espermatozoide. A gravidez torna-se menos provável e, caso ele consiga fertilizar um óvulo, são maiores as chances de haver um aborto.
Além disso, é recomendável que os homens ejaculem de duas a três vezes por semana – como o espermatozoide é produzido na região testicular durante três meses, qualquer mudança que o homem faça hoje só será evidenciada num espermograma e outros exames seminais em cerca de 10 semanas.
3. Como estão as relações sexuais?
Especialistas sugerem aos casais que tentam engravidar que procurem ter relações de duas a três vezes por semana, mas a verdade é que ainda assim as chances de se obter sucesso são muito pequenas.
É preciso que o casal esteja totalmente ciente de como funciona o ciclo da mulher – algumas não ovulam exatamente no 14º dia depois da menstruação, mas alguns dias antes ou depois disso. É preciso aprender com o corpo.
Há técnicas para descobrir quando se está ovulando: é possível comprar kits urinários, que mostram o aumento do hormônio luteinizante (LH) algumas horas antes do início da ovulação. Porém, o mais prático e eficaz é determinar o período fértil de acordo com os ciclos anteriores juntamente com seu ginecologista.
4. Alguma destas condições lhe é familiar?
Você tem resistência à insulina ou síndrome do ovário policístico (SOP)?
As duas condições estão ligadas, e a SOP é uma condição em que a mulher muitas vezes não ovula.
Os sintomas são ciclos irregulares ou inexistentes, sobrepeso, resistência à insulina, espinhas e pelos faciais. No ultrassom, os ovários apresentam mais de 11 de pequenos folículos no ovário, ou ovários aumentados de volume (acima de 10 cc).
Mulheres com SOP e sobrepeso conseguem estimular a ovulação naturalmente quando conseguem perder pelo menos 5% de seu peso.
5. Qual é a sua idade?
Um estudo publicado no ano passado no jornal britânico Human Reproduction mostrou um fato surpreendente: 67% das mulheres e 81% dos homens consultados acreditavam, inadvertidamente, que a fertilidade feminina cai apenas depois dos 40 anos. Mas a verdade é que ela declina a partir dos 32 a 35 anos.
Você pode querer esperar alguns anos para engravidar, mas nunca saberá como estará sua fertilidade até lá.
As estatísticas dizem que, até os 38 anos, a mulher tem 40% de chance de engravidar e, depois, esse índice cai para 30%.
É preciso planejamento e muita informação para seguir adiante com os planos de gerar um bebê, sobretudo para quem tem idade mais avançada. Hábitos e estilo de vida influenciam muito, e alterar alguns deles pode ser a resposta para sua dificuldade em engravidar. E é recomendável consultar um especialista em fertilidade: isso não quer dizer que você vai ser imediatamente direcionada a um tratamento de reprodução assistida, por exemplo. Trata-se de conhecer todos os aspectos com clareza e maximizar suas chances de todas as formas, evitando surpresas no futuro.