O bloqueio das tubas uterinas e anomalias no útero são importantes fatores a serem diagnosticados nos casos de infertilidade, conhecido como fator tubário. O exame mais utilizado para detectar esse tipo de alteração é a Histerossalpingografia (HSG).
O que é Histerosalpingografia?
A Histerossalpingografia (HSG) é uma radiografiacontrastadada cavidade uterina e das tubas (trompas). Realizam-se radiografias em série, com a injeção de um líquido (contraste iodado) através do orifício do colo do útero, com o auxílio de um cateter (sonda) fino e flexível. O principal objetivo da Histerossalpingografia é avaliar a morfologia (formato) das tubas uterinas, verificar se estão obstruídas,dilatadas ou com trajeto alterado. Pode também dar informações sobre a anatomia do útero, malformação uterina, pólipos, miomas ou sinéquias (aderências, cicatrizes) uterinas.
Por que a Histerossalpingografia é importante?
Dois fatores podem ser diagnosticados pelo médicos:
- Obstrução das tubas uterinas: nesse caso o óvulo não é captado pela tuba e não entra em contato com os espermatozoides, não ocorrendo a fecundação. Além disso, a tuba tem função importante de transportar o embrião formado para o útero, o que não ocorre quando existe obstrução tubária.
- Formato anormal do útero: 10% a 15% dos abortos recorrentes são devidos a alterações anatômicas do útero. Algumas anomalias podem ser corrigidas com cirurgia.
Como se preparar para a Histerossalipingografia?
A HSGé realizada após a menstruação e antes da ovulação, para não interferir com uma possível gravidez, normalmente do 6º ao 12º dia do ciclo menstrual. Para as pacientes que não ovulam, a HSG pode ser feita em qualquer fase, mas a hipótese de gravidez deve ser excluída. O exame é realizado com a paciente acordada, não sendo necessário anestesia nem jejum. Normalmente é realizado em laboratórios de diagnósticos, por um médico radiologista. O médico pode sugerir um analgésico ou anti-inflamatório uma hora antes para reduzir qualquer desconforto.
Procedimento
A paciente deita-se em posição ginecológica e o médico realiza um rápido exame da pelve para inserir um espéculo vaginal. Coloca-se um fino cateter no orifício do colo do útero, por onde é injetado o contraste com iodo. Um aparelho de raio-x registra as imagens de diferentes ângulos do útero pela região abdominal inferior. Após o procedimento, o cateter é removido e a paciente pode ir para casa normalmente. O tempo total de procedimento é de cerca de 20 minutos.
Riscos da HSG
A HSG é consideradaum procedimento seguro, com poucos riscos.
Em menos de 1% dos casos, pode ocorrer infecção, que será mais comum se houver antecedente de infecção tubária. A paciente deve procurar o médico caso sinta febre ou dor intensa após o exame. O exame não deve ser realizado caso a paciente apresente corrimento vaginal ou outra suspeita de infecção pélvica, pois a injeção do contraste pode levar as bactérias ao útero e tubas.
Outro risco envolve a alergia a iodo. A paciente deve relatar ao médico caso tenha alergia a iodo ou suspeita (mariscos, frutos do mar etc), e retornar em caso de inchaço ou coceira na região.
A radiação da HSG é segura?
A Histerossalpingografia utiliza baixa radiação, o que não causa danos, mesmo quando a paciente engravida nas semanas após o exame. Mas a radiação é nociva para o feto, e o exame não pode ser realizado durante a gestação.
A questão da dor
Muitas mulheres têm medo da dor durante a HSG, pois os procedimentos antigos eram de fato dolorosos e ainda são realizados em muitos laboratórios. Mas os processos evoluíram e os laboratórios modernos utilizam técnicas menos invasivas, com cateteres delicados e maleáveis. A grande maioria das mulheres relata a sensação de cólicas leves, e algumas sentem um desconforto mínimo.
A inserção do espéculo lembra o exame de Papanicolaou. Se a paciente costuma sentir desconforto nesse tipo de exame, é provável que irá sentir de maneira semelhante na HSG. As cólicas geralmente duram 5 minutos na maioria dos casos, e existem também relatos de pacientes que as sentiram perdurar por algumas horas após o procedimento.
Alguns cuidados dos laboratórios que fazem bem o exame são fundamentais para que a paciente não tenha dor e não haja resultados comprometidos:
- Administração de analgésicos como Buscopan e anti-inflamatórios antes do exame: reduzem as cólicas.
- Uso de especulo de plástico descartável: é menor e mais flexível que o de metal, causando menos desconforto já no começo do exame.
- Não pinçar o colo do útero com pinça: o radiologista deve evitar ao máximo tracionar o colo, pois isso gera muita cólica e até sintomas como sensação de desmaio iminente e hipotensão.
- Uso de cateter fino e delicado, descartável.
- Contraste líquido aquecido: evita contração do útero, mais comum quando o contraste é frio.
- Uso de contraste hidrossolúvel: a maioria dos laboratórios utiliza este tipo de contraste, que resulta em menos dores e menos risco de alergia. No passado, utilizava-se o contraste lipossolúvel, que gera mais desconforto e risco de anafilaxia.
Quando o líquido com o contraste iodado é injetado através do colo do útero, os relatos são de uma sensação de aquecimento interno.
Se houver bloqueio das tubas, pode haver certa dor no ponto de pressão do líquido com a área obstruída.
Sentir medo e ansiedade pode aumentar a percepção da dor. O teste pode ser incômodo, com uma máquina de raio-x por cima da paciente em uma postura desconfortável. O importante é relaxar, respirar e manter a calma. O exame é rápido e importante. Realize o procedimento em um laboratórioindicado pelo seu médicos. Isso lhe dará segurança e tudo será mais fácil.
Qual a sensação após o exame?
A paciente pode sentir leves cólicas.Aconselha-se o uso de analgésicos para minimizar o desconforto. Geralmente, pode-se retornar às atividades normais após o exame, mas alguns médicos podem indicar a suspensão da atividade sexual por alguns dias.
Interpretação dos resultados
Quando a HSG indica formato uterino normal epermeabilidade tubária bilateral, descarta-se a possibilidade de obstrução das tubas ou malformações uterinas como causas da infertilidade.
No entanto, se exames posteriores não revelarem as causas da infertilidade ou abortos espontâneos recorrentes, o médico pode pedir uma histeroscopia para obter mais detalhes sobre os resultados do HSG. Na histeroscopia, uma pequena ótica com câmera é inserida no orifício do colo do útero para uma análise mais detalhada. Um estudo divulgou 35% de falsos negativos com HSG, ou seja, foi preciso a histeroscopia para encontrar anomalias no formato uterino.
É importante lembrar que HSG não diagnostica a Endometriose, mas pode dar sinais, quando existem imagens de aderências tubárias.
O que acontece quando o resultado é positivo para anomalias?
Se a HSG indicar malformação uterina, ou não houver livre circulação do contraste pelas tubas, é detectado o problema. É importante lembrar que 15% das pacientes apresentam um “falso positivo”, em que o líquido não consegue passar para as tubas no local onde elas se ligam ao útero, devido a contração do músculo da tuba, impedindo a passagem do contraste. Se isso acontece, o médico pode repetir o exame em outro momento para confirmação.
A HSG pode indicar alteraçõesdas tubas, mas não os motivos. Nesse casos, podem sernecessários outros exames como a histeroscopia ou laparoscopia para investigar e possivelmente corrigir o problema.
A partir dos resultados, é possível programar algum tratamento ou indicar tratamentos de reprodução assistida como, por exemplo, a fertilização in vitro.
Muitas mulheres relatam sucesso em conseguir engravidar após a HSG. Isso era mais frequente no passado, quando se utilizava contraste lipossolúvel, mais denso. Este contraste podia retirar as “rolhas” dentro das tubas, desbloqueando as trompas em alguns casos, e algumas pacientes engravidavam após o exame. Hoje não utilizamos mais este tipo de contraste devido ao risco de alergia grave e maior dor ao exame.
É um exame importante que deve ser feito com segurança e conforto. Procure uma clínica de confiança para saber mais sobre suas possibilidades.