Entre as crenças populares, e muitas vezes errôneas, está a de que a ingestão do hormônio testosterona ajuda a aumentar a fertilidade. Mas isso nem sempre é verdade. Ao contrário, a ingestão do hormônio pode promover um verdadeiro desequilíbrio no organismo e levar à redução ou extinção da produção de sêmen ou espermatozoide.
No processo de fertilidade masculina, é preciso entender o que é a testosterona e qual o seu papel. A testosterona é um hormônio e sua ação é fundamental para a produção de espermatozoides nos testículos, o que tem efeito direto sobre a fertilidade. Assim, ela é fundamental para uma vida saudável e fértil no homem.
Na vida sexual, a ação da testosterona também está diretamente ligada à frequência dos orgasmos. Na ejaculação, a maior parte do líquido expelido é constituída de sêmen, produzido na vesícula seminal e na próstata, estruturas que recebem a influência desse hormônio. A quantidade do líquido ejaculado tem relação direta com a ação da testosterona, assim como a qualidade do sêmen.
No adulto, a testosterona também é responsável pelo fenótipo e pelo desempenho físico. Fenótipo é a aparência física definida por uma característica genética. A testosterona mantém o padrão masculino de desenvolvimento de pêlos, no rosto e na região pubiana.
Como se vê, o papel da testosterona na vida do homem adulto é fundamental. No entanto, a máxima “quanto mais, melhor” não é verdadeira nesse caso. Tanto já se falou que o corpo humano é perfeito.
Isso é também verdade quando se trata da regulação de hormônios.
Nosso corpo é capaz de promover esse equilíbrio perfeitamente. Mas, se interferirmos nessa produção, ingerindo a testosterona, iremos desequilibrar nosso sistema. E os prejuízos certamente virão.
Testículo como orquídea
Para facilitar o entendimento, podemos comparar o testículo a uma orquídea. Aliás, testículo vem do grego orkhis. Para o cultivo de uma flor perfeita, as condições de água e incidência de luz solar devem ser adequadas.
Assim como a planta, o testículo produzirá espermatozoides maduros quando as condições forem ideais, ou seja, a testosterona, correspondente à água da orquídea, e o hormônio folículo estimulante (FSH), correspondente à luz solar, devem estar em equilíbrio.
Sem água ou luz suficientes, a planta sobrevive, não morre, mas também não floresce. No testículo, o desequilíbrio hormonal reduz a produção de espermatozoide, ou ainda pior: ela pode simplesmente desaparecer.
Nessa comparação também podemos pensar na ação do jardineiro cultivando a orquídea. O jardineiro é a glândula pituitária, também conhecida por hipófise, que possui a função de secretar uma série de hormônios. Ele controla a quantidade de água e de luz solar que a orquídea (testículo) precisa. A glândula pituitária controla a testosterona e o folículo estimulante. A orquídea requer, da mesma maneira, da água e da luz solar. O corpo do homem precisa da testosterona e do folículo estimulante conjuntamente. A ingestão, sem acompanhamento médico, de testosterona desequilibrará essa fórmula.
O desequilíbrio no corpo do homem é causado pela diferença entre a quantidade de testosterona ingerida e o FSH. O testículo irá “sobreviver”, mas não irá produzir o espermatozoide, até que o equilíbrio dos hormônios seja reestabelecido, com a suspensão dos suplementos de testosterona.
A recuperação do equilíbrio hormonal pode levar de três a seis meses, até que o testículo volte à sua produção normal de esperma, após a suspensão da ingestão de testosterona.
Assim, cuidar da saúde e da fertilidade é coisa séria e exige acompanhamento médico.
A ingestão de qualquer remédio, suplemento ou hormônio, sem a recomendação de um médico de confiança pode levar a um verdadeiro caos no corpo humano. Fique atento e converse sempre com seu médico.