A Síndrome dos Ovários Policísticos pode levar à infertilidade?

Compartilhe este post

A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) afeta entre 5% e 10% das mulheres durante o período reprodutivo e é das principais causas da infertilidade feminina.

A SOP é ocorre em mulheres com ovários repletos de múltiplos folículos antrais (chamados aqui de “cistos”) que acabam produzindo hormônios masculinos em excesso (testosterona e androstenediona), o que está associado a ciclos menstruais irregulares, espaçados, que muitas vezes não são ovulatórios. Ou seja, a mulher não ovula regularmente e fica sem menstruar por meses.

Em portadoras da síndrome, esses cistos permanecem e modificam a estrutura dos ovários, tornando-os até três vezes maiores do que o tamanho normal.

Desta forma, a SOP é a responsável por mais de 50% dos problemas de infertilidade em mulheres que têm dificuldade de ovular e, mesmo conseguindo ficar grávida, a mulher corre, ainda, dois principais riscos: o aumento na chance de aborto espontâneo no primeiro trimestre e o de desenvolver diabetes gestacional.

Doença silenciosa

Apesar de ser uma doença que prevalece ao longo da vida, muitas mulheres não sabem que têm, pois se trata de uma doença silenciosa.

A causa exata ainda é desconhecida, mas especialistas acreditam que a síndrome pode envolver uma combinação de desordens associadas a um excesso de hormônios masculinos (androgênios) e ovulação irregular. Pesquisas estimam que 70% a 80% dos casos são genéticos e alguns estudos apontam que, se a mãe tem SOP, há uma probabilidade de 50% da filha também ser diagnosticada com a doença.

O diagnóstico da SOP depende de uma avaliação completa, que exclua as possibilidades de problemas com as glândulas adrenais e a tireoide, e outras doenças que causam aumento dos androgênios. O exame de ultrassom, sozinho, não é suficiente para identificar a síndrome; por isso, há necessidade da realização de um conjunto de exames. Em geral, são solicitados exames laboratoriais como dosagem de testosterona total, androstenediona, 17-OH-alfa-progesterona, S-DHEA, entre outros, e ultrassonografia transvaginal.

Sintomas e tratamento

Os impactos da síndrome podem ir muito além dos ovários, ao causar uma desordem no organismo e afetar a saúde com um todo.

Os sintomas incluem ciclos menstruais irregulares, infertilidade, excesso de pelos faciais e corporais, acne grave, cistos em um ou ambos os ovários, resistência à insulina, obesidade, ansiedade, depressão e ganho de peso. O tratamento consiste no acompanhamento para retardar a progressão dos sintomas e tratar especificamente cada consequência.

Sem um tratamento adequado, a síndrome pode levar a doenças graves. As pesquisas apontam que dois terços das mulheres com SOP irão desenvolver disfunção metabólica, além de desenvolver doença cardiovascular e diabetes tipo 2. Mulheres com SOP também têm maior risco de câncer de endométrio e de mama.

A SOP pode ser controlada por meio do uso de medicamentos que variam de acordo com o quadro de sintomas da paciente e suas complicações. A utilização de anticoncepcionais hormonais como pílulas geralmente é prescrita, uma vez que auxilia na diminuição do hormônio masculino e permitem que o endométrio descame com frequência, reduzindo o risco de hiperplasia e câncer de endométrio.

Para controlar os sintomas, também, é importante manter uma alimentação saudável, especialmente quando a mulher tem sobrepeso ou obesidade, e estabelecer uma rotina que inclua a prática de exercícios físicos. Isso beneficia muito a paciente portadora da síndrome. Tratamentos cosméticos com dermatologistas também podem ajudar, no caso de sintomas apresentados na pele, como as acnes e hirsutismo (pelos em locais que homens normalmente têm).

Alguns médicos especialistas na doença estão discutindo a possibilidade de renomear a síndrome, que tem causas além dos ovários. Um novo nome poderia despertar maior atenção, interesse por diagnóstico e controle dos sintomas, impactando sobre a saúde geral da mulher.

De qualquer forma, fica o alerta: é preciso buscar acompanhamento médico para que o diagnóstico seja sempre feito o mais precocemente possível, e a doença não venha a prejudicar a saúde e a capacidade reprodutiva da mulher.

Compartilhe este post

Os comentários estão desativados.

Artigos relacionados