Muitas mulheres não conseguem engravidar pelos métodos convencionais e buscam ajuda de clínicas de fertilização.
Há vários tratamentos, e a escolha deve ser feita de acordo com cada caso. No entanto, todos têm o mesmo objetivo: aumentar as chances de gravidez.
Um estudo realizado pelo Centro de Fertilidade Shady Grove, em Rockville, revelou que uma mudança recente no protocolo de tratamento de fertilidade resultou em taxas de gravidez mais altas.
A pesquisa com mais de 4 mil ciclos de fertilização in vitro (FIV) revelou que quando se faz a transferência de embriões congelados (FET: frozen embryo transfer) derivados de ciclos de FIV em que os níveis de progesterona estavam elevados, a taxa de gravidez é semelhante à da transferência de embriões derivados de ciclos, com níveis normais de progesterona.
A atual pesquisa mostra que o efeito negativo da elevação da progesterona sobre os resultados de fertilização in vitro deriva de seu impacto sobre o endométrio, e não sobre o óvulo e embrião. Ao postergar a transferência de embriões de alta qualidade até um momento em que o útero não é afetado por níveis elevados de progesterona, os resultados são melhores. Ou seja, quando se detecta níveis de progesterona acima de 1,0 a 1,5 ng/mL pelo menos dois dias antes da coleta de óvulos, é importante congelar todos os embriões e transferir em outro ciclo, pois a progesterona elevada já estará agindo no endométrio, modificando a janela de implantação e deixando-o pouco receptivo ao embrião.
O aumento dos níveis da progesterona
No tratamento de fertilização in vitro, as pacientes passam por primeira uma fase de estimulação dos ovários. É nessa fase que elas recebem medicamentos que incentivam o desenvolvimento de folículos nos ovários, para produzir óvulos para fertilização, e nesse momento os níveis de progesterona podem subir além do ideal em resposta a esses medicamentos.
O atual estudo mostra que os resultados de fertilização in vitro foram melhores nas pacientes cujos níveis de progesterona se elevaram no seu ciclo de FIV, mas que esperaram o nível de progesterona ter voltado ao normal para fazer uma transferência de embriões congelados em contraposição aos pacientes que se submeteram a novas transferências de embriões frescos, mesmo quando os níveis de progesterona ainda estavam altos.
Aqui vale lembrar: A progesterona é o hormônio típico da segunda fase do ciclo menstrual, após a ovulação. Portanto, não é ideal que a progesterona esteja elevada antes da coleta de óvulos (entenda-se aqui, a “ovulação”).
O que acontece quando a progesterona está elevada
O estudo aponta que, para obter maiores chances de gravidez em um ciclo de FIV com uma nova transferência de embriões, vários elementos devem ser considerados.
Nos casos em que os níveis de progesterona estão muito altos, a sincronização entre o embrião e o endométrio fica comprometida. O estudo sugere que o aumento dos níveis de progesterona pode resultar em “promoção” do revestimento do útero, de tal modo que o útero não recebe bem o embrião que está pronto para implantar. Ou seja, a receptividade endometrial está comprometida, mostrando um descompasso entre o endométrio e embrião.
No entanto, em um ciclo FET (embrião congelado), alguns destes fatores cruciais de temporização são eliminados: paciente e equipe médica podem se concentrar na preparação do endométrio e descongelar os embriões quando o útero estiver pronto para a implantação. Esse momento ocorre quando o endométrio atinge 7 a 8mm de espessura e após 3 a 5 dias completos de progesterona natural por via vaginal, dependendo do dia em que o embrião foi congelado (terceiro dia ou blastocisto).
Um intervalo de um a dois meses entre os ciclos permite que os níveis de progesterona voltem ao seu normal, e isso pode aumentar as taxas de gravidez em cerca de 50%. Assim, este intervalo no tratamento não deve ser visto como um atraso, pois oferece aos pacientes e a seus embriões maiores chances de sucesso.