Receptividade Endometrial: O Que Isso Significa?
Receptividade endometrial – entenda sua relevância para a concepção, métodos de avaliação para melhorar essa condição, aumentando as chances...
Quatorze dias que podem significar a realização do sonho de uma vida. Esse período antecede o teste de gravidez para pessoas que se submeteram a um tratamento de infertilidade e pode propiciar algumas emoções extremas, como alegria, medo, tristeza, esperança, ansiedade.
Afinal, estamos falando sobre um sonho de ter um bebê e começar (ou aumentar) uma família. Pensando nisso, separamos algumas dúvidas muito comuns para nós que lidamos com infertilidade e que podem surgir nesse período.
O objetivo aqui é que o processo seja o mais tranquilo possível para você! Por isso, selecionamos algumas perguntas e respostas sobre as questões mais comuns nessa fase.
É o período do final do ciclo de tratamento até a realização do exame de sangue beta hCG quantitativo, que determina se houve implantação do embrião no útero. Após a nidação do embrião no endométrio (camada mais interna do útero), as células do trofoblasto (que formarão o bebê e placenta) produzem o hormônio hCG (gonadotrofina coriônica humana) em quantidades suficientes para serem detectadas pelo exame. Conhecido como o hormônio da gravidez, o hCG fornece quase 100% de chances de acerto, possuindo uma acurácia extremamente alta. Vale ressaltar que solicitamos o beta hCG quantitativo, exame que determina os valores em números, sendo importante para avaliar se os valores sobem em 48 horas. O beta hCG qualitativo não é o ideal, pois mostra apenas se está positivo ou negativo.
Vale lembrar que para o tratamento de inseminação artificial, o teste de gravidez é feito duas semanas após o procedimento. Para a fertilização in vitro, o teste deve ser feito duas semanas após a coleta de óvulos, ou nove a onze dias após a transferência embrionária, dependendo do dia (D3 ou D5) em que foi feita a transferência. O mesmo vale para os tratamentos com embriões congelados: nove a onze dias após a transferência, dependendo do dia de desenvolvimento embrionário.
Recomendamos às pacientes não fazerem testes de farmácia (fitas de urina) no período de duas semanas, pois estes exames podem errar, sendo indispensável o exame de sangue.
O chamado “falso positivo” pode ocorrer, já que o hormônio hCG é também usado no tratamento de infertilidade para estimular a ovulação, e pode portanto ser detectado na corrente sanguínea da mulher, indicando o resultado positivo, mesmo não havendo a implantação do óvulo. Isso ocorre quando se faz o exame muito antes da data indicada pelo médico, pois o teste acaba detectando o hCG usado na estimulação ovariana: na verdade é o medicamento, e não o embrião se implantando no útero. O “falso negativo” ocorre quando o teste é realizado poucos dias antes da data prevista, e os níveis de hCG ainda são baixos para serem detectados pela urina. O exame de sangue é bem mais sensível e preciso, e é por isso que deve-se esperar o tempo correto, afim de evitar frustrações.
Durante o período, você pode sentir como se estivesse prestes à menstruar. Seu corpo recebeu muitos medicamentos para promover o estado ideal para a gravidez, e podem ocorrer cólicas, inchaço abdominal, fadiga e inchaço das mamas (“seios”). Pequenos sangramentos ou manchas avermelhadas podem ocorrer. Tais sintomas podem causar preocupação, mas eles são comuns e não confirmam se a paciente está ou não grávida.
É importante ressaltar que, se os sintomas incluírem inchaço excessivo, dores fortes no abdome e falta de ar, pode ser o caso de síndrome de hiperestimulação ovariana, o que deve ser avaliado prontamente pelo médico especialista.
Sim, a maioria das pacientes deve continuar com a administração de progesterona (Crinone®, Utrogestan®, Evocanil® etc) para garantir um bom suporte de fase lútea. Também é comum usarmos estradiol por via oral (Natifa®, Primogyna®, Estrell® etc) ou transdérmica (Estradot® ou gel de estradiol). É importante não deixar de tomar as medicações para garantir o ambiente uterino adequado e uma boa receptividade endometrial.
Após a transferência de embrião na FIV, recomendamos repouso relativo nos dois primeiros dias. Pode andar, ir ao banheiro, sentar, sem problemas. Existem estudos que evidenciaram que o repouso não melhora a taxa de gravidez, mas achamos importante para que a paciente fique em harmonia e não se sinta culpada por fazer atividades nesse dois primeiros dias. Esse repouso é também para a mente, afinal, é a última etapa do tratamento e é normal estarmos ansiosos nessa fase. O repouso cai muito bem! A vida segue normal após esse dois dias, mas a paciente deve evitar atividades físicas e relações sexuais, prevenindo a contração uterina que pode prejudicar a implantação.
Não há obrigações quanto à dieta, mas recomendamos seguir uma alimentação adequada, considerando a possibilidade da gravidez. Alimentação saudável e equilibrada, evitando cafeína e álcool.
É seguro para a paciente estar perto da sua equipe médica, caso ocorra algum sangramento ou dor. O esforço de viagens com transporte, bagagem e fadiga podem deixar uma sensação negativa à paciente. Esteja perto da sua clínica para rápido atendimento, caso precise.
Níveis acima de 5 UI/L (ou mUI/mL) indicam que houve implantação embrionária.
Uma taxa acima de 100 UI/L é um excelente resultado, mas muitas gestações ocorrem mesmo com níveis mais baixos. Não existem níveis ideais. O mais importante é o seguimento dos níveis de beta hCG. Números elevados não são sinônimos de gestações múltiplas: somente o ultrassom permite a confirmação. Um novo beta hCG deve ser realizado 48 horas após o primeiro resultado positivo para verificar se os níveis de hCG continuam subindo, e se tudo correr bem, os níveis irão aumentar em pelo menos 60% entre um exame e outro.
Após 2 semanas do teste positivo, um ultrassom será realizado para confirmar a gestação dentro do útero e se houve um crescimento adequado. Em caso positivo, a paciente será encaminhada para um obstetra e continuar com os cuidados pré-natais.
Quando o teste vem positivo mas não sobe adequadamente, precisamos sempre acompanhar para descartar hipóteses de gravidez ectópica, quando o embrião se implanta fora da cavidade uterina. Quando o beta hCG regride, na imensa maioria das vezes é um sinal de que não vai evoluir, como num abortamento muito precoce. É a chamada gestação química, quando detectamos a gravidez apenas por exame de sangue, mas não vemos imagem no ultrassom.
Tão logo a gravidez é confirmada, determinamos a data da última menstruação de acordo com a data da ovulação (nos tratamentos de coito programado e inseminação artificial) ou da coleta de óvulos (para a fertilização in vitro). Subtraímos 14 dias destas datas para chegar à suposta data da última menstruação calculada. Assim, a data calculada pode não ser exatamente a mesma data da última menstruação verdadeira da paciente, aquela antes de começar o tratamento. Isso ocorre pois nos tratamentos de reprodução assistida utilizamos hormônios para manipular o ciclo menstrual, criando um ciclo diferente do habitual da paciente. Com a data da última menstruação calculada, podemos determinar a idade gestacional, que é sempre maior que a idade embrionária. É comum vermos as pacientes calculando a idade do embrião e não da gestação.
Em caso de insucesso, aconselhamos parar de usar os medicamentos hormonais, mantendo apenas as vitaminas. Neste momento é muito importante ter uma uma conversa com o seu médico especialista, para rever os procedimentos realizados no ciclo, e planejar os próximos passos. Essa etapa é fundamental para desenvolvermos planos para aumentar a chance de sucesso num próximo tratamento.
O médico irá determinar se há necessidade de descanso entre ciclos. Em muitos casos um novo ciclo poderá ser iniciado imediatamente após a menstruação.
Sabemos que essas duas semanas podem ser um período de estresse e preocupações. Temos sugestões de leitura e filmes para ajudar a passar pelo processo, assim como o suporte e depoimentos de mulheres que já passaram pelo tratamento.
Esse importante tempo de espera deve ser vivenciado da melhor forma possível, com muita calma, e com a convicção de que o melhor foi feito para aumentar as chances de sucesso.
Esse período de espera pode ser estressante e cheio de preocupações para a mulher, bem como para seu parceiro. Um dos sentimentos mais comuns é a ansiedade oriunda principalmente de terceiros. Todo casal já ouviu todo tipo de conselho para que a gravidez se concretize, e com tantas dicas é possível ficar ainda mais ansioso. Mas esse sentimento não afeta e não diminui as chances de gravidez, sendo apenas uma recomendação baseada no senso comum para “relaxar” e “desencanar”.
As duas semanas de espera devem ser vivenciada da melhor forma possível, e isso significa estar aberto a todas as barreiras e com convicção de que o melhor foi feito para garantir o sonho da concepção. Em caso de dúvida, não deixe de consultar o seu médico, a melhor maneira de combater a ansiedade é com informação.
Por Dra. Angélica Danielle Santos Comiran
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