Síndrome de Ovários Policísticos (SOP): diagnóstico e fenótipos

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A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) acomete de 5 a 15% das pacientes em idade fértil, a depender do critério utilizado.

Além de correlação com infertilidade feminina, as mulheres com SOP têm maior risco de desenvolver resistência à insulina, diabetes tipo 2, doença coronariana, dislipidemia, risco de AVC (acidente vascular cerebral), ansiedade e depressão. Durante a gestação há aumento do risco de diabetes gestacional, pré-eclampsia, macrossomia e mortalidade perinatal.

Em um estudo recente publicado no JCEM, após questionário aplicado a 1550 mulheres, pela Universidade da Pennsylvania, aponta que 47,1% das mulheres visitaram três ou mais médicos e 33,4% levaram mais de dois anos até o diagnóstico.

O diagnóstico atualmente mais utilizado ESHRE/ASRM 2003, conhecido também como critérios de Rotterdam: deverá apresentar dois de três critérios:

  • sinais clínicos ou laboratoriais de hiperandrogenismo (aumento dos hormônios masculinos);
  • disfunção ovulatória;
  • critérios ultrossonográficos de ovários policísticos.

Os critérios definidos em 2012 pelo US National Institutes of Health (NIH) além do diagnóstico divide em 4 fenótipos (formas clínicas), de acordo com as variações clínicas apresentada pelas pacientes:

FenótipoHiperandrogenismoDisfunção ovulatóriaCritérios ultrassonográficos
AXXX
BXX
CXX
DXX

 

Os fenótipos A e B são as formas clássicas, e, podem somar até 2/3 das pacientes com diagnóstico. Apresentam maior associação com disfunção menstrual, maiores níveis de insulina e de resistência à insulina, risco de síndrome metabólica, obesidade e esteatose hepática (gordura no fígado),  quando comparadas as mulheres com diagnóstico da forma não clássica e não hiperandrogênica. São também as pacientes que apresentam maiores índices do hormônio anti-mülleriano.

As pacientes com disfunção ovulatória, fenótipos A, B e D, são as pacientes com maiores índices de subfertilidade e infertilidade.

As pacientes com Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) apresentam maior risco de Síndrome de Hiperestimulação Ovariana, principalemente os fenótipos A, C e D.

As pacientes que apresentam o fenótipo D são aquelas com melhor controle metabólico, apresentam menor razão entre LH/ FSH, menores níveis de testosterona, quando comparadas com a forma clássica (A e B), com maiores taxas de SHBG (uma proteína que carrega os hormônios sexuais no corpo, ligando-se a eles).

A prevalência dos fenótipos de SOP variam muito de acordo com etnia. Na Dinamarca, o fenótipo C está presente em 72,1%, enquanto que, na Austrália, a prevalência é de 18,9%. Os outros 3 fenótipos apresentam distribuição semelhante.

A importância em classificar os fenótipos de SOP está em oferecer melhor orientação e avaliar os riscos de cada um deles.

Dra. Larissa

Por Dra. Larissa Matsumoto

Formada pela Faculdade de Medicina da UNICAMP, realizou Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia pelo Centro de Atenção Integral à Mulher (CAISM) da UNICAMP. Possui título de especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela TEGO, concedido pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). Atualmente, é pós-graduanda pela Faculdade de Medicina da UNICAMP e médica na Clínica VidaBemVinda.

01 de abr de 2017
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