Sexualidade no Casal Infértil

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Em geral, quando um casal decide ter um filho, espera-se que além de haver um aumento na frequência das relações sexuais, haja um fortalecimento do vínculo entre eles. Porém, após vários insucessos, devido ao estresse, cobranças e piora na auto-estima, não é incomum o aparecimento de disfunções sexuais, assim como também o casal passar por crise conjugal durante o tratamento da infertilidade.

A disfunção sexual está frequentemente relacionada à infertilidade, podendo ser tanto causa como consequência dela. Cerca de 5% dos casais infertéis têm a disfunção sexual como causa de infertilidade e estima-se que corresponda a 50% dos casos de infertilidade inexplicada devido a falta de queixa dos pacientes. No homem o mais prevalente é a disfunção erétil, e na mulher, o vaginismo.

Entretanto, é muito mais frequente a disfunção sexual como consequência de infertilidade. Após o diagnóstico de infertilidade, é frequente que o sexo, que antes tinha também fins de entretenimento, seja visto apenas com fins reprodutivos e motivo de fracasso.

Isso pode gerar crise no casamento. O ponto mais negativo, quando comparada a outras crises, é que a vida sexual do casal fica exposta. Provavelmente você já ouviu alguém falar que “aquele casal não transa” ou que “eles não engravidam porque não têm relação sexual”.

Na mulher, as disfunções mais prevalentes são diminuição da excitação e orgasmo (cerca de 32%) e diminuição do desejo (35%). No homem, os mais comuns são a disfunção erétil, que pode estar associada à depressão, e a ejaculação precoce (2 a 3 vezes maior nos casais inférteis que na população geral).

Em resumo, após alguns insucessos, devido a sentimentos de raiva, frustração, culpa e à perda do valor erótico e recreacional do sexo, ocorre diminuição da frequência sexual em 2/3 dos casais inférteis.

Nas mulheres em tratamento de Reprodução Humana, devido ao estímulo hormonal, ocorrem mudanças comuns como retenção de líquido, alteração de humor, alteração da imagem corpórea, diminuição da auto-estima e diminuição de excitação, desejo e orgasmo.

Os homens em geral se sentem excluídos da relação médico-paciente, apresentam dificuldades com períodos de abstinência sexual e coito programado. Além disso, sofrem de estresse e ansiedade. A disfunção erétil ocorre principalmente devido a cobrança por performance, na presença de alteração no espermograma e reação negativa da parceira.

Considerações finais

Estudos comprovaram que a terapia sexual e psicoterapia durante o tratamento aumenta as chances de sucesso de gravidez. Intimidade e sexualidade são partes importantes do relacionamento, sendo crucial não esquecer que o sexo não tem função apenas reprodutiva, mas também melhora o vínculo, proporciona prazer, divertimento e bem-estar. E por fim, não podemos esquecer que as disfunções sexuais transitórias podem se tornar permanentes se não tratadas adequadamente.

Dra. Larissa

Por Dra. Larissa Matsumoto

Formada pela Faculdade de Medicina da UNICAMP, realizou Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia pelo Centro de Atenção Integral à Mulher (CAISM) da UNICAMP. Possui título de especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela TEGO, concedido pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). Atualmente, é pós-graduanda pela Faculdade de Medicina da UNICAMP e médica na Clínica VidaBemVinda.

27 de jul de 2015
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