Recentemente um estudo sobre fertilidade apresentou dados interessantes: uma em cinco mulheres norte-americanas com idade entre 18 e 29 anos acredita ser infértil. Isso corresponde à enorme fatia de 20%. No entanto, na realidade, apenas 6% destas mulheres são mesmo inférteis. Então por que será que tantas pensam que não podem ter filhos?
As jovens de hoje não são mais inférteis que as jovens do passado, porém mais mulheres lutam para engravidar, devido ao estilo de vida dos dias atuais. Por exemplo, esperar o sucesso profissional antes dos filhos é uma decisão que interfere, pois a fertilidade feminina diminui com o passar do tempo. O planejamento familiar tem grande importância nos nossos planos financeiros, carreira e também nos planos emocionais.
Considerando as mulheres que pensam que não podem engravidar, e tendo em vista todas estas questões da vida moderna, lançamos a polêmica pergunta, intensamente emocional: mulheres jovens e saudáveis devem fazer exames de fertilidade?
Um dos maiores mitos sobre infertilidade é que esta pode ser causada por anticoncepcionais orais. Como uma enorme quantidade de mulheres toma pílula, muitas delas passam a acreditar que poderão ter dificuldades de ter filhos quando fizerem a pausa. Mas isso não é verdadeiro. Segundo especialistas, a pílula pode inclusive ajudar a melhorar a fertilidade, pois protege contra infecções pélvicas e, consequentemente, alterações nas tubas uterinas, reduz o risco de câncer de ovário e endométrio e controla os efeitos da síndrome de ovários policísticos.
O que então afeta a fertilidade? A idade é a questão de maior importância. Estudos mostram que as mulheres tem uma queda da fertilidade a partir dos 32 anos, e mais acentuadamente a partir dos 37 anos. Além da idade, os fatores determinantes para a infertilidade incluem o fumo e a obesidade.
Você deve fazer exames de fertilidade? A maioria das mulheres entre 18 e 30 não deve se preocupar com fertilidade. Mas, em alguns casos, você deve optar por exames, mesmo que você não esteja planejando engravidar tão cedo. Veja alguns casos em que estes testes podem ser interessantes:
- Se você tem cerca de 30 anos e ainda não teve filhos e pretende ter um dia (mas não num futuro muito próximo).
- Se você tem menos de 30 anos, e sua mãe teve menopausa precoce (menos de 40 anos de idade).
- Se você tem histórico familiar de doença autoimune, como artrite reumatóide e lúpus, que podem aumentar o risco de falência ovariana precoce.
- Se você está acima do peso ou fuma, sem planos de emagrecimento ou de parar de fumar.
- Se você teme ser infértil, a avaliação médica e exames ajudam a esclarecer suas dúvidas e programar com segurança o seu futuro reprodutivo.
Um exame para medir a reserva ovariana (quantidade e qualidade de óvulos) é o hormônio anti-mülleriano (AMH, sigla em inglês): quanto maior, maior a sua reserva ovariana. O exame pode ser feito em qualquer fase do ciclo menstrual e deve ser colhido em laboratório de confiança, já que os kits utilizados podem ter valores de referência diferentes. O valor de corte da normalidade depende da faixa etária e sempre deve ser analisado em conjunto com a contagem de folículos antrais (CFA), feita pelo ultrassom transvaginal no começo do ciclo menstrual.
Com o hormônio anti-mülleriano normal (ou acima da média), provavelmente você poderá esperar antes de procurar outras opções. Fazer o teste cm frequência (anual, por exemplo), permite uma comparação e alerta quando os níveis caem. Porém, isso não deve ser uma regra e o mais importante é procurar um médico especializado para orientá-la, caso a caso.
O hormônio anti-mülleriano baixo pode indicar que a reseva de óvulos está baixa, e caso você ainda não planeje engravidar nos próximos meses – mesmo que você tenha menos de 30 anos – talvez seja interessante considerar a possibilidade de congelar seus óvulos, o que será um grande investimento financeiro, com chances parciais de sucesso. Mas, se você realmente deseja filhos biológicos, o melhor é tentar o congelamento o quanto antes, para que seus óvulos sejam saudáveis neste momento. Por outro lado, a Fertilização in vitro (FIV), um método que você pode usar mais tarde caso venha a ter problemas para engravidar, terá um custo maior, especialmente se você precisar de óvulos de uma doadora. Em contrapartida, o acompanhamento médico de rotina e exames de sangue para avaliar a sua reserva ovariana é bem mais viável financeiramente e pode garantir sua paz de espírito, para entender sua real condição.
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