No processo de fertilização in vitro (FIV), cada etapa é decisiva para o sucesso do tratamento, desde a estimulação da ovulação até a seleção e transferência dos embriões.  A qualidade dos embriões, determinada por uma rigorosa classificação, desempenha um papel fundamental nos resultados da FIV.  

Continue a leitura e saiba mais sobre a classificação de embriões e a qualidade influenciam diretamente as chances de sucesso da fertilização, proporcionando oportunidades para casais em busca de tratamentos de fertilidade.

Qual é a relação entre a classificação de embriões e o resultado da FIV?

A classificação de embriões é um dos fatores mais determinantes no sucesso de um ciclo de fertilização in vitro (FIV). Ela é avaliada com base em dois critérios principais: a morfologia (aparência física) e a genética dos embriões. 

Embriões de alta qualidade aumentam significativamente as chances de uma gravidez bem-sucedida.

Classificação morfológica dos embriões e blastocistos

A qualidade morfológica dos embriões refere-se ao seu desenvolvimento celular e aparência sob o microscópio. A classificação de embriões é dada com base em três critérios:

  1. expansão da cavidade do blastocisto;
  2. qualidade da massa celular interna;
  3. qualidade das células externas (trofectoderma).

Um embrião totalmente expandido recebe nota 4 e se tiver alta qualidade dos outros dois parâmetros, ele será 4AA.

Um embrião que recebe nota 5AA, além de ser totalmente expandido, já está sofrendo processo que chamamos de ‘hatching’, ou seja, já está saindo da camada que o envolve e se preparando para implantar no útero.

Blastocistos que recebem nota 3BB, ou melhor, são considerados embriões de boa qualidade.

Apesar da gente falar 4AA ou 5AA, ambos têm as mesmas chances de gravidez, pois estão bem expandidos e tem uma alta qualidade morfológica. Também é importante ressaltar que embriões de pior qualidade morfológica podem gerar gravidez e, portanto, podem ser transferidos. Um blastocisto 3BC, por exemplo, tem chance de gravidez!

Leia também: Entenda Tudo Sobre a FIV (Fertilização In Vitro)

Avaliação genética dos embriões

Além da classificação morfológica, ainda existe a classificação genética. Para isso, realizamos a biópsia do embrião e analisamos a presença dos 46 cromossomos. Essa seleção responde se o embrião pode ou não ser transferido. Mas como existem indicações específicas, ela não é feita em todos os embriões. 

Por meio da biópsia embrionária realizada no estágio de blastocisto, é possível detectar anomalias cromossômicas e selecionar embriões geneticamente normais (euplóides) para a transferência, aumentando as chances de uma gravidez saudável.

Os principais métodos de avaliação genética incluem:

  • Biópsia Embrionária: realizada no estágio de blastocisto, consiste na retirada de uma pequena amostra de células do trofectoderma. Esse processo é essencial para permitir a análise genética do embrião, que será realizada por meio do Screening Genético Pré-Implantação (PGT).
  • Screening Genético Pré-Implantação (PGT): um conjunto de testes genéticos que avaliam os embriões conforme a orientação médica, buscando diferentes informações:
    • PGT-A (Aneuploidias): analisa o número de cromossomos em cada embrião, identificando aqueles com o número correto (euplóides), o que aumenta as chances de uma gestação saudável.
    • PGT-SR (Rearranjos Estruturais): indicado para casais com translocações ou outras alterações estruturais nos cromossomos, reduzindo o risco de embriões inviáveis.
    • PGT-M (Doenças Monogênicas): recomendado quando há histórico familiar de doenças genéticas específicas, permitindo identificar embriões que não herdaram a condição.

Esses exames tornam a seleção embrionária mais precisa, aumentando as chances de sucesso do tratamento e reduzindo riscos como abortos espontâneos ou doenças genéticas hereditárias.

Por que a avaliação genética é importante?

A avaliação genética permite identificar embriões mais saudáveis e geneticamente viáveis, aumentando as chances de uma gestação bem-sucedida e reduzindo o risco de abortos espontâneos ou doenças genéticas.

Em quais casos ela é especialmente recomendada?

  • Casais com idade materna avançada;
  • Histórico de abortos recorrentes;
  • Falhas repetidas na implantação;
  • Histórico familiar de doenças genéticas.

Quer descobrir como essa tecnologia pode transformar os resultados da fertilização in vitro? Assista ao vídeo abaixo.Teste Genético em Fertilização in vitro (FIV)

Como é feita a escolha de embriões na fertilização in vitro?

No tratamento de fertilização in vitro (FIV), após a estimulação ovariana e a coleta dos óvulos, estes são fertilizados pelos espermatozoides no laboratório. Os embriões resultantes permanecem em cultura por cinco a seis dias, sob condições rigorosamente controladas em incubadoras.

Durante esse período, os embriões evoluem de uma única célula até o estágio de blastocisto, com cerca de 100 a 200 células. Para identificar os embriões mais saudáveis e com maior potencial de implantação, é feita uma avaliação criteriosa em momentos-chave.

Essa análise pode ser otimizada com o uso do Embryoscope, uma incubadora digital que realiza o monitoramento contínuo dos embriões por meio de tecnologia time-lapse. 

Isso permite acompanhar o desenvolvimento sem os remover do ambiente controlado, preservando as condições ideais e fornecendo informações detalhadas para uma seleção ainda mais precisa. As etapas de avaliação consistem em:

  1. Dia 1 (D1): Um dia após a coleta dos óvulos, confirma-se a fertilização;
  2. Dia 3 (D3): O embrião ideal apresenta entre 6 e 10 células com fragmentação mínima. Um embrião com 8 células sem fragmentação (8A) é considerado excelente, mas classificações como 8B também são viáveis;
  3. Dia 5 ou 6: No estágio de blastocisto, o embrião forma uma estrutura preenchida por líquido, com uma camada externa de células (trofectoderma) e uma região mais densa chamada massa celular interna, que dará origem ao feto.

Quais são os fatores que podem influenciar a qualidade dos embriões?

Vários elementos podem impactar a qualidade dos embriões durante o processo de fertilização in vitro (FIV). Esses fatores são determinantes para o sucesso da implantação e para o desenvolvimento de uma gravidez saudável. 

Entre os principais fatores que exercem influência direta sobre a qualidade dos embriões estão:

1. Idade materna

A idade da mulher afeta diretamente a qualidade dos óvulos e, consequentemente, a classificação de embriões no processo de FIV. Mulheres mais jovens, geralmente abaixo dos 35 anos, tendem a produzir óvulos de melhor qualidade, resultando em embriões com maior viabilidade. 

Com o avanço da idade, aumenta a probabilidade de anomalias cromossômicas nos óvulos, o que pode resultar em embriões de menor qualidade.

2. Qualidade dos óvulos e espermatozoides

A saúde dos gametas (óvulos e espermatozoides) é fundamental para a formação de embriões saudáveis. 

Problemas como a baixa qualidade do sêmen, caracterizada por baixa motilidade ou morfologia anormal dos espermatozoides, podem comprometer a fertilização e o desenvolvimento embrionário. 

Da mesma forma, óvulos de baixa qualidade, que podem ser influenciados por fatores genéticos, idade ou saúde da mulher, impactam negativamente a formação dos embriões.

3. Protocolo de estimulação ovariana

O protocolo de estimulação ovariana pode impactar diretamente a classificação de embriões, uma vez que óvulos imaturos podem comprometer a qualidade dos embriões. Estímulos muito intensos ou inadequados podem levar à coleta de óvulos imaturos, ou de baixa qualidade, afetando a qualidade embrionária. 

Um protocolo de estimulação bem planejado e ajustado às necessidades individuais do paciente é essencial para otimizar a qualidade dos embriões.

4. Condições do laboratório de FIV

As condições ambientais do laboratório onde os embriões são cultivados desempenham um papel vital na sua qualidade. Fatores como a temperatura, os níveis de oxigênio, e a qualidade dos meios de cultura utilizados são essenciais para o desenvolvimento saudável dos embriões. 

Laboratórios de alta qualidade utilizam tecnologias avançadas para monitorar e ajustar constantemente esses parâmetros, garantindo um ambiente ideal para o crescimento embrionário.

5. Saúde e estilo de vida dos pais

A saúde geral e o estilo de vida dos pais, podem impactar a qualidade dos embriões. 

Fatores como alimentação inadequada, estresse elevado, uso de substâncias nocivas (álcool, tabaco, drogas), e a presença de doenças crônicas (como diabetes ou distúrbios hormonais) podem comprometer a qualidade dos óvulos e espermatozoides. 

Manter um estilo de vida saudável e gerenciar adequadamente condições médicas existentes são estratégias importantes para melhorar a qualidade dos embriões.

6. Fatores genéticos

Alterações genéticas ou anomalias cromossômicas presentes nos gametas podem afetar a qualidade dos embriões. Essas alterações podem resultar em embriões com baixa viabilidade, que são menos propensos a implantar no útero ou a se desenvolver em uma gravidez saudável. 

Testes genéticos pré-implantacionais, como o PGT, podem ser usados para identificar embriões geneticamente normais, melhorando as chances de sucesso da FIV.

7. Estresse oxidativo

O estresse oxidativo, causado por um desequilíbrio entre os radicais livres e os antioxidantes no corpo, pode danificar as células reprodutivas e afetar a qualidade dos embriões. 

Esse fator é particularmente relevante para mulheres com condições como endometriose ou síndrome dos ovários policísticos (SOP), que são associadas a altos níveis de estresse oxidativo.

Leia também: Quem Tem Ovário Policístico Pode Engravidar? — O Especialista Responde!

A relação entre a qualidade dos embriões e a FIV está justamente no fato que quanto melhor é a classificação morfológica, maiores são as chances de uma gravidez! Mas é importante ressaltar que isso não tem relação com as possibilidades do bebê ter algum problema de saúde. 

O que Significa um Embrião 5AA?

Como citado anteriormente, a classificação morfológica dos embriões desempenha um papel essencial na determinação das chances de sucesso da implantação e, consequentemente, de uma gravidez viável. 

Um embrião classificado como 5AA é considerado de altíssima qualidade, o que reflete diretamente sua capacidade de implantação no útero. A classificação “5AA” é composta por três componentes principais:

  • “5” indica o estágio de expansão do blastocisto. No caso do embrião 5AA, ele está completamente expandido, o que significa que ele se desenvolveu adequadamente até o estágio final do blastocisto, preparado para a implantação;
  • “A” refere-se à qualidade da massa celular interna (MCI), que é a estrutura que dará origem ao feto. A letra “A” indica que a MCI é de excelente qualidade, com células bem organizadas e compactas;
  • “A” também refere-se à qualidade do trofoectoderma, a camada de células que formará a placenta. Neste caso, a segunda “A” indica que essas células também são de excelente qualidade, coesas e organizadas.

Embriões D5:  Quais são suas características e por que são importantes na FIV?

Os embriões D5, ou embriões cultivados até o quinto dia após a fertilização alcançam o estágio de blastocisto, um marco crucial no tratamento  de fertilização in vitro (FIV). 

Esse estágio fornece informações valiosas sobre a qualidade e viabilidade dos embriões, facilitando uma seleção mais precisa para a transferência. A seguir, estão as principais características que tornam os embriões D5 importantes na FIV:

  • Desenvolvimento avançado: No estágio de blastocisto, os embriões possuem entre 100 a 200 células, o que demonstra maior capacidade de desenvolvimento após transferência.
  • classificação detalhada: Os embriões são avaliados quanto à expansão do blastocisto e à qualidade da massa celular interna (que dará origem ao feto) e do trofoectoderma (que formará a placenta). Por exemplo, um embrião classificado como 5AA é considerado de alta viabilidade.
  • processo de ‘hatching’:  No quinto dia, a, alguns embriões começam a se libertar da zona pelúcida, processo chamado “hatching”, que os prepara para a implantação no úrtero. , ando se libertam da zona pelúcida, preparando-se para a implantação no útero.

Por que os embriões D5 são importantes?

A transferência de embriões no estágio D5 é amplamente adotada devido às suas vantagens para o sucesso da FIV:

  • Maior chance de sucesso: embriões que atingem o estágio D5 têm maior probabilidade de implantação, pois já demonstraram avançar para um estágio mais complexo de desenvolvimento.
  • Seleção natural: O cultivo até o quinto dia ajuda a identificar os embriões mais viáveis, reduzindo o risco de transferências múltiplas e suas complicações.
  • Sincronização com o útero: A transferência no estágio D5 ocorre em um momento mais alinhado ao ciclo natural do útero, otimizando as chances de implantação.

Embora os embriões D5 ofereçam diversas vantagens, nem todos os embriões cultivados até o quinto dia atingirão o estágio de blastocisto. Por isso, a decisão de estender o cultivo deve ser tomada com base em uma análise cuidadosa de cada caso, considerando a qualidade inicial dos embriões e fatores clínicos individuais.

Agora que você já sabe mais sobre os embriões D5 e seu impacto no sucesso da FIV, que tal explorar outros artigos sobre o processo de escolha e transferência de embriões? Esses conhecimentos podem ajudar a esclarecer suas dúvidas e trazer mais confiança durante o tratamento.

Leia nosso artigo completo sobre o processo de seleção de embriões na FIV e tome decisões mais informadas para o seu tratamento!