As estatísticas de sucesso de FIV demonstram o quanto essa técnica de fertilização pode ser eficiente, e consequentemente, como ela traduz alegria aos casais que buscam engravidar, mas que precisam de tratamento especial.
Mas estamos falando sobre a complexidade do corpo humano, onde nenhuma técnica garante 100% de eficiência. E mesmo em meio a tantos avanços da medicina, temos que encarar que existem chances de insucesso, infelizmente.
Muitas mulheres que tiveram um ciclo mal sucedido obtém o sucesso no próximo. Enquanto nem todos os fatores podem ser corrigidos, alguns podem ser identificados para reduzir as chances de falha no ciclo seguinte. Inúmeros são os fatores que determinam o porquê a técnica pode ou não dar certo, é importante conhecer os principais fatores envolvidos em cada caso individualmente:
Idade da mulher
A idade é um fator importante ao determinar o sucesso ou falha da FIV. Conforme a mulher envelhece, a qualidade e quantidade de seus óvulos diminuem. O declínio começa por volta dos 30 anos e acelera após os 37 anos. Em uma mulher de 35 anos, a taxa de gravidez por transferência de embrião utilizando óvulos próprios é de aproximadamente 40%. Aos 40 anos, as chances caem para 25%.
Qualidade embrionária
Especialistas em fertilidade verificam a qualidade do embrião através da quantidade de células presentes após a fertilização.
O óvulo fertilizado (embrião) inicia o processo como uma única célula, e multiplica-se nos dias subsequentes (mitose). Três dias após a fertilização um embrião sadio deve possuir de 6 a 8 células e sem fragmentação. Ex.: um embrião de boa qualidade no terceiro dia seria 8 células grau A (ou 8 células grau 1). Embriões com número menor de células e alta fragmentação (C ou D) possuem menos chances e normalmente não evoluem.
Resposta Ovariana
Em geral, quanto mais óvulos são produzidos por ciclo, maiores as chances de um ciclo da FIV ser bem sucedido. Em algumas mulheres, no entanto, não há bom desenvolvimento dos folículos pois os seus ovários não respondem às medicações (hormônios) para o desenvolvimento e amadurecimento dos múltiplos óvulos (cada folículo produz um óvulo). Sua resposta à estimulação ovariana terá menor eficácia se tiver mais do que 37 anos, possuir níveis elevados de FSH (hormônio folículo estimulante), níveis baixos de AMH (hormônio anti-Mülleriano) ou tiver número reduzido de folículos em seus ovários, que pode ser avaliado pela contagem de folículos antrais com um ultrassom transvaginal no início do ciclo menstrual.
Complicações na implantação
A falha de implantação ou abortamento após uma FIV pode ter relação com doenças uterinas, como pólipos e miomas. No entanto, muitos especialistas acreditam que a maioria das falhas na implantação e abortamentos ocorrem devido ao não desenvolvimento do embrião (o embrião pára de crescer, não há multiplicação celular), sendo que isso geralmente decorre de causas genéticas do próprio embrião. Uma outra causa de falha de implantação é a mudança da janela de implantação, período em que o endométrio deve receber e nutrir o embrião para que ele se implante no útero e comece a produzir as células que vão formar a placenta, além do próprio feto. Isso pode ser analisado hoje com o ERA, endometrial receptivity array, feito através da avaliação da expressão de genes no endométrio.
Devido ao estresse emocional, físico e do planejamento financeiro necessário para a realização de uma FIV, é comum que o casal precise de mais de uma tentativa em caso de insucesso no primeiro ciclo.
Por exemplo, uma mulher abaixo dos 39 anos de idade, utilizando seus próprios óvulos e possuindo boas condições, através de um bom tratamento de FIV, possui 80%-90% de chances de engravidar durante 3 ciclos.
Mulheres com cerca de 40 anos com as mesmas condições terão 45% de chances durante os mesmos 3 ciclos.
Casais em tratamento de FIV devem vivenciar o processo com otimismo, pois muitos são os tratamentos e possibilidades, mas lidar com o insucesoo também é parte da rotina.
Foque nos bons resultados que a FIV traz e busque suporte por parte dos profissionais da área, a relação de confiança junto a equipe médica é um fundamental.