O Que É Biópsia De Embrião? Tire Suas Dúvidas Sobre o Procedimento

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“Biópsia” é um termo que pode causar medo em algumas pessoas, mas não tenha receio, futura mamãe ou papai. A biópsia de embrião é um procedimento muito importante, que ocorre em tratamentos de Fertilização in Vitro (FIV)

Nele, são retiradas algumas células embrionárias para que seja realizada uma análise genética em laboratório. E, a depender do tipo da análise feita, é possível identificar as alterações em número de cromossomos (aneuploidias), translocação cromossômica ou alteração genética.

Continue a leitura do artigo para entender:

  • o que é biópsia de embrião;
  • como a biópsia embrionária é realizada;
  • quando a biópsia de embrião é indicada;
  • quais são os riscos da biópsia de embrião;
  • o que fazer quando os resultados da biópsia embrionária apresentam anomalias;
  • quais são as chances de sucesso na gravidez depois da biópsia de embrião.

O que é biópsia de embrião?

Como dissemos anteriormente, a biópsia de embrião é uma etapa importante do tratamento de FIV, principalmente porque é uma forma segura de identificar se o material genético apresenta alguma alteração cromossômica ou gênica que coloque em risco a vida do futuro bebê.

Essa análise é feita após a formação do embrião, geralmente no estágio de blastocisto (embrião de quinto dia), depois da fertilização do óvulo com espermatozoide e antes da transferência do embrião para o útero. 

Enquanto o embrião é mantido congelado na clínica, o material recolhido na biópsia é enviado para a realização de testes. Essa análise é chamada de PGT (Preimplantation Genetic Testing ou, em português, Teste Genético Pré-Implantacional). 

Como funciona a biópsia de embrião?

A biópsia de embrião é realizada quando os materiais genéticos coletados estão em processo de:

  • clivagem — fase inicial do desenvolvimento embrionário, geralmente após o terceiro dia;
  • ou em estágio blastocisto — a partir do quinto ou sexto dia do embrião. 

Biópsia de embriões de 3 dias

Neste exame, há mais chances de danificar o embrião e do resultado ser inconclusivo, devido à baixa quantidade de material enviada para análise. O embrião de terceiro dia tem entre 6 e 12 células, apenas uma ou duas são enviadas para análise. 

Biópsia de embriões de 5 ou 6 dias

No quinto ou sexto dia é retirada  uma quantidade maior de células sem comprometer o desenvolvimento do embrião para estudar os 24 cromossomos. Geralmente, esse exame é capaz de identificar doenças como:

  • Síndrome de Down;
  • Síndrome de Turner;
  • Síndrome de Patau;
  • Síndrome de Edwards.

Como a biópsia de embrião é feita?

Agora que você já sabe a importância de fazer a biópsia de embrião, vamos falar sobre as técnicas utilizadas para o procedimento. 

Como dito anteriormente, o embrião fica congelado na clínica de reprodução e apenas uma pequena parte dele é extraída para que o laboratório faça os estudos. Essa micromanipulação, como também é chamada, acontece da seguinte forma:

  1. há uma imobilização do embrião com um instrumento chamado pipeta;
  2. é feito um furo de aproximadamente 35mm na zona pelúcida (camada externa do embrião) com a borrifação de uma solução ácida de Tyrode (fluido intersticial comumente usado nesse tipo de exame) com outra pipeta de 10mm — essa etapa é conhecida como eclosão assistida;
  3. depois dessa pequena abertura, a pipeta com o ácido de Tyrode é removida e os blastômeros são aspirados, ou seja, as células necessárias são retiradas para fazer o estudo;
  4. enquanto os profissionais e a paciente aguardam o resultado dos exames (período de até dois dias), os embriões são congelados e armazenados novamente;
  5. somente após a confirmação de que estão viáveis  é que o laboratório de Fertilização in Vitro pode dar sequência ao tratamento e transferir o embrião para o útero.

Quais são os riscos da biópsia de embrião?

Todo o procedimento — da biópsia ao congelamento dos embriões — é extremamente importante para o tratamento de FIV. E quando realizado por profissionais altamente qualificados, não traz riscos ao embrião. Por isso, é fundamental escolher uma clínica segura e experiente para realizar o exame.

Não tenha medo, esse é um passo necessário para diminuir o tempo para engravidar e evitar abortamentos, além de diminuir falhas de implantação embrionária e doenças cromossômicas e gênicas, principalmente quando há histórico familiar.

Quando a biópsia embrionária é indicada?

Geralmente, o exame é indicado para:

  • mulheres cis e homens trans acima de 38 anos;
  • pacientes com histórico de abortamento de repetição;
  • casos em que já foi tentado o FIV e houve falha de implantação;
  • se um dos membros ou o casal apresentar algum tipo de mutação genética.

É importante reforçar que o procedimento pode ser feito em diferentes situações, mas ele é ainda mais recomendado quando há histórico de doenças genéticas ou hereditárias na família. 

Entenda melhor cada uma das indicações para a realização da biópsia de embrião:

Idade avançada

Os óvulos gerados por pessoas com mais de 40 anos, por exemplo, estão mais suscetíveis a resultarem em embriões aneuploides (aqueles com alteração do número de cromossomos). Outra preocupação é que as chances de ocorrer um aborto espontâneo também sejam maiores. Por isso, a idade é um dos fatores que determina quando a biópsia está indicada. 

Histórico de doença genética na família

Quando um dos futuros pais apresenta algum caso de doença genética na família também é indicado realizar o procedimento para analisar se o embrião carrega o gene da doença.

Além disso, se o casal já tiver filhos com algum tipo de síndrome, como a Síndrome de Down, é válido fazer o exame.

Falha na implantação

Infelizmente, nem todo procedimento de Fertilização in Vitro resulta em uma gravidez logo na primeira tentativa. Mesmo que a taxa de sucesso no tratamento seja alta, ainda assim há chances de falha na implantação. Mas, lembre-se: isso não é culpa do casal e o resultado positivo pode vir em novas tentativas. 

Nesses casos, a biópsia é indicada porque pode informar aos profissionais e pacientes possíveis motivos de falha ou também de abortamentos. Assim, o procedimento é feito para diminuir o tempo para engravidar e aumentar a chance de implantação naquele ciclo. 

Vale dizer que mesmo os pacientes que não se encaixam em nenhuma das situações citadas podem fazer a biópsia embrionária como medida preventiva. Um detalhe muito importante, no entanto, é que o procedimento só pode ser feito por motivos de saúde e não para a escolha do sexo do bebê.

O que fazer quando o resultado da biópsia de embrião apresentar anomalias?

Quando o embrião analisado na biópsia apresentar alguma das doenças mencionadas, o recomendado é não transferir o embrião alterado e partir para uma nova tentativa. Caso ocorram várias tentativas sem sucesso, a paciente ou o casal podem recorrer à doação de óvulos e/ou espermatozoides. 

A ovorecepção é um dos métodos que ajudam no tratamento de reprodução assistida. Nesse procedimento, a pessoa recebe o material genético de um banco de óvulos congelados ou com óvulos frescos. Também é possível recorrer à doação de sêmen ou coletar o esperma do cônjuge ou doador no momento indicado pela equipe da clínica.

O Que É Biópsia De Embrião?

Quais são as chances de sucesso na gravidez depois da biópsia de embrião?

Quando transferimos um embrião euploide, ou seja, com número de cromossomos normais, a chance de sucesso da gravidez pode chegar a até 65%. Já para os tratamentos de FIV que utilizam as técnicas de ovodoação sem análise genética, indicadores apontam uma taxa de sucesso de 50 a 60%. Os dados da VidaBemVinda apontam uma taxa cumulativa de 70%.

Agora que você tirou suas dúvidas sobre biópsia de embriões, se quiser saber mais sobre reprodução assistida, baixe gratuitamente o nosso e-book “Fertilização In Vitro de A – Z”. Com esse material, você vai entender todas as etapas do tratamento que ajuda milhões de pessoas a realizarem o sonho de ter filhos!

Dra. Fernanda Imperial

Por Dra. Fernanda Imperial Carneiro Liez

Especialista em Ginecologia e Obstetrícia. Formada pela Faculdade de Medicina do ABC. Fez residência médica em Ginecologia e Obstetrícia no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Especialização em Reprodução Humana no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC-FMUSP).

16 de mar de 2023
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