“Se algo tem oferta ilimitada, seu valor tende a diminuir.”
É a lei da oferta e procura. No início de um relacionamento, a alta dose de desejo sexual, além de buscar um vínculo com o parceiro, está associada ao fato que nem sempre o sexo está disponível. A mulher se produz para a conquista, muitas vezes já acorda planejando como será o encontro amoroso/sexual. Isso não acontece com frequência nos longos relacionamentos em que os casais moram juntos. O sexo tem de ser incorporado na rotina, se torna mecânico.
A falta de desejo é a queixa sexual mais comum entre as mulheres em todas as idades. Em relacionamentos de longa duração pode chegar a quase 60%. Quando isso ocorre, pode evoluir com uma crise no casamento. Isso porque a mulher, muitas vezes, começa a evitar o sexo com o parceiro e este, por sua vez, pode começar a ter questionamentos relacionados à insegurança. Muitas vezes ele começa a pensar que sua parceira está tendo um relacionamento extraconjugal ou então, passa a não se sentir amado. Para evitar brigas ou discussões, muitas acabam fazendo sexo contra a vontade, apenas para a satisfação do marido e assim, suas experiências sexuais passam a ser cada vez mais negativas, iniciando-se um ciclo vicioso, onde sua libido vai diminuindo gradativamente. Algumas mulheres chegam a pensar que, por elas, não precisariam fazer sexo nunca mais.
O desejo sexual em mulheres está muito relacionado à duração do relacionamento. Ou seja, quanto maior o tempo de relacionamento, maior a chance de ocorrer uma diminuição do desejo sexual.
Um estudo recente revelou que 60% das mulheres de 30 anos entrevistadas queriam sexo frequentemente no início do relacionamento. Após quatro anos de união: menos de 50% continuavam com o mesmo desejo. Depois de 20 anos, eram apenas 20%. Já para os homens, em geral, essa queixa não é tão frequente, apresentando libido inalterada em 60 a 80% dos casos.
Outro fator importante a ser considerado, já que essa queixa ocorre frequentemente em casais heterossexuais, é a discordância de desejo entre homens e mulheres. Quando se realizou um questionário com mulheres brasileiras, perguntando qual a frequência de relações sexuais semanais ideal, elas responderam em média 4 vezes por semana. Em contraposição, para os homens, seria em torno de 6 vezes por semana. Portanto, em algumas situações, não ocorreria diminuição do desejo como algo patológico, e sim, um desejo naturalmente menor nas mulheres.
Para tentar melhorar o desejo sexual, devemos saber quais os fatores que podem contribuir para a diminuição do desejo sexual em mulheres. São eles:
– Falta de estímulo para instigar o engajamento para o ato sexual entre o casal.
– Diminuição da predisposição instintiva (paixão).
– Rotina, inércia
– Disfunção sexual do parceiro
– Conflitos relacionais:
– Falta de companheirismo,
– Inabilidade nas carícias,
– Relação agressiva,
– Mágoa,
– Vingança
– Traição
– Filhos (principalmente aqueles que dormem no mesmo quarto que os pais)
– Amamentação
– Depressão
– Abuso sexual
– Distúrbios hormonais
– Menopausa
– Anticoncepcionais hormonais
– Medicamentos
A evitação sexual é uma agravante para a diminuição da libido. Quanto mais se evita, menos vontade se tem de fazer sexo. Por outro lado, quando se faz sexo contra a vontade e a experiência é ruim, também contribui para diminuir ainda mais o desejo.
Então, o que fazer?
– Não trate o desejo para o sexo como algo que virá naturalmente. Em relacionamentos duradouros, ele é muito mais responsivo a estímulos do que espontâneo. Quanto mais se pensa em sexo, mais se tem vontade de fazê-lo. Use a imaginação, assista filmes, leia contos eróticos.
– Dê prioridade para o sexo. Mulheres, mães e esposas costumam priorizar o trabalho, o cuidado com os filhos ou os afazeres domésticos. Mulheres com maior prioridade para sexo e que pensam mais em sexo, tem muito menos queixas de diminuição de desejo.
– Invista no relacionamento. Casais com bom relacionamento afetivo também apresentam menos queixas sexuais. Tente resgatar o clima de namoro, com maior tolerância mútua e maior troca de carinhos. Lembre-se da época de namoro, quando o sexo não era tão disponível e, por isso, mais interessante. Reserve dias da semana exclusivamente para esse fim. Programar algo especial e diferente, com intenção erótica pode ajudar!
– Conheça o seu corpo. O exercício da masturbação é excelente para que a mulher tenha domínio do próprio corpo. Além de melhorar a autoconfiança durante o sexo com o parceiro, melhora a concentração.
– Saiba que existem diferenças de gênero. A resposta sexual masculina, em geral, é mais rápida que a feminina. Por isso, tente conversar com seu parceiro para ir devagar e investir em preliminares. Dedique mais tempo para momentos íntimos a dois (que não incluam necessariamente contato genital). O diálogo para sensibilizar o parceiro para carícias rotineiras e jogos sexuais é muito importante!
– Diferencie preconceitos (ideias erradas) de informações comprovadas por especialistas.
– Realce aspectos positivos do parceiro. Tente não ser tão crítica, lembrando sempre dos motivos pelo qual você se apaixonou por ele e que fazem com que estejam juntos.
– Evite brigas desnecessárias. É necessário o ajuste do casal para o equilíbrio familiar.
– Libere as fantasias sexuais. Usar a imaginação pode ajudar a quebrar a rotina.
– Psicoterapia ou terapia de casal. Indicada para os casais com relação conflituosa e/ou agressiva.
– Terapia sexual com avaliação ginecológica. Para descartar distúrbios hormonais ou doenças. Para ajudar a recomeçar.