Exames e tratamentos para a infertilidade inexplicada

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Muitos casais que planejam engravidar acabam se deparando com problemas de infertilidade. Desse universo, de 5 a 26% sofrem de infertilidade inexplicada, também conhecida como idiopática ou infertilidade sem causa aparente (ISCA).

Estudos sugerem que aproximadamente 15% dos casais brasileiros tem ISCA. O desconhecimento da causa da infertilidade angustia os pacientes, tornando a situação ainda mais delicada e difícil.

Agora, veja como a porcentagem de ISCA varia muito. E isso é devido à qualidade da investigação das causas de infertilidade: quanto melhor a investigação, mais fatores serão diagnosticados e menos casos terão o rótulo de “infertilidade sem causa aparente”.

Sabe-se que a infertilidade sem causa aparente é mais comum em mulheres com mais de 35 anos de idade. Isso acontece devido à queda natural de fertilidade, conforme o envelhecimento da mulher e de seus óvulos, que perdem quantidade e qualidade. Essa queda de fertilidade natural pode prejudicar tanto a concepção quanto o desenvolvimento embrionário.

Muitas vezes o casal fez diversos exames, todos normais. Mas a idade da mulher é avançada, o que pode implicar uma pior qualidade de óvulos, sendo difícil diagnosticar esse fator. São esses casais que comumente tem ISCA.

Depois dos 37 anos, porém, a fertilidade feminina declina com ainda mais intensidade. Uma gestação depois dos 43 anos, por sua vez, é bastante rara, ainda que não impossível de acontecer.

As chances de engravidar diminuem ainda mais depois de três anos de tentativas. Pesquisas apontam que as chances iniciais de engravidar caem para menos de 50% depois desse período, tornando um tratamento de reprodução assistida essencial.

A revista Reproductive BioMedicine divulgou, em novembro de 2012, um estudo da Universidade de Belfast que acredita ter descoberto a principal causa da infertilidade idiopática. Ela estaria fundamentalmente ligada à baixa mobilidade ou ao baixo número de espermatozoides – em geral, 80% dos casais com infertilidade inexplicada possuiriam um elevado dano no DNA dos espermatozoides.

Isso pode ser avaliado com um exame que poucos médicos solicitam (ou desconhecem): Índice de Fragmentação do DNA espermático. É um exame que pode ser avaliado juntamente com o espermograma, no sêmen ejaculado.

Por outro lado, esse estudo aponta a fertilização in vitro (FIV) como o tratamento mais eficiente. Se danos no DNA corresponderem a 25% dos espermatozoides, a probabilidade de a mulher engravidar diminui consideravelmente, mesmo submetida a outros tratamentos de infertilidade. Algumas doenças como varicocele (link para texto de varicocele) aumentam a fragmentação do DNA no sêmen.

A cirurgia para correção da varicocele e vitaminas antioxidantes podem reduzir a taxa de fragmentação e melhorar os resultados. Alguns estudos notaram que altas taxas de fragmentação estão associadas a baixa qualidade embrionária e aumento de abortamento espontâneo.

Já uma pesquisa publicada pelo jornal científico Fertility and Sterility levanta a questão do estresse como fator causador de infertilidade. Profissionais da área da saúde historicamente relacionam esse tipo de problema a questões emocionais, mas essa teoria torna-se cada vez mais difícil de ser sustentada, já que a prática clínica atesta que a maioria dos casos de infertilidade é resultado de problemas físicos nos sistemas reprodutivos do homem e da mulher.

Vale ressaltar que cerca de 40 a 50% das mulheres com ISCA têm endometriose não diagnosticada num primeiro momento. Daí a importância de se fazer uma boa consulta com exame ginecológico completo, e realizar exames mais específicos como dosagem de CA-125, ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal ou ressonância magnética para detectar casos mais difíceis de endometriose.

Para aumentar as chances de gravidez, podem ser adotados procedimentos como inseminação intrauterina ou a própria FIV, indicada como o tratamento mais eficaz à infertilidade sem causa aparente. A FIV ajuda a atingir a gestação mais rapidamente, fornece detalhes sobre as causas da infertilidade e oferece taxas de sucesso muito maiores do que a inseminação intrauterina (45% contra 12%).

Alguns exames médicos podem ser feitos e fornecer pistas sobre a origem da infertilidade:

  • Medir os níveis de FSH (hormônio folículo estimulante) e AMH (hormônio antimulleriano) fornece uma ideia da reserva ovariana da mulher;
  • A histerossalpingografia  avalia a cavidade uterina e as tubas, permitindo diagnosticar miomas, pólipos, cicatrizes e alterações tubárias que dificultam a gravidez. É comum vermos exames malfeitos, em que a paciente teve muita dor e o exame foi incompleto. Isso pode limitar o diagnóstico de uma causa muito importante como os fatores tubários;
  • A videolaparoscopia, feita em ambiente hospitalar e sob anestesia geral através de microcâmera de vídeo introduzida no abdome, visualiza todos os órgãos reprodutores femininos: útero, trompas, ovários. Diagnostica a permeabilidade tubárea e doenças como endometriose.

Espemograma: talvez um dos principais exames da investigação, a análise seminal deve ser feita em laboratório de confiança, com métodos atualizados e modernos. Frequentemente vemos espermogramas desatualizados, que parecem “normais”, mas que escondem alterações importantes quando feito em um bom laboratório.

Se você tem diagnóstico de Infertilidade Sem Causa Aparente, converse com um especialista em Reprodução Humana. Leve todos seus exames para seu médico rever e avaliar se realmente não há nenhuma causa de infertilidade. É muito provável que com exames mais específicos e realizados em bons laboratórios, você tenha uma explicação para sua dificuldade, sendo mais fácil tratar.

Dra. Larissa

Por Dra. Larissa Matsumoto

Formada pela Faculdade de Medicina da UNICAMP, realizou Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia pelo Centro de Atenção Integral à Mulher (CAISM) da UNICAMP. Possui título de especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela TEGO, concedido pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). Atualmente, é pós-graduanda pela Faculdade de Medicina da UNICAMP e médica na Clínica VidaBemVinda.

30 de out de 2015
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