Receptividade Endometrial: O Que Isso Significa?
Receptividade endometrial – entenda sua relevância para a concepção, métodos de avaliação para melhorar essa condição, aumentando as chances...
Em muitos casos, a infertilidade está relacionada a alterações nas tubas uterinas. E o principal exame para avaliar as tubas é a histerossalpingografia (HSG).
A Histerossalpingografia (HSG) é uma radiografia com contraste da cavidade uterina e das tubas (trompas de Falópio). Realizam-se radiografias em série, com a injeção de um contraste iodado líquido através do colo do útero, com o auxílio de um cateter fino e flexível. O principal objetivo da histerossalpingografia é avaliar o formato das tubas uterinas, verificar se estão obstruídas, dilatadas ou com trajeto alterado. Pode também dar informações sobre a anatomia do útero, malformação uterina, pólipos, miomas ou sinéquias (aderências, cicatrizes) uterinas.
Dois fatores podem ser diagnosticados:
A HSG é realizada após a menstruação e antes da ovulação, para não interferir com uma possível gravidez, normalmente do 6º ao 12º dia do ciclo menstrual. Para as pacientes que não ovulam, a HSG pode ser feita em qualquer fase, mas a hipótese de gravidez deve ser excluída. O exame é realizado com a paciente acordada, não sendo necessário anestesia nem jejum. Normalmente é realizado em laboratórios de diagnósticos, por um médico radiologista. O médico pode sugerir um analgésico ou anti-inflamatório uma hora antes para reduzir qualquer desconforto.
A paciente se deita em posição ginecológica e o médico realiza um rápido exame da pelve para inserir um espéculo vaginal. Coloca-se um fino cateter no orifício do colo do útero, por onde é injetado uma pequena quantidade de contraste com iodo. Um aparelho de raio-x registra as imagens de diferentes ângulos da pelve pela região abdominal inferior. Após o procedimento, o cateter é removido e a paciente pode ir para casa normalmente. O tempo total de procedimento é de cerca de 20 minutos.
A HSG é um procedimento seguro, com poucos riscos.
Em menos de 1% dos casos, pode ocorrer infecção, que é mais comum se houver antecedente de infecção tubária ou corrimento bacteriano recente. A paciente deve procurar o médico caso sinta febre ou dor intensa após o exame. O exame não deve ser realizado caso a paciente apresente corrimento vaginal ou outra suspeita de infecção pélvica, pois a injeção do contraste pode levar as bactérias ao útero e tubas.
Outro risco envolve a alergia a iodo. A paciente deve relatar ao médico caso tenha alergia a iodo, e retornar em caso de inchaço ou coceira na região.
A histerossalpingografia utiliza baixa radiação, o que não causa danos, mesmo quando a paciente engravida nas semanas após o exame. Mas radiação é nociva para o feto, e o exame não pode ser realizado durante a gestação.
Muitas mulheres têm medo da dor durante a HSG, pois os procedimentos antigos eram de fato dolorosos e ainda são realizados em muitos laboratórios. Mas os processos evoluíram e os laboratórios modernos utilizam técnicas menos invasivas, com cateteres delicados e maleáveis, além de contraste hidrossolúvel. A grande maioria das mulheres relata a sensação de cólicas leves, e algumas sentem um desconforto mínimo ou nenhum.
A inserção do espéculo lembra o exame de Papanicolau. Se a paciente costuma sentir desconforto nesse tipo de exame, é provável que irá sentir de maneira semelhante na HSG. As cólicas geralmente duram 5 minutos na maioria dos casos, e existem também relatos de pacientes que as sentiram perdurar por algumas horas após o procedimento.
Alguns cuidados dos laboratórios que fazem bem o exame são fundamentais para que a paciente não tenha dor e não haja resultados comprometidos:
Quando o líquido com o contraste iodado é injetado através do colo do útero, pode ocorrer uma sensação de aquecimento interno.
Se houver obstrução das tubas, pode haver certa dor no ponto de pressão do líquido com a área obstruída.
Sentir medo e ansiedade pode aumentar a percepção da dor. O teste pode ser incômodo, com uma máquina de raio-x por cima da paciente em uma postura desconfortável. O importante é relaxar, respirar e manter a calma. O exame é rápido e importante. Realize o procedimento em um laboratório indicado pelo seu médico. Isso lhe dará segurança e tudo será mais fácil.
A paciente pode sentir leves cólicas. Aconselhamos o uso de analgésicos (dipirona, escopolamina, paracetamol, anti-inflamatórios) para minimizar o desconforto. Geralmente, pode-se retornar às atividades normais após o exame, mas alguns médicos podem indicar a suspensão da atividade sexual por alguns dias.
Quando a HSG indica formato uterino normal e permeabilidade tubária bilateral, descarta-se a possibilidade de obstrução das tubas ou malformações uterinas como causas da infertilidade.
No entanto, se exames posteriores não revelarem as causas da infertilidade ou abortos espontâneos recorrentes, costumamos pedir uma histeroscopia para obtermos mais detalhes sobre os resultados do HSG. Na histeroscopia, uma pequena ótica com câmera é inserida no orifício do colo do útero para uma análise mais detalhada. Um estudo divulgou 35% de falsos negativos com HSG, ou seja, foi preciso a histeroscopia para encontrar anomalias no formato uterino.
É importante lembrar que HSG não diagnostica a endometriose, mas pode dar sinais, quando existem imagens de aderências tubárias. Além disso, alguns sinais da HSG podem sugerir adenomiose.
Se a HSG indicar malformação uterina, ou não houver livre circulação do contraste pelas tubas, é detectado o problema. É importante lembrar que até 15% das pacientes apresentam um “falso positivo” para alterações tubárias, em que o líquido não consegue passar para as tubas no local onde elas se ligam ao útero, devido à contração do músculo liso da tuba, impedindo a passagem do contraste. Se isso acontece, podemos confirmar com outro exame ou, idealmente, com a videolaparoscopia com cromotubagem. As contrações tubárias geram, normalmente, obstruções proximais (perto da cavidade endometrial, na inserção das tubas).
A HSG pode indicar alterações das tubas, mas não os motivos. Nesse casos, podem ser necessários outros exames como pesquisa de endometriose, Chlamydia trachomatis IgG, histeroscopia ou laparoscopia para investigar e possivelmente corrigir o problema.
A partir dos resultados, é possível programar algum tratamento ou indicar tratamentos de reprodução assistida, como a fertilização in vitro.
Muitas mulheres relatam ter engravidado após a HSG. Isso era mais frequente no passado, quando se utilizava contraste lipossolúvel, mais denso. Este contraste podia retirar as “rolhas” dentro das tubas, desobstruindo-as em alguns casos, e algumas pacientes engravidavam após o exame. Hoje não utilizamos mais este tipo de contraste devido ao risco de alergia grave e maior dor ao exame.
Resumindo: a HSG é um exame importante na investigação da infertilidade e recomendamos que seja feito com segurança e conforto, em locais de confiança.
Formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) com residência médica em Ginecologia e Obstetrícia e em Reprodução Humana pelo Hospital das Clínicas da FMUSP. Atualmente é médico e diretor da Clínica VidaBemVinda e do LabForLife.
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