Resultado De Preventivo — Papanicolau: Entenda Mais Sobre a Colpocitologia Oncótica
Saiba como interpretar o resultado de preventivo, identificar alterações celulares e entender as principais recomendações médicas para proteger sua...
Para melhor entender a adenomiose, é preciso saber que o útero é formado por 3 camadas:
Por razões ainda pouco entendidas, algumas mulheres apresentam partes da camada glandular interna “misturadas” à camada muscular intermediária. Essa doença, que incide entre 5% e 70% das mulheres em diferentes populações, é conhecida como adenomiose (do grego, adeno quer dizer glândula, mio significa músculo e o sufixo ose se refere à doença ou condição). Portanto, a presença de glândulas endometriais no miométrio.
A adenomiose mais frequentemente acomete a parede posterior do útero. Pode ser difusa ou focal. Quando focal, pode formar nódulos dentro do miométrio, chamados de adenomiomas. Em relação à profundidade, pode ser superficial (até um terço da parede do útero) ou profunda (mais de um terço da parede uterina).
A adenomiose depende, para seu desenvolvimento e perpetuação, da presença do estrogênio, hormônio feminino. Por isso é comum sua coexistência com outras doenças estrogênio-dependentes, como miomas, endometriose, pólipos e hiperplasias endometriais.
Um terço das mulheres com adenomiose não apresentam sintomas. Dentre as que apresentam, os mais comuns são:
A influência negativa da adenomiose sobre a fertilidade pode se dar por vários mecanismos:
O diagnóstico pode ser feito pela ultrassonografia de pelve ou pela ressonância nuclear magnética de pelve, sendo esta mais precisa para mostrar as lesões. Uma alteração comum em mulheres que têm adenomiose é o aumento da zona juncional (região de transição entre o endométrio e miométrio), que aparece com baixo sinal em T2 (camada mais escura). Zona juncional acima de 8 mm está associada a adenomiose.
O melhor tratamento do ponto de vista reprodutivo ainda é motivo de muita controvérsia.
O tratamento por cirurgia (videolaparoscopia, principalmente) ou por ablação com ultrassonografia de alta frequência (HIFU) só é possível para lesões focais tipo nodulares, os adenomiomas.
Para as lesões difusas (que são a maioria) existem relatos de uso de embolização das artérias uterinas. Seu uso, porém, pode comprometer a fertilidade futura e trazer prejuízos para a reserva de óvulos e para a receptividade endometrial.
Por essas razões, o tratamento clínico por períodos de 3 a 6 meses ainda é o mais indicado. Pode-se lançar mão de agonistas do GnRH (Lupron, Zoladex, Gonapeptyl), inibidores de aromatase, danazol e sistemas intrauterinos medicados com levonorgestrel (DIU com hormônio, Mirena®). Esses métodos não permitem gestação em vigência de seu uso.
O propósito desses tratamentos seria o de induzir uma remissão temporária da doença, para aumentar as chances de gestação espontânea após sua suspensão (o que é raro) ou melhorar as condições para implantação do embrião após reprodução assistida, já que pacientes com adenomiose têm chances de gestação 28% menores após fertilização in vitro do que pacientes sem adenomiose.
Formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) com residência médica em Ginecologia e Obstetrícia e em Reprodução Humana pelo Hospital das Clínicas da FMUSP. Atualmente é médico e diretor da Clínica VidaBemVinda e do LabForLife.
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