Receptividade Endometrial: O Que Isso Significa?
Receptividade endometrial – entenda sua relevância para a concepção, métodos de avaliação para melhorar essa condição, aumentando as chances...
A endometriose é uma doença que acomete cerca de uma a cada 10 mulheres, o que equivale a cerca de 200 milhões de meninas e mulheres no mundo.
No Brasil, estimamos que cerca de 7 milhões de mulheres têm endometriose.
O aumento da consciência e informação acerca da enfermidade é fundamental para reduzirmos o tempo entre sintomas e diagnóstico da endometriose, que pode levar anos e anos, muitas vezes de sofrimento com dores e infertilidade. Alguns estudos apontam para uma demora no diagnóstico de 7 a 10 anos!
Vou discutir aqui as principais dúvidas que as pacientes me perguntam na prática clínica diária. Espero que seja útil para você!
Endometriose é uma doença inflamatória crônica que afeta exclusivamente mulheres, principalmente em idade fértil, ou seja, entre a menarca (1ª menstruação na vida) e menopausa (última menstruação na vida). Ela ocorre quando o endométrio – tecido que reveste a cavidade uterina internamente – é encontrado fora do útero. Os locais mais comuns da endometriose são na pelve, incluindo os ovários, tubas uterinas, ligamentos uterinos, peritônio (camada que reveste os órgãos abdominais), bexiga e intestino. Além disso, a endometriose pode acometer outras regiões, como abdome superior, tórax e pele.
Os focos de endometriose crescem e causam inflamação, cicatrizando e formando aderências, em muitos casos. Assim como o endométrio tópico (dentro do útero), esses focos respondem aos hormônios naturalmente produzidos pelos ovários, como o estradiol (um tipo de estrogênio). Não sabemos exatamente por que algumas mulheres têm muito mais dor do que outras, independente do tamanho e número de lesões. É interessante pensar que esses implantes de endometriose podem sangrar, como na menstruação, e não escapam pelo útero durante o fluxo menstrual, causando pequenos sangramentos diretamente na superfície dos órgãos pélvicos. Essa situação é inflamatória e pode gerar dores, os sintomas mais típicos da doença.
Existem diversas teorias que tentam explicar a origem da endometriose. E, como tudo que tem muitas hipóteses, nenhuma abarca todas as explicações. Uma das principais é a Teoria de Sampsom, ou teoria da menstruação retrógrada: o fluxo menstrual desce pelo colo do útero e vagina, mas uma parte acaba voltando pelas tubas uterinas, levando sangue e células de endométrio para o interior do abdome. Essas células podem se implantar nos órgãos adjacentes e, sob estímulo hormonal (ovulação), podem crescer e gerar focos de endometriose. Vale entender que praticamente 100% das mulheres têm menstruação retrógrada, mas nem todas têm endometriose. Aliàs, é a minoria. E isso ocorre, possivelmente, devido a alterações imunológicas que aumentam o risco de desenvolver a doença.
Outras teorias incluem a metaplasia celômica e alterações genéticas. Um estudo do NIH (National Institute of Health), publicado em 2013, ratifica a importância do risco genético. Por exemplo: uma mulher com uma partente de 1° grau afetada pela endometriose tem um risco 7 vezes maior de ter a doença do que aquela que não tem familiar acometida.
Algumas mulheres com endometriose têm poucos ou nenhum sintoma. Por outro lado, a maioria das mulheres têm dores importantes e outros sintomas, incluindo:
– Cólicas menstruais
– Dores durante e após relação sexual
– Dores abdominais e lombares fora do período menstrual
– Dor ou dificuldade para evacuar ou urinar durante o período menstrual
– Sangramento intestinal ou urinário durante o período menstrual
– Dificuldade para engravidar
Para saber se você tem endometriose, é fundamental que primeiramente você converse com seu ginecologista. Fale sobre seus sintomas, explique o que lhe incomoda, se tem cólicas menstruais, qual é a intensidade e frequência, se tem dor na relação sexual, se está tentando engravidar (ou planejando). Se for necessário, procure ou peça indicação de um especialista em endometriose, de preferência algum médico que também tenha um cuidado com a fertilidade, para evitar riscos em relação à reserva ovariana, especialmente nos casos de endometrioma.
Muitas vezes, o ultrassom transvaginal pode detectar alterações sugestivas da doença. O melhor ultrassom é aquele com preparo intestinal, o que aumenta a sensibilidade do exame. A ressonância magnética também é excelente para identificar a endometriose.
Porém, vale ressaltar que o diagnóstico de certeza é através da laparoscopia com biópsia das lesões suspeitas. Na própria cirurgia, ao olhar as lesões, conseguimos determinar se é ou não endometriose. Algumas características são bem típicas, como pontos escuros e arroxeados no peritônio, cisto de conteúdo “achocolatado” (endometrioma), nódulos endurecidos com aderências, lesões em “queimadura de cigarro”, entre outros.
Quando for decidir sobre a melhor estratégia terapêutica, é fundamental definir qual é o objetivo primário: melhorar qualidade de vida ao aliviar sintomas ou aumentar a fertilidade. Em muitos casos, ambos vêm juntos. Exemplo: uma paciente que fez fertilização in vitro (FIV) mas não engravidou e está tendo cólicas menstruais intensas.
Precisamos sempre colocar na balança os riscos e benefícios de cada conduta. E quando o assunto é endometriose e fertilidade, isso não é tão simples. Se você está tentando engravidar, mas tem endometrioma no ovário e uma baixa reserva de óvulos, talvez não seja interessante operar, mesmo se tiver dores. A FIV pode ser uma opção mais eficiente para alcançar a gravidez mais rápido, podendo ser feita a cirurgia no futuro.
Opções de tratamento:
– Clínico: medicamentos que bloqueiam a ovulação ou reduzem a ação dos hormônios sobre os focos de endometriose, reduzindo o crescimento das lesões. Exemplos: pílulas anticoncepcionais combinadas ou apenas com progestagênios, anel vaginal (Nuvaring), patchs transdérmicos (Evra), análogos do GnRH, progestagênios (Allurene), Mirena, entre outros. São métodos adequados para mulheres que não têm contraindicação e que não estão tentando engravidar.
– Cirúrgico: a laparoscopia tradicional ou a cirurgia robótica permite a retirada dos implantes de endometriose e lise de aderências, restituindo a anatomia e função pélvica, muitas vezes melhorando a fertilidade. Alguns estudos sugerem aumento na chance de engravidar naturalmente após a cirurgia, principalmente em estádios iniciais da doença (ASRM I e II).
Na maioria das vezes, sim. Isso ocorre pois ela pode alterar a anatomia e mobilidade das tubas uterinas, diminuir a produção e qualidade dos óvulos, alterar a fase lútea (após ovulação) e afetar o próprio endométrio tópico, reduzindo a chance de implantação do embrião. Porém, essas alterações não são tão claras e podem não ser presentes em todas as mulheres, sendo que muitas mulheres com endometriose acabam engravidando facilmente.
Ou seja, ter endometriose não é sinônimo de ter dificuldade para engravidar. Mas nunca se deve negligenciar a doença, que pode progredir se não for bem cuidada.
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Por Dr. Renato Bussadori Tomioka
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