Embriões de 3 pais

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O parlamento da Grã- Bretanha decidiu no mês de fevereiro de 2015, com 382 votos a favor, por permitir terapia genética para impedir que sejam transmitidas às crianças uma herança sabidamente relacionada à mitocôndria.

A mitocôndria é uma organela citoplasmática responsável por fornecer energia às células. E toda herança mitocondrial é de origem materna, ou seja, proveniente do óvulo. Cada mitocôndria tem seu próprio genoma, com 37 genes.

Alterações genéticas mitocondriais que levam a doenças ocorrem em 1 a cada 5 mil pessoas. Nos EUA, cerca de 4000 nascimentos por ano apresentam doenças mitocondriais.

A técnica conhecida por fertilização in vitro de 3 pessoas ou por substituição mitocondrial, pode ser feita de 2 formas:

 – transferência do pró-núcleo, que consiste na retirada do núcleo gerado logo após a fertilização in vitro, que se encontra no interior da célula com as mitocôndrias alteradas e transplantá-lo no citoplasma do oócito doado, sem o núcleo, cujas mitocôndrias são normais.

Em um artigo publicado em maio de 2010, o desenvolvimento embrionário desta nova célula ocorreu adequadamente até o estágio de blastocisto (5º dia de vida embrionária), livre das mitocôndrias alteradas! Essa técnica vem sendo aprimorada por cientistas da Universidade de Newcastle, desde o início de 2000.

 – a outra técnica, mais estudada nos EUA desde 1990, consiste em retirar o núcleo do óvulo da mulher que possui a doença mitocondrial e injetar dentro do óvulos, sem o núcleo, de uma mulher com mitocôndrias normais. Lembrando que no núcleo do óvulo se encontra a metade da carga genética que irá compor o embrião. Esta nova célula será fertilizada, pelo espermatozoide, que contém a outra metade da carga genética. Porém, esta técnica ainda não está regulamentada por não haver dados conclusivos com embriões humanos.

Mesmo sendo o primeiro passo para permissão legal e ética  em se aplicar a técnica,  é um grande passo na ciência reprodutiva, que devolve a esperança de filhos saudáveis para casais que sabidamente teriam filhos que morreriam precocemente ou com doenças graves, geralmente ligadas ao sistema muscular ou neurológico. Mais um passo para a Medicina Reprodutiva, com importante impacto para a saúde da humanidade.

Dra. Larissa

Por Dra. Larissa Matsumoto

Formada pela Faculdade de Medicina da UNICAMP, realizou Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia pelo Centro de Atenção Integral à Mulher (CAISM) da UNICAMP. Possui título de especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela TEGO, concedido pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). Atualmente, é pós-graduanda pela Faculdade de Medicina da UNICAMP e médica na Clínica VidaBemVinda.

31 de mar de 2015
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