Receptividade Endometrial: O Que Isso Significa?
Receptividade endometrial – entenda sua relevância para a concepção, métodos de avaliação para melhorar essa condição, aumentando as chances...
Como é feito o processo de criopreservação de gametas e embriões?
A criopreservação é feita em basicamente 3 etapas: adição de crioprotetores, congelamento (lento ou ultrarrápido) e armazenamento em tanques de nitrogênio líquido. A primeira etapa tem a importante função de evitar a formação de cristais de gelo no interior dos espermatozoides, óvulos ou embriões. Na segunda etapa, a vitrificação (ultrarrápida) é a técnica mais utilizada atualmente, garantindo altas taxas de sobrevivência. Pequenos dispositivos onde ficam as células ou embriões são colocados em contato direto com o nitrogênio líquido (sistema aberto), permitindo altas velocidades de resfriamento. Os gametas e embriões são então identificados e armazenados em pequenas palhetas, permanecendo em tanques de nitrogênio líquido por tempo indeterminado.
Que material é usado para manter a temperatura baixa nos locais onde os materiais são armazenados?
Nitrogênio líquido, que mantém uma temperatura de 196oC negativos, permitindo bloquear a atividade metabólica das células.
Esse processo leva outro nome?
É conhecido também como vitrificação ou congelamento de gametas e embriões.
Óvulos, sêmen e embriões pedem temperaturas diferentes?
Não. Todos são preservados a 196oC negativos.
Por quanto tempo cada uma dessas estruturas pode ficar congelada?
Não há tempo limite. Há casos de bebês nascidos a partir de óvulos e espermatozoides permanecidos por mais de 20 anos congelados.
Antes do processo de congelamento, é preciso preparar os gametas de alguma forma? E os embriões?
Sim. O sêmen deve ser processado para separar os espermatozoides de restos celulares e plasma seminal. Recebem então substâncias protetoras que evitam a formação de cristais de gelo no interior das células, chamados crioprotetores, além de protegê-los durante o descongelamento para o uso.
Os óvulos devem ser desnudados, processo em que as células do ovário são retiradas com uma micropipeta ao redor de cada óvulo. Recebem então os crioprotetores.
Os embriões também são preparados com crioprotetores antes da vitrificação.
Todas os gametas e embriões são devidamente identificados antes de serem criopreservados.
No caso do sêmen, ele é congelado por inteiro, ou apenas os espermatozoides?
Há algumas técnicas de preparo pré-congelamento, sendo que em alguns laboratórios o sêmen é congelado por inteiro, em pequenas alíquotas distribuídas em diversas palhetas. Quando há coleta de espermatozoides diretamente do testículo ou epidídimo, como em casos de doenças que levam à infertilidade e vasectomia, apenas os gametas são congelados .
O material coletado é selecionado de alguma forma antes de ser congelado?
Em alguns casos realiza-se o processamento seminal para congelar os espermatozoides mais móveis, já que o congelamento reduz em cerca de 50% a motilidade.
Como é feito o descongelamento? É preciso alguma técnica em especial?
Hoje em dia existem diversos protocolos de descongelamento. Habitualmente, o sêmen é descongelado a 37oC durante alguns minutos. Existem trabalhos científicos que demonstraram aumento em cerca de 23% da motilidade dos espermatozoides após descongelamento quando se utiliza temperatura de 40oC, sendo o descongelamento mais rápido.
Pode ocorrer alguma modificação nos óvulos, esperma ou embriões mesmo que congelados? Ou todos são reaproveitáveis?
Os espermatozoides perdem cerca de 50% da motilidade (movimentação) após o descongelamento. Os óvulos podem ter o citoplasma (interior) lesado, perder a integridade da membrana plasmática e até alterações na zona pelúcida (camada externa gelatinosa). As taxas de sobrevivência com o descongelamento são de 80 a 95%. Os embriões podem perder células neste processo, reduzindo a qualidade se perderem mais de 50% das células quando foram congelados. As taxas de sobrevivência são de 90 a 95%.
Normalmente os óvulos e esperma são fruto de doações?
Sim. Em algumas situações, os gametas doados são resultados de congelamentos após tratamento de Reprodução Assistida, em que os gametas não utilizados são criopreservados para uso futuro ou doação.
No caso de uma mulher que queira congelar seus óvulos para ser mãe mais tarde, qual a melhor idade para esses óvulos devem ser retirados?
Não existe a idade ideal para a preservação da fertilidade feminina com o congelamento de óvulos. Porém, quanto mais cedo, melhor, já que a quantidade e qualidade dos óvulos são maiores quanto mais jovem a mulher.
Para os homens, vale a pena congelar o sêmen com o mesmo fim que as mulheres o fazem?
A fertilidade masculina sofre muito menos com a idade do que a feminina. Isso acontece porque o homem produz espermatozoides diariamente, ao contrário da mulher que já nasce com um número de óvulos que se reduz ao longo da vida. Assim, o congelamento seminal com fins sociais (por não ter parceira ou não desejar ter filhos no momento) não é usual. Já em outras situações como antes de ser submetido a tratamento oncológico como quimio/radioterapia, congelar sêmen pode uma estratégia inteligente, como o congelamento de óvulos na mulher.
Em que casos os embriões são colocados na criopreservação?
Há um limite do número de embriões transferidos, de acordo com a idade da mulher. Portanto, os embriões excedentes devem ser criopreservados. Outra situação importante é quando se tem o risco de síndrome de hiperestimulação ovariana, em que a gestação perpetua a síndrome. Nestes casos, os embriões são congelados para serem transferidos num próximo ciclo, em que os níveis hormonais estão normais, não havendo risco para a mulher. Outras situações incluem: endométrio inadequado durante a fertilização in vitro, programação da gestação no futuro (ex.: casal vai viajar e deseja tentar engravidar após alguns meses ou anos). Ainda, quando se deseja realizar biópsias dos embriões para análise genética, podemos congelar para formar um número maior de embriões, permitindo a biópsia de uma única vez em todos os embriões a serem analisados.
Para quem quer criopreservar embriões ou óvulos, é cobrada uma taxa e valores de acordo com o tempo em que o material ficará congelado? Como isso funciona?
É cobrada mensalidade, semestralidade ou anuidade, dependendo do laboratório. Além disso, no ato do congelamento, normalmente se cobra uma taxa única, que pode variar de acordo com o número de amostras (sêmen), óvulos ou embriões.
Quais os valores médios para esse procedimento?
Os valores das anuidades podem variar de 1000 a 2000 reais.
E no caso de gametas criopreservados para doação, é cobrada uma taxa de algum lugar para a manutenção desse material?
Normalmente os próprios laboratórios arcam com os custos. Porém, caso a doação não seja combinada previamente à fertilização in vitro, como nos casos em que houve mais óvulos do que se esperava, os custos são do casal.
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