Sabemos que a endometriose está relacionada à infertilidade, sendo cerca de 5 vezes mais comum na mulheres inférteis do que na população em geral.
No entanto, há alguns enganos comuns relacionados à endometriose, e é preciso que as mulheres se atentem para eles e evitem informações desencontradas.
- Cenário simplificado: geralmente, um cenário muito simplificado da relação entre endometriose e infertilidade é oferecido às pacientes. Elas sabem que, inicialmente, a doenças pode comprometer as tubas uterinas, dificultando a captura e fertilização do óvulo na trompa e que, quanto mais grave é a endometriose, menor será a capacidade de fertilização. Essa simplificação acaba, muitas vezes, por servir para justificar a realização de diversas cirurgias desnecessárias sem aumento da chance de gravidez em mulheres assintomáticas. É importante ressaltar que a endometriose está relacionada a diversas etapas da função reprodutiva: transporte tubário, fertilização, implantação, além de outros potenciais com a qualidade dos óvulos.
- Esterilidade: mesmo a endometriose leve pode comprometer a capacidade reprodutiva da mulher, mas ela de forma alguma deixa a paciente definitivamente estéril.
- Disfunções ou doenças anatômicas: quando comparadas a mulheres da mesma idade que não sofrem da condição, as que a apresentam de forma moderada têm cerca de três a quatro vezes menos chances de engravidar. Isso porque a endometriose reduz, de fato, o potencial de fertilização dos óvulos, e também leva muitas das mulheres a rejeitar o embrião (falha de implantação).
- Visita ao ginecologista: alguns estudos mostram que o tempo entre o aparecimento dos primeiros sinais e sintomas da endometriose até o diagnóstico é, em média, de 4 a 7 anos! E isso acontece mesmo em mulheres que fazem consultas de rotina com o ginecologista. Muitas mulheres acreditam que ter cólicas menstruais é inevitável e “normal”. Isso também ajuda a postergar o diagnóstico e tratamento adequado. A visita ao ginecologista é fundamental, sendo o primeiro passo para uma boa saúde feminina. Mas é importante que a mulher faça dessa rotina algo eficaz, dizendo quando tem dor durante as relações, cólicas menstruais, alterações intestinais e urinárias cíclicas ou mesmo dor pélvica. Isso pode alertar o médico a investigar de forma mais direcionada e encaminhar ao especialista em endometriose quando julgar necessário.
O tratamento da endometriose deve ser planejado individualmente. O que vale para uma paciente pode não valer para outra com a mesma idade.
A cirurgia laparoscópica pode contribuir para o aumento da fertilidade, mas isso também depende do grau de acometimento da doença. Se após a cirurgia a paciente não engravidar, ela deve considerar outros tratamentos.
É possível encontrar mulheres abaixo de 35 anos que conseguem engravidar depois de cirurgia ou inseminação intrauterina (inseminação artificial). Mas especialistas defendem que elas têm sucesso não por causa dos procedimentos, mas apesar deles.
Já as mais novas, com menos de 30 anos, e também com endometriose, no geral apresentam chance de 30% a 40% de engravidar em até três anos. No entanto, “a avaliação criteriosa de cada mulher deve ser feita para evitar diagnósticos incompletos e perda de tempo”, ressalta Dra. Fernanda Imperial, ginecologista da VidaBemVinda.
Muitas pacientes com endometriose que desejam engravidar são submetida à FIV, porque é a técnica com maiores taxas de gravidez e que não necessita das tubas uterinas (normalmente acometidas pela endometriose) para o sucesso.
Para aquelas pacientes com endometriose ovariana (endometriomas), a FIV acaba sendo a 1a opção em relação à cirurgia muitas vezes para não reduzir a reserva ovariana, o que diminuiria a quantidade de óvulos e potencial reprodutivo.
O sonho de aumentar a família não precisa ser interrompido pela descoberta da endometriose. O acompanhamento especializado conduz a paciente a um novo universo de informação, repleto de possibilidades e oportunidade para engravidar.