Gravidez Trans: Quando é Preciso Recorrer à Reprodução Assistida?

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A nova resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), que saiu em 2021, colocou pela primeira vez, de maneira explícita, a possibilidade de conduzir tratamentos de reprodução assistida em pessoas trans.

Isso não significa que isso começou a ser feito no ano da emissão. Os procedimentos já estavam disponíveis para a população LGBTQIA+, mas explicitar isso em uma norma técnica que regulariza os tratamentos de reprodução assistida, é uma vitória.

Continue a leitura do artigo para entender:

  • se pessoas trans podem engravidar naturalmente;
  • quando pessoas trans precisam recorrer às técnicas de reprodução assistida para ter uma gravidez;
  • orientações para pessoas transgêneras que irão realizar um tratamento para engravidar; 
  • os tratamentos que podem viabilizar uma gravidez trans.

Pessoas trans podem engravidar naturalmente?

Nem todo casal composto por uma pessoa trans precisa passar por um tratamento para engravidar. Homens transgêneros que não passaram pela cirurgia de  redesignação de gênero, ou seja, ainda têm vagina e útero, podem ter uma gestação naturalmente, desde que

  • interrompa o uso do hormônio por determinado tempo;
  • esteja em uma relação com um homem cis ou com uma parceira que tem pênis e esteja confortável para praticar a penetração.

Quando pessoas trans precisam recorrer à reprodução assistida para ter uma gravidez?

Em alguns casos, pessoas transgêneras precisam contar com as técnicas de reprodução assistida para realizar o sonho de ter um filho. São eles:

  • preservação de fertilidade — congelar óvulos e espermatozoides é importante para quem vai começar o tratamento hormonal ou fazer a cirurgia de redesignação de gênero;
  • utilização de óvulos congelados, se tiver realizado esse procedimento;
  • casais em que as duas pessoas têm pênis ou ambas têm vagina;
  • quando o homem trans não está confortável para gestar — é possível, ainda, participar do processo de gravidez compartilhada utilizando óvulos próprios  e recorrer a um útero de substituição ou o útero da parceira.

Orientações para pessoas transgêneras que vão realizar um tratamento para engravidar

Tanto quem quer engravidar naturalmente quanto as pessoas que desejam ou precisam do apoio da reprodução assistida é preciso seguir algumas orientações.

Quem faz o uso de hormônios, seja estrogênio ou testosterona, precisa interrompê-lo. Isso porque a testosterona atrapalha o processo de ovulação e, durante uma gestação, pode chegar ao feto e causar uma masculinização excessiva ou, ainda, masculinizar um feto do sexo feminino.

No caso de mulheres trans que usam o estrogênio, o hormônio pode reduzir a qualidade e quantidade de espermatozoides, então, dependendo dos resultados da análise espermática, é possível que o especialista em reprodução humana solicite a interrupção temporária do tratamento hormonal. 

O uso da testosterona a longo prazo não prejudica a qualidade e quantidade de óvulos, então não necessariamente os homens trans precisam fazer o congelamento de óvulos. Já o estrogênio pode, sim, prejudicar a produção de espermatozoides, então, para mulheres transgêneras, é interessante congelar os espermatozoides. 

Mulheres trans que querem ter filhos biológicos podem ter seus espermatozóides coletados para a realização de tratamentos de reprodução assistida com óvulos do parceiro ou parceira, além de poder recorrer à ovodoação e ao útero de substituição, caso queira ser mãe solo

Conhecendo os tratamentos que podem a viabilizar gravidez trans

Como você já viu, nem sempre os tratamentos de reprodução assistida serão necessários para uma gravidez trans, mas é importante conversar com um especialista para entender cada caso individualmente. Contudo, vamos explicar as principais técnicas para a população LGBTQIA+. 

Congelamento de espermatozoides

O congelamento de espermatozoides é uma técnica que promove a preservação da fertilidade. Ela é importante para mulheres transgêneras que irão passar pela hormonização, pois o estrogênio pode reduzir a qualidade espermática, como foi dito no tópico anterior. 

Esse procedimento é relativamente simples, constituído pela coleta dos espermatozóides através da masturbação, e manutenção dos mesmos congelados a 196 ºC, em nitrogênio líquido. A amostra pode ser utilizada após mais de 20 anos da realização do procedimento.

Fertilização in vitro (FIV)

A fertilização in vitro, também conhecida como FIV, é um procedimento bastante complexo. Nele, a união do óvulo com o espermatozoide ocorre em laboratório, portanto, é preciso realizar a coleta dos gametas. 

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Dra. Carolina

Por Dra. Carolina Rebello

27 de fev de 2023
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