Sabemos que o ciclo menstrual regular é fundamental para a concepção natural. Mas afinal, como ele funciona?
O ciclo menstrual é um período em que ocorre o desenvolvimento e liberação de um óvulo maduro para ser fertilizado por um espermatozoide na tuba uterina, enquanto o endométrio (camada mais interna do útero) é preparado pelos hormônios produzidos nos ovários, para receber e nutrir o embrião formado após a fecundação. Os hormônios liberados pelo hipotálamo (sistema nervoso central), hipófise (glândula próxima ao cérebro) e ovários devem estar em perfeito equilíbrio para ocorrer a gravidez.
O início do ciclo menstrual é marcado pela menstruação. É comum a mulher notar um sangramento escuro, em “borra de café”, no primeiro dia e, logo em seguida, o fluxo mais intenso. O sangramento pode durar até 7 dias e o volume não passa de 80 mL. O intervalo do ciclo é de 25 a 35 dias. Se você tem alterações nesses valores, é interessante investigar com seu ginecologista se há algum distúrbio para ser tratado, como adenomiose, pólipo endometrial ou mioma.
Podemos dividir o ciclo em 3 fases, de acordo com os padrões dos ovários, endométrio e hormônios, respectivamente:
1) Fase folicular, proliferativa ou estrogênica:
Quando? 1º ao 13º dia, em mulheres com ciclos de 28 dias.
A hipófise secreta FSH (hormônio folículo estimulante), que estimula o desenvolvimento de um folículo ovariano, uma pequena estrutura de células que contém líquido e um óvulo no interior. Assim, o folículo cresce até cerca de 2 cm e responde produzindo estradiol, que faz o endométrio crescer e produz as mudanças do muco cervical, assemelhando-se a clara de ovo crua. Isso facilita a entrada dos espermatozoides, mantendo-os vivos e móveis para subir em direção ao óvulo.
2) Fase ovulatória
Quando? Cerca de 14 dias antes do início do próximo ciclo.
Quando o estradiol produzido pelo folículo dominante sobe, a hipófise secreta LH (hormônio luteinizante), promove o rompimento do folículo, liberando o óvulo maduro, que fica próximo à superfície do ovário. Esta é a ovulação. A partir daí, a tuba uterina entra em ação: as fímbrias, delicadas projeções que parecem tentáculos, ajudam o óvulo a entrar no interior da tuba, local onde os espermatozoides devem chegar para ocorrer a fertilização (fecundação). A chance de engravidar é maior quando o casal tem relações sexuais pouco antes ou durante a ovulação. Para determinar esse período, calcule quantos dias dura o seu ciclo e subtraia 14 dias. Esse é o provável dia da sua ovulação. Assim, uma mulher com ciclos de 28 dias deve ovular no 14º dia; aquelas com ciclos de 30 dias devem ovular por volta do 16º dia. E lembre-se: os dias mais férteis são os seis que antecedem a ovulação, e não depois dela.
3) Fase lútea, secretória ou progestagênica
Quando? 15º ao 28º dia, em mulheres com ciclos de 28 dias.
Após a ovulação, o folículo dominante sofre uma série de alterações, formando o corpo lúteo. Ele tem esse nome devido à cor amarela (luteum em latim). O corpo lúteo produz a progesterona, hormônio fundamental para preparar o endométrio e deixá-lo receptivo ao embrião que deve chegar nos próximos dias.
Quando não ocorre a formação do embrião, não ocorre a implantação no endométrio e o corpo lúteo para de produzir a progesterona, fazendo com que o endométrio descame junto com sangue. Esta é a menstruação, um sinal de que não houve gravidez e que o ciclo menstrual está regular.
Quando a mulher engravida, dois eventos são fundamentais:
Quando o casal tem relações no período fértil, os espermatozoides passam pelo colo do útero com a ajuda do muco cervical, “nadando” em direção às tubas uterinas, onde devem encontrar o óvulo liberado pelo folículo dominante. No sêmen ejaculado, existem milhões de espermatozoides, mas muitos não sobrevivem no trajeto e algumas centenas chegam ao óvulo, sendo que apenas um penetra a zona pelúcida (camada externa) e faz a fertilização. O interessante é que esse período é muito curto, pois o óvulo tem apenas 24 horas para ser fertilizado após a ovulação.
Após a fertilização, o embrião é formado e a tuba deve transportá-lo ao endométrio. Neste trajeto que dura 5 dias, o embrião se divide em várias células e chega ao útero numa fase conhecida como blastocisto, quando infiltra o endométrio e começa a produzir as células que vão formar a placenta. Estas células produzem o βhCG (gonadotrofina coriônica humana), que pode ser detectado por testes de gravidez. Este hormônio mantém o corpo lúteo produzindo a progesterona, que ajuda a manter a gestação.
Percebemos então que a concepção não é tão fácil como imaginamos e cerca de 15% dos casais podem ter dificuldades para engravidar naturalmente. Às vezes, uma avaliação de um especialista com orientação para os dias mais férteis é o suficiente para a mulher engravidar.
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