Baixa reserva de óvulos: por que acontece?
A mulher nasce com um número pré-determinado de óvulos. Assim, aos 5 meses de gestação, o feto do sexo feminino possui cerca de 7 milhões de óvulos. Ao nascer, esse número se aproxima de 1 a 2 milhões e na puberdade chega a 400 mil. Durante a vida reprodutiva, ao longo de cada ciclo menstrual são perdidos cerca de 1.000 óvulos (eles sofrem atresia, um tipo de morte celular). Isso independe de ter ou não ocorrido a ovulação, gestação ou uso de medicamentos que evitem a ovulação, como por exemplo, pílula anticoncepcional. Dessa forma, ao final de cerca de 400 ciclos, restam poucos óvulos e a mulher entra na menopausa.
Ao analisarmos os dados acima, fica fácil entender que o principal fator associado ao tamanho do estoque de óvulos remanescente (reserva ovariana) é a idade.
Algumas mulheres podem perder mais rapidamente seu estoque de óvulos. Por exemplo, cirurgias ovarianas, doença inflamatória pélvica (doença sexualmente transmissível), tratamentos para o câncer, tabagismo e fatores hereditários, como idade precoce da menopausa da mãe, aumentam a velocidade de perda da reserva ovariana. Ter hábitos de vida saudáveis e praticar exercícios físicos regulamente, por outro lado, podem influenciar positivamente na longevidade reprodutiva.
É importante tentar estabelecer com está esse estoque. Para isso lançamos mão de alguns exames de avaliação da reserva ovariana. Essa avaliação vai nos dar um norte em termos de:
- aconselhar casais a antecipar os planos de gestação ou congelar embriões;
- aconselhar mulheres solteiras a congelar óvulos;
- estabelecer o melhor protocolo de estimulação da ovulação para mulheres que irão realizar tratamentos de reprodução assistida;
- estabelecer o prognóstico (chance de o tratamento der certo).
Quando e como avaliar a reserva de óvulos?
Não existe uma regra para dosagem e controle dos exames de reserva ovariana, mas, em geral, orientamos que sejam colhidos anualmente (check-up da fertilidade) a partir dos 30 anos de idade. Idealmente, deve-se estar há 3 meses sem uso de contraceptivos hormonais (pílula, injeção, adesivo, anel vaginal) para se fazer a avaliação.
Os principais exames para avaliar a reserva ovariana são:
FSH – O hormônio folículo estimulante determina o crescimento e amadurecimento dos folículos ovarianos. Sua produção é regulada por hormônios produzidos nos ovários, como o Estradiol e a Inibina B. Quanto maior a presença desses dois hormônios, menores são os níveis de FSH. Com a idade avançada da mulher, a concentração sanguínea de FSH aumenta, pois o número de folículos se reduzem e a produção de estradiol e Inibina B também caem, o que leva ao aumento do FSH. A dosagem deste hormônio dá uma ideia da reserva ovariana, mas pode oscilar em mulheres com baixa reserva ovariana, o que pode confundir algumas pacientes.
Como é feito? Exame de sangue.
Quando colher? Início do ciclo menstrual, 2º ou 3º dia.
Qual resultado considerar normal? FSH < 8,9 UI/L (sempre acompanhado de dosagem de estradiol, que deve estar <60 pg/mL).
AMH – hormônio antimülleriano. O AMH é produzido pelas células da granulosa dos folículos ovarianos. Quanto maior o número dos folículos no ovário, maior a reserva ovariana e concentração sanguínea de AMH. Este hormônio, diferente do FSH, não sofre variação expressiva dentro do ciclo menstrual e é um exame com melhor acurácia (chance de acerto).
Como é feito? Exame de sangue.
Quando colher? Qualquer fase do ciclo menstrual.
Qual resultado considerar normal? Existem curvas de normalidade para cada idade. Como regra geral, AMH < 1,2 ng/dL denota baixa reserva ovariana.
Contagem de Folículos Antrais (CFA) – São visualizados e contados os folículos com diâmetro de 2 a 10 mm presentes em cada ovário. O resultado final é a soma dos dois ovários.
Como é feito? Ultrassonografia transvaginal.
Quando fazer? Início do ciclo menstrual, 2º ou 3º dia.
Qual resultado considerar normal? Existem curvas de normalidade para cada idade. Como regra geral, contagem de folículos antrais abaixo de 8 denota baixa reserva ovariana.