Receptividade Endometrial: O Que Isso Significa?
Receptividade endometrial – entenda sua relevância para a concepção, métodos de avaliação para melhorar essa condição, aumentando as chances...
Muitos são os motivos para adiar uma gestação – a busca pela estabilidade financeira, a pós-graduação, o curso no exterior, a promoção no trabalho, instabilidade amorosa, início tardio de uma vida a dois. Homens e mulheres estão tomando essa difícil decisão cada vez mais tarde, aumentando o número de consultas sobre preservação de fertilidade ou preocupação com reserva ovariana, queda de fertilidade e as complicações para o bebê e a mãe com a idade materna e paterna acima dos 40 anos.
O último censo demográfico de 2016 feito pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e estatística) mostrou que a proporção de registro de nascidos vivos com mães entre 30 e 34 anos aumentou de 12,4 % em 2001 para 18,1 % em 2011, com queda da taxa de fecundidade total, mantida em torno de 1,7 filhos na região sudeste desde 2010, ou seja, as pessoas estão engravidando mais tarde e tendo menos filhos!
Com o avanço nas técnicas de reprodução assistida, alguns fatores de infertilidade que acontecem por conta da idade – baixa reserva ovariana e perda de qualidade seminal, podem ser melhorados, mas nunca chegaremos à qualidade de 10 anos atrás.
Homens e mulheres diminuem seu potencial de fertilidade com o passar dos anos. Homens sofrem menos, mas também há uma queda da qualidade seminal, principalmente após os 45 anos. Já para as mulheres, a queda ocorre a partir dos 35 anos, com queda acentuada após os 37 anos.
Algumas medidas podem ser feitas para reduzir os danos causados pela idade – atividade física regular, dieta balanceada, cessar tabagismo. Mas caso vocês pensem em adiar uma gestação, vale a pena uma consulta com especialista para conversar sobre preservação de fertilidade e evitar transtornos futuros.
As mulheres já nascem com uma quantidade de óvulos e já na primeira menstruação essa quantidade de óvulos disponíveis fica em torno de 300 mil. Em cada ciclo menstrual, 1000 óvulos são perdidos para que um se desenvolva na ovulação. Após os 45 anos, poucos óvulos ainda podem ser viáveis. Ao redor dos 51 anos – média de idade da menopausa nas mulheres brasileiras, já não existem mais óvulos.
Com exames hormonais – FSH, LH e estradiol, colhidos no segundo ou terceiro dia da menstruação, hormônio antimulleriano (AMH) e exame de imagem – ultrassonografia transvaginal para contagem de folículos antrais, idealmente realizada no início do ciclo menstrual.
Se você pensa em engravidar após os 35 anos, provavelmente sim! Os casos precisam ser analisados individualmente.
Outras situações podem exigir atenção redobrada: histórico de menopausa precoce na família ou portador de X frágil.
Como o futuro é incerto, mesmo com uma vida a dois estável, talvez valha a pena congelar óvulos. Com o passar dos anos pode ser tarde demais.
Os homens não são tão afetados como as mulheres em relação a quantidade de gametas, mas podem ser afetados em relação a qualidade, principalmente acima dos 45 anos. Outras situações como tabagismo, sedentarismo, uso de drogas ilícitas, obesidade, mau controle de doença crônica como diabetes, podem também alterar a quantidade e qualidade seminal.
O congelamento de sêmen também pode ser realizado se não houver perspectiva de gestação a curto ou médio prazo.
Mulheres, não adiem por tanto tempo a gestação. É bem possível que a situação ótima que você tanto espera não chegue nos próximos anos. Faça seus exames preventivos periodicamente, e por que não incluir a avaliação da reserva ovariana? Aos 30 anos já vale a pena analisar. Ou se realmente quiser adiar a maternidade, preserve sua fertilidade. Hábitos saudáveis são ótimos para a fertilidade e bem estar.
Homens, não adiem por tanto tempo uma gestação. Faça uma visita ao urologista e realizem um espermograma. Alguns casos evoluem com queda progressiva da quantidade e qualidade seminal e podem ser prevenidos com o congelamento de sêmen.
Tenham uma vida saudável. Faz bem para a fertilidade e para a vida.
É tempo de retornar. E retomar aquilo que realmente importa. Não deixe para depois. Converse com seu médico.
Por Dra. Fernanda Imperial Carneiro Liez
Especialista em Ginecologia e Obstetrícia. Formada pela Faculdade de Medicina do ABC. Fez residência médica em Ginecologia e Obstetrícia no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Especialização em Reprodução Humana no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC-FMUSP).
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