Inseminação Caseira: Entenda os Riscos
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Os óvulos ou embriões humanos podem ficar indefinidamente congelados sem perder o seu potencial para o desenvolvimento normal?
Você sabe como funciona o congelamento de embriões e óvulos? Os óvulos ou embriões humanos podem ficar indefinidamente congelados sem perder o seu potencial para uma futura gestação?
Essa é uma dúvida muito frequente entre as pessoas que serão submetidas a preservação de fertilidade ou a um tratamento de reprodução assistida .
Neste artigo, vamos falar um pouco sobre os processos de congelamento de embriões e óvulos e quais são as nossas limitações atuais.
Em 1776, Spallanzani, conseguiu paralisar os espermatozóides com temperaturas subzeros, e descongelá-las, com alguma vitalidade. Esse foi o primeiro processo de congelamento e descongelamento de gametas. Na década de 40, foi descrito o primeiro descongelamento seminal, mantido por 40 dias com sinais de vitalidade.
As primeiras células reprodutivas a serem testadas no congelamento e descongelamento foram os espermatozóides, pois eram pequenos, com pouco citoplasma, e a facilidade em observar a motilidade, uma das formas de avaliar a vitalidade, e o sucesso do processo.
Quando a água congela, pequenos cristais de gelo são formados, e quanto maior o citoplasma, maior a quantidade de líquido em seu interior, e maior o risco de formação de cristais durante o congelamento. Portanto, congelar células grandes, com grande citoplasma, sem danificá-las é um desafio. É o que acontece com os óvulos.
Esse desafio foi parcialmente vencido com a adição de crioprotetores. As células eram banhadas com essas substâncias “anti-congelamento” antes do seu congelamento. Assim, a temperatura era baixada pouco a pouco, o fluido crioprotetor era resfriado e os efeitos deletérios foram reduzidos.
Possibilitando a sobrevivência de óvulos e de embriões (que possuem várias células) ao descongelamento.
O uso de crioprotetores possibilitou que com a técnica de congelamento lento (slow freezing) embriões fossem congelados e descongelados, na década de 70. E o primeiro caso descrito de embrião congelado que resultou em gestação foram embriões bovinos. Os primeiros humanos nascidos vivos, pela técnica de congelamento embrionário, ocorreu na década de 80.
O primeiro nascimento com óvulos congelados ocorreu em 1986. O congelamento de óvulos, só passou a ser viável, com melhores taxas de sobrevivência, após a criação de um crioprotetor pelos japoneses, Cryotop.
Essa foi a técnica utilizada por décadas (nos últimos anos a técnica vem sendo substituída pela vitrificação ou congelamento ultrarrápido).
A vitrificação é um processo, que garante melhores taxas de sobrevivência para óvulos e embriões. Com taxas de sobrevivência de óvulos, em média de 84%, e de embriões, em blastocistos de 94-96%.
Agora, que já sabemos que é possível realizar o congelamento com o menor dano possível às células, a pergunta é: por quanto tempo elas podem ficar congeladas?
Essa resposta ainda é indefinida, porém os métodos mais seguros de armazenamento que não variem a temperatura e previnam forças mecânicas atuando sobre as amostras precisam surgir. Um embrião congelado por 24 anos resultou em gravidez. Não há um tempo máximo de manutenção de óvulos e embriões a serem mantidos congelados.
E será que o tempo de congelamento pode causar alguma interferência no resultado do tratamento?
Num estudo chinês de 2014, envolvendo mais de 3367 embriões, não foi encontrada diferença entre a taxa de sobrevivência ao descongelamento, de gravidez, implantação, de nascidos vivos e peso ao nascimento, em relação ao tempo de congelamento dos embriões (de 12 meses até mais de 48 meses).
Sendo assim, hoje acreditamos que o tempo congelado não influencia as taxas de sobrevivência no resultado do tratamento.
A maior influência na taxa de sobrevivência decorre da técnica utilizada para congelamento e descongelamento.
Taxa de Implantação por embrião de acordo com o tempo de congelamento
Hoje utilizamos o congelamento de óvulos para: preservação social da fertilidade, congelamento de óvulos excedentes de um tratamento de FIV, congelamento de óvulos em tratamentos de ovodoação/ recepção de óvulos.
Quais as vantagens do congelamento de embriões?
Hoje, estima-se que o congelamento de embriões de um tratamento de FIV, globalmente seja maior que 60%, devido a algumas vantagens:
A gestação com embriões congelados, é segura do ponto de vista clínico, quando comparada com embriões a fresco nos mostra menor risco de trabalho de parto prematuro, e baixo peso ao nascimento. Porém tem se correlacionado com maiores risco de bebês grandes para a idade gestacional. Além de não aumentar risco de malformações ou aborto. De forma geral, aumenta a chance de gravidez.
No entanto, uma questão preocupante hoje, são os embriões ‘abandonados’, nos EUA, estima-se que haja mais de 1,5 milhões de embriões abandonados nos laboratórios de FIV.
Após o congelamento dos embriões, para que ocorra a transferência dos embriões é necessário um preparo do endométrio. Para saber mais sobre como funciona este tratamento, acesse o artigo: Dicas de Saúde — Cuidados Após Transferência de Embriões.
Referências:
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