Inseminação Caseira: Entenda os Riscos
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Na maior parte das vezes, a consulta de Reprodução Humana é para investigação de infertilidade, ou seja, dificuldade de engravidar. Mas nem sempre é por isso. Alguns casos são de pacientes que engravidam facilmente, mas a gestação não evolui. Quando isso acontece três vezes ou mais, chamamos de aborto de repetição. Mas a partir dois abortos, segundo a ASRM (American Society for Reproductive Medicine) idealmente devemos investigar.
Nem sempre o que é bom para a maior parte dos casos pode servir para você.
A chance de ter um aborto espontâneo antes das 12 semanas é de 15-20%. A maioria dos abortos espontâneos, independentemente de se repetirem ou não, são devidos a anormalidades cromossômicas, e na maior parte das vezes se deve a uma chance aleatória (no processo de desenvolvimento embrionário) ou idade materna avançada. Mas quando isso acontece repetidas vezes, temos que investigar outras causas.
O aborto de repetição pode acontecer em 1-3 % dos casais. Em cerca de 50% dos casos, a perda gestacional é inexplicada, mesmo após a investigação. Mas tempos uma boa notícia: duas em cada três mulheres com acompanhamento adequado tem uma gestação bem sucedida nesses casos.
Com isso, algumas causas podem ser diagnosticadas e outras geralmente podem ser causas difíceis de comprovar, principalmente durante o período gestacional, em que a coagulabilidade fica alterada, podendo também alterar os exames. Idealmente, a pesquisa deve ser realizada fora do período gestacional.
As causas mais comuns entre os abortos de repetição e possíveis tratamentos são:
Quando um dos cônjuges ou os dois possuem alguma alteração de cariótipo. Com isso formam-se embriões alterados. E depende muito do tipo de alteração no cariótipo dos pais para saber a probabilidade de embriões alterados e possíveis riscos. A consulta com um geneticista é válida nesse caso. Na maior parte das vezes, a fertilização in vitro com análise genética do embrião pode aumentar a chance de sucesso, principalmente diminuindo o estresse causado por um novo abortamento.
Cerca de 5% dos casais com aborto habitual possuem alguma alteração cromossômica.
Como principal causa, está a SAF – Síndrome do Anticorpo antifosfolípide, presente em até 20% dos casos. Trata-se de uma patologia que aumenta o risco de trombose dos vasos placentários. O tratamento com aspirina e heparina de baixo peso molecular em associação podem ser benéficos nesses casos.
Alterações de tireoide – presença de anticorpos antitireoidianos também podem aumentar a chance de aborto, sendo a prednisona indicada em alguns casos, mesmo com função da tireoide normal.
As alterações podem ser congênitas como malformações mullerinanas – útero septado, bicorno, unicorno ou ainda adquiridas como sinéquias uterinas devido a múltiplas curetagens ou pólipos e mioma submucoso, que comprometem o endométrio – local de implantação embrionária.
O tratamento para essas alterações pode ser cirúrgico e melhora a chance de uma posterior gestação.
Outra alteração que pode ser diagnosticada é a incompetência istmo cervical, mas geralmente os abortos que ocorrem por essa alteração são mais tardios – acima de 12 semanas, com dilatação sem dor e feto normal. Procedimentos cirúrgicos como conização do colo uterino também pode aumentar a chance de ter um colo incompetente.
O tratamento para essa alteração é a circlagem de colo uterino, que é feita preferencialmente entre 12 a 16 semanas de gestação, após ultrassonografia morfológica de primeiro trimestre e marcadores bioquímicos normais.
Alterações em alguns exames – proteína S, proteína C, fator V de Leiden, mutação da protrombina e antitrombina podem predispor a um aumento de risco de trombose, devendo ser tratada conforme histórico da paciente, histórico de trombose anterior com heparina de baixo peso molecular.
Diabetes mau controlada e hiperprolactinemia por exemplo, podem levar a abortos de repetição, assim como hábitos como tabagismo, etilismo ou outras condições como obesidade. Um estilo de vida saudável e tratamento da doença de base aumentam as chances de sucesso de uma gestação.
Controverso na investigação de aborto habitual. Mas , quando presente no sangue periférico acima de 12%, pode ser tratado com imunoglobulina endovenosa, dependendo do histórico da paciente.
A presença de antígenos paternos permite que o sistema imune materno reconheça o feto como um estranho, podendo combate-lo. Em alguns estudos, a infusão de linfócitos paternos poderia melhorar essa condição.
O aumento da fragmentação de DNA espermático pode aumentar a chance de perda gestacional. Um exame específico e tratamento adequado com antioxidantes e mudança de estilo de vida podem ser úteis. A consulta com urologista é importante para detectar essas alterações.
Mesmo após a investigação, se não forem encontrados fatores significativos para tratamento dos abortos de repetição, não desamine. A maior parte das mulheres tem sucesso em gestações posteriores, mesmo com dois ou três abortos.
Por Dra. Fernanda Imperial Carneiro Liez
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