Receptividade Endometrial: O Que Isso Significa?
Receptividade endometrial – entenda sua relevância para a concepção, métodos de avaliação para melhorar essa condição, aumentando as chances...
A prevalência do tabagismo em mulheres na idade fértil varia entre 10 a 30% nos países ocidentais. Nos EUA, 15,4% das mulheres entre 25-44 anos fumam, e 21,9% dos homens (dados de janeiro de 2014). (1)
No Brasil, embora haja uma queda substancial de 1989, segundo o IBGE, 34,5% da população era tabagista, e, em 2013, segundo dados da Vigitel, 11,3% da população ainda fumam. (2)
O cigarro contém mais 4 mil substâncias tóxicas, sendo mais de 40 delas, comprovadamente associadas ao câncer. Já sabemos da associação direta entre o cânceres de pulmão e de vias respiratórias, das doenças respiratórias como asma, DPOC, do risco cardiológico, e de osteoporose.
Mas, para a mulher tabagista, em idade fértil, há riscos associados que podem influenciar na fertilidade, reduzindo as taxas de fecundidade, e menores taxas de sucesso no tratamento de infertilidade. (3)
O risco de uma paciente tabagista ser infértil varia de 60% a 127%, este último quando há um consumo de mais de 20 cigarros/dia.
Já são informações clássicas que o tabagismo antecede a menopausa, em pelo menos 2 anos nos casos de tabagismo leve. Mulheres tabagistas têm FSH basal mais elevado e níveis mais baixos de hormônio anti-mulleriano, isso porque substâncias como hidrocarbonos, nitrosaminas, metais pesados, nicotina e aminas aromáticas estariam relacionadas a redução do número e do desenvolvimento folicular em todos os estágios da foliculogênese. Há a redução de 35% do crescimento folicular, em cultura, quando há exposição a uma dosagem de benzopireno compatível com uma mulher tabagista de 15 cigarros/dia. (3)
Como sabemos, o cigarro contém diversos oxidantes que induzem o estresse oxidativo intra- folicular, levando a menores taxas de oócitos captados, menores taxas de maturação oocitária e menores taxas de fertilização.
Além disso, há associação comprovada entre o tabagismo, menores taxas de maturação oocitária, e, maiores taxas de aneuploidias, que seriam alterações numéricas dos cromossomos de um óvulo. (3)
Em relação á gravidez, em um estudo observacional realizado com 385.000 mulheres norte-americanas, correlacionou com maiores risco de baixo peso ao nascer, prematuridade, nas pacientes que fumavam, aumentando a morbi-mortalidade fetal. (4)
Estudo recente do programa Tabacco Control, mostrou que mesmo as pacientes que se expõe passivamente ao cigarro têem um risco de até 26% maior de infertilidade, e em média, entram na menopausa 21,7 meses que as mulheres que não se expõe ao cigarro, este estudo fora realizado com cerca de 80 mil mulheres. (5)
Existem estudos em animais que comprovam uma pior reserva ovariana e menopausa precoce quando há exposição aos hidrocarbonetos, do cigarro, intra-útero. Em humanos, os dados ainda são inconclusivos, porém a exposição intra-útero as substância do cigarro reduzem a idade em que essas mulheres entram em menopausa. (6)
Um estudo recente, dosou uma substância, cotinina, um marcador de exposição ao tabaco, em pacientes tabagistas passivas, e correlacionou com maior tempo até a gravidez, e menor reserva ovariana.
Para você que fuma, informação como as acima podem ser um incentivo a mais dos motivos para parar. Dados animadores comprovam a eficácia do aconselhamento sobre os hábitos deletérios à fertilidade, e , após orientação adequada, as taxas de tabagismo caíram para 1% e 11,1%, respectivamente, no período pré concepcional e no pré-natal. (4)
Visto que, o tabagismo prejudica não apenas às que fumam, mas podem influenciar no futuro reprodutivo das filhas das tabagistas, e, até de suas vizinhas, vamos nos manter longe do cigarro, e longe da fumaça dele, para uma boa saúde reprodutiva.
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1- Smorking and Infertility : 2012 Practice ComitteFertil Steril 2012; 98: 1400-6
2- www.brasil.gov.br – Cigarro mata mais de 5 milhões de pessoas Segundo OMS
3- Effects of cigarette smoking on reproduction; Dechanet C, et al. Human Reprod update vol 17, 76-95, 2011
4- Maternal and Smoking among woman with and without use of assisted reproductive technologies, Tong VT, et al; J Womens Helath 2016 May 31
5- Associations between lifetime tabacco exposure with infertility and age at natural menopause: the Women’s Health Initiative Observational Study; Tab Control doi: 10, 1136/tabaccocontrol-2015-052510
6- The association between in útero cigarette smoke exposure and age at menopause, Strhsnitter WC, et al. Am J Epidemol, 2008, Mar 15, 727-33
Formada pela Faculdade de Medicina da UNICAMP, realizou Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia pelo Centro de Atenção Integral à Mulher (CAISM) da UNICAMP. Possui título de especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela TEGO, concedido pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). Atualmente, é pós-graduanda pela Faculdade de Medicina da UNICAMP e médica na Clínica VidaBemVinda.
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