Vasectomia e laqueadura: é possível reverter?

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Algumas vezes na vida tomamos decisões que parecem ser a solução ideal para aquele momento. Há inúmeros casos de escolhas que são definitivas, por isso, é importante pensar, avaliar e tomar uma decisão com cautela.

No caso da vasectomia e laqueadura não é diferente: é uma decisão de suma importância e que tem que ser criteriosamente estudada para não haver risco de arrependimento posterior. Muitas pessoas chegam ao consultório médico pedindo para reverter a vasectomia ou a laqueadura. Não é incomum isso acontecer.

Ao tomar essa decisão, esteja completamente certo de seus motivos e razões para tal procedimento. Os pacientes chegam com muita esperança de ter sua vasectomia e laqueadura revertidas, mas é possível fazer isso? A resposta aliviada é sim, há como reverter vasectomia e a laqueadura. Mas, os procedimentos para tais casos são mais complexos do que se imagina.

O aparelho reprodutor masculino

O aparelho reprodutor masculino é formado por: testículos, epidídimos, canais deferentes, vesículas seminais, próstata, glândulas bulbo-uretrais, bolsa testicular e pênis. Os testículos têm a função de “berço” dos espermatozoides, é onde eles serão produzidos, além de serem responsáveis pela produção da testosterona, hormônio sexual masculino. Nos epidídimos é onde os espermatozoides são armazenados e onde ganham motilidade para chegarem ao óvulo.

Os canais deferentes são aqueles que ligam o esperma ao exterior do organismo, é o meio que o sêmen tem para sair do corpo humano. Já as vesículas seminais são os produtores do líquido que juntando com o espermatozoide se transforma em sêmen. A próstata tem a função de neutralizar a acidez da urina e dar impulsionamento aos espermatozoides.

As glândulas bulbo-uretrais lubrificam o pênis no ato sexual, e mais importante, limpam o canal pelo qual o sêmen passará. A bolsa testicular que fica na parte externa desse aparelho genital é onde se encontram os testículos e tem a função de proteger os mesmos. E por último, o pênis que é por onde passa a uretra, trajeto final do sêmen na ejaculação.

Como uma máquina perfeita, o aparelho reprodutor masculino trabalha em sintonia para que a reprodução humana ocorra com sucesso.

A vasectomia

Agora que já sabemos como funciona o aparelho reprodutor masculino fica muito mais fácil entender o processo de uma vasectomia. Por meio de cirurgia, os canais deferentes são ligados, descontinuados, evitando a passagem dos espermatozoides para o líquido seminal. Ou seja, o volume do sêmen é igual, porém não contém mais espermatozoides. Esse processo é feito com o corte e ligadura ou cauterização das extremidades dos dois canais deferentes. Vale lembrar que a vasectomia não influencia na quantidade de esperma, na ereção e na libido masculina.

Procedimentos para reverter vasectomia

Com vários estudos e pesquisas, os procedimentos atuais para reversão da vasectomia são mais eficientes. Ficando no hospital apenas até o efeito da anestesia passar, o paciente tem maior mobilidade e facilidade para executar o procedimento, muitas vezes tendo alta no mesmo dia da cirurgia. É fundamental que a cirurgia seja feita com auxílio de microscópio, já que essa técnica aumenta a chance de sucesso, devido à delicadeza dos pontos nos ductos deferentes.

Fatores que impactam no sucesso da reversão de vasectomia

A chance de a reversão da vasectomia ter sucesso depende da concentração e motilidade dos espermatozoides após a cirurgia. O urologista solicita um novo espermograma cerca de 3 a 6 meses após o procedimento. No geral, quanto maior o tempo de vasectomia, menores são as chances de sucesso. Os melhores resultados ocorrem em homens que fizeram vasectomia há menos de 7 anos. Outro ponto importantíssimo é a idade da mulher e a reserva ovariana, bem como a qualidade das tubas uterinas. Se a esposa tem idade reprodutiva avançada ou baixa reserva de óvulos ou as tubas não funcionam normalmente, reverter a vasectomia muitas vezes não é inteligente nem eficiente. Nesses casos, a Fertilização in vitro é o mais indicado.

O aparelho reprodutor feminino

O sistema reprodutor feminino é composto por: vagina, útero, trompas de Falópio ou tubas uterinas e ovários. A função do útero é receber e acolher o embrião formado na tuba uterina, começando o processo de desenvolvimento e crescimento do embrião. As tubas têm como principal responsabilidade encaminhar o óvulo fecundado para o útero, o que dará início à gravidez ou se reverterá em menstruação juntamente ao endométrio, caso o embrião não faça a implantação no útero.

São nas tubas uterinas que os óvulos são fecundados. Os ovários são o local onde são armazenados os óvulos e ocorre a produção dos hormônios femininos: estrogênio e progesterona. A vagina, por sua vez, é a ligação externa aos órgãos internos do aparelho reprodutor feminino, é onde os espermatozoides são depositados para ascenderem ao útero e tubas, na tentativa de fertilizarem o óvulo liberado na ovulação.

A laqueadura

Na laqueadura, as tubas uterinas são “amarradas” para que não haja esse trânsito de espermatozoides e fertilização dos óvulos. No geral, a laqueadura impede a passagem dos espermatozoides que não conseguem ir de encontro ao óvulo e fertilizá-lo. Da mesma forma que a vasectomia, a laqueadura não impede ou interfere na libido feminina. Algumas mulheres passam a ter ciclos menstruais de padrões diferentes ao que tinham antes da laqueadura, o que decorre da alteração da vascularização ovariana, que fica muito próxima dos vasos que circundam as tubas.

Procedimentos para reverter laqueadura

Atualmente, com o advento da cirugia laparoscópica e robótica, a reversão da laqueadura se tornou menos agressiva e mais eficaz que antigamente. A paciente pode operar num dia e ter alta no outro, às vezes até no mesmo dia. Por meio de sistemas de câmera com resolução full HD e visão 3D (no caso da robótica e alguns sets de laparoscopias), o cirurgião retira a porção ligada e sutura os cotos tubários com fios super delicados, para evitar uma fibrose local.

Fatores que impactam no sucesso da reversão de laqueadura

Os principais pontos para indicar a cirurgia e ter uma boa taxa de gravidez são a idade da mulher,  a qualidade do sêmen do parceiro e a quantidade dos óvulos, tendo em vista que a mulher já nasce com eles, não havendo produção diária como o espermatozoide. Além da quantidade, talvez o mais importante seja a qualidade: os óvulos envelhecem junto com a mulher, aumentando o risco de malformações e abortamento. As taxas de sucesso são maiores em mulheres com menos de 35 anos com boa reserva ovariana. Tecnicamente, o modo que foi feita a laqueadura também impacta na chance de sucesso na reversão: quanto maior o coto distal (parte que sobra de tuba), melhor a chance de dar certo. Quando se retira as fímbrias (parte que “captura” o óvulo), a reversão não é eficaz. No geral, quando bem indicada, a reversão da laqueadura gera taxas de gravidez em torno de 60%.

Preparação para as cirurgias

Os exames que devem ser feitos para reverter a vasectomia e a laqueadura são iguais aos de qualquer outra cirurgia com o uso de anestésicos. Um médico especializado pedirá exames como: hemograma, provas de coagulação sanguínea, radiografia de tórax, eletrocardiograma, glicemia e outros, e no consultório fará outros exames mais específicos para lhe dar a autorização chamada risco cirúrgico para a operação. Todos os pacientes devem passar por esse especialista antes de qualquer cirurgia, isso, é de tremenda importância para evitar complicações durante a cirurgia.

Os processos de vasectomia e laqueadura necessitam de bons argumentos e certezas para serem feitos, assim como os procedimentos para reverter vasectomia e reverter laqueadura. A reversão também é uma coisa séria a ser pensada com cautela, principalmente nas taxas de gravidez de acordo com o perfil de cada casal. A hora certa e um bom procedimento podem levar a um sucesso reprodutivo. Converse com o seu médico sobre as condições e soluções.

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Dra. Larissa

Por Dra. Larissa Matsumoto

17 de mar de 2016
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