Gestação independente: qual a melhor forma?

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A decisão de ter um filho de forma independente não é fácil. Cuidar de um filho demanda tempo, dinheiro, carinho, dedicação. É preciso adaptar-se a essa mudança da rotina. Ter apoio familiar e de amigos pode facilitar nessa mudança. E o suporte psicológico pode também ajudar. Após a decisão, surge a dúvida: quais as possibilidades de tratamento para gestação independente?

A forma mais utilizada pelas mulheres é a inseminação intrauterina com sêmen de doador. A fertilização in vitro também pode ser feita, com melhores chances de sucesso, porém mais dispendiosa. Outra alternativa para as que desejam gestar é o tratamento com embriões doados.

A primeira etapa consiste em uma consulta com o especialista, que após checar os exames, pode definir qual o melhor procedimento para você. Mesmo que não tenha uma causa de infertilidade conhecida, vale a pena investigar!

Os exames solicitados incluem sorologias, exames hormonais, vitaminas. Para uma melhor chance, idealmente temos que ter todos os exames em ordem, corrigir as alterações, como vitamina D, que está relacionada com a implantação. A avaliação da reserva ovariana por meio de dosagem hormonal, antimulleriano ou contagem de folículos antrais também deve ser levada em consideração para indicação do procedimento, uma vez que o tempo é importante para mulheres com baixa reserva.

O exame imprescindível para indicação da técnica que será utilizada é a histerossalpingografia. Este exame avalia a permeabilidade tubárea e cavidade uterina, sendo muito importante para indicação de baixa complexidade (inseminação intrauterina) porque precisamos das tubas uterinas normais ou alta complexidade (FIV), que não depende das tubas uterinas.

Assim, com exames feitos e com a história da paciente, podemos decidir qual o melhor procedimento para cada caso e definir taxas de sucesso de acordo com as patologias e idade.

Na inseminação intrauterina e FIV, a escolha do sêmen deve ser feita antes do procedimento, e adquirido em bancos nacionais ou internacionais. No Brasil, a doação é anônima e altruísta. O doador precisa ter entre 18 a 45 anos, ser saudável, exames sorológicos normais, não ter doenças genéticas ou congênitas na família. O doador também precisa comparecer pelo menos seis vezes no banco de sêmen, por isso a dificuldade do número de amostras no Brasil.

Os bancos geralmente fornecem características físicas – altura, peso, etnia, cor dos olhos, cabelo, outras informações como profissão, hobbies e até mais sofisticadas como fotos de infância, voz – já em bancos internacionais, que possuem mais amostras, mais informações e maior qualidade seminal em determinados casos.

Após a escolha do sêmen, pode-se iniciar o procedimento indicado pelo seu médico.

A inseminação consiste em indução da ovulação por meio de medicação via oral (letrozol, citrato de clomifeno) ou gonadotrofinas injetáveis. O acompanhamento ultrassonográfico é essencial para avaliar o crescimento folicular e a quantidade de folículos, evitando a hiperestimulação ovariana e gestação múltipla. Após 36 horas da última medicação injetável para liberar o óvulo- o hCG, pode ser feita a inseminação com sêmen previamente escolhido e já preparado na cavidade uterina.

É comum sentir um leve desconforto pélvico pelo volume do sêmen injetado e passagem do cateter pelo orifício interno, mas bem tolerável. Após procedimento, a paciente permanece em repouso por 20 minutos e após cinco dias do hcG o suporte de fase lútea – progesterona via vaginal ou oral.

A chance da inseminação é em torno de 15%. Isso porque o encontro do óvulo com espermatozoide, a fertilização e a volta desse embrião pela tuba uterina deverá ocorrer naturalmente.

Já para a fertilização é feita a estimulação dos ovários com gonadotrofinas, captação dos óvulos, que requer sedação e fertilização dos óvulos pelo sêmen doado pela equipe de embriologia. Esses óvulos fertilizados ficam em meio de cultura e são avaliados no dia seguinte a taxa de fertilização e fertilização normal e morfologia embrionária e velocidade de divisão das células até o terceiro ou quinto dia, dia em que ocorre a transferência. Após a formação do embrião, é feita a transferência por meio de um cateter fino, na maior parte dos casos não precisa de anestesia e o embrião já é colocado no endométrio. Em alguns casos, faz-se necessário aguardar um ou dois ciclos para transferir esses embriões, para diminuir o risco de hiperestímulo grave e aumentar a chance de implantação com o retorno dos hormônios a níveis fisiológicos.

A chance da fertilização é em torno de 50% para mulheres até 35 anos.

O tratamento com embrião doado requer preparo endometrial e transferência do embrião. Chance de sucesso em torno de 50%, dependendo da qualidade embrionária.

Assim, se você tem desejo de ter um filho, converse com um especialista sobre as possibilidades no seu caso. Lembre-se que é possível e vale a pena tentar!

 

Dra. Cynthia Duarte

Por Dra. Cynthia Duarte

27 de out de 2017
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