A inserção da mulher no mercado de trabalho e o acesso à universidade e aos estudos de maneira geral têm contribuído para postergar a gravidez de muitos casais.
Essa característica sociológica do século XXI, por outro lado, contribui para o aumento de casos de infertilidade, uma doença que é definida após 12 meses de tentativas sem sucesso de engravidar. É importante lembrar que para mulheres com mais de 35 anos, vale a pena iniciar a investigação diagnóstica após 6 meses de tentativas e, para mulheres com 40 anos ou mais, iniciar imediatamente.
Para lidar com o problema que atinge entre 10% a 15% dos casais, há alguns especialistas que podem ser consultados.
Em primeiro lugar, se a mulher procura engravidar, é apropriado começar com uma visita ao ginecologista geral. Ele poderá pedir exames médicos gerais para fazer uma primeira avaliação e tentar detectar possíveis barreiras à fertilidade.
Esse tipo de especialista pode aplicar tratamentos básicos contra infertilidade ou indicar algum especialista no assunto. Se o problema ainda não tiver sido resolvido, é recomendável procurar um profissional mais especializado no assunto.
A demora de seis meses a um ano para procurar um especialista em fertilidade é justificada com as dificuldades naturais de concepção, já que há apenas cerca de 20% de probabilidade de a mulher engravidar a cada ciclo. Este índice é válido se houver relações sexuais nos dias férteis, de forma regular. Antes ou depois desse período, as chances diminuem para até 12%. Portanto, infertilidade é muito mais do que uma ou outra simples tentativa de gravidez.
Acima dos 35 anos, porém, a mulher já se depara com a diminuição da reserva ovariana (reserva de óvulos), que é finita, e também com a qualidade dos óvulos devido ao envelhecimento. Essas características estimulam outros riscos que podem reduzir a fertilidade, como disfunções genéticas, devendo a mulher procurar um especialista depois de apenas seis meses de tentativas de engravidar.
Profissional com habilidades específicas
Um médico especialista em reprodução humana possui uma formação bem mais demorada do que a do ginecologista. Ele deve adquirir conhecimentos de ginecologia geral e endócrina, além de desenvolver habilidades para estar apto a utilizar técnicas de reprodução assistida, como inseminação intrauterina e fertilização in vitro (FIV) – aspiração de folículos e transferência de embriões.
Um especialista em genética também pode ser consultado, principalmente em casos com histórico familiar. Essa especialidade poderá analisar disfunções cromossômicas e genéticas com o intuito de evitar filhos com doenças genéticas, como distrofias musculares, hemofilias, Síndrome de Turner, Fibrose cística, entre outras.
No entanto, as mulheres não são as únicas a sofrer com a infertilidade. Em 30% dos casais que não conseguem engravidar, o homem é o único acometido, sendo que em outros 20% há uma combinação de fatores masculinos e femininos. O homem deve procurar um urologista para verificar a existência de alterações anatômicas, distúrbios hormonais e infecções.
Nesse caso, um levantamento histórico detalhado e um exame físico completo, além de um procedimento para testar o sêmen masculino, devem ser feitos, seguindo os padrões recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS):
- Volume mínimo de ejaculação de 1,5 ml;
- Concentração mínima de espermatozoides de 15 milhões/ml;
- Motilidade progressiva de pelo menos 32%;
- Morfologia normal dos espermatozoides de pelo menos 4% (morfologia estrita de Kruger).
Embora a infertilidade acometa muitos casais, há uma ampla literatura médica a favor de uma gravidez saudável, mesmo para mulheres acima dos 35 anos de idade.